O cinema de terror da década de 40 foi bastante influenciado pela Segunda Guerra Mundial. Em grande parte dos países da Europa os filmes de terror foram proibidos, e durante largos anos a produção limitava-se ao cinema americano, que mesmo assim também era em pequena quantidade.
O grande expoente do cinema de terror da década anterior tinha sido a Universal, com os famosos filmes de monstros, mas a partir de uma certa altura o estúdio começou a entrar em colapso em relação ao género, atravessando uma enorme crise criativa. As apostas nas sequelas eram constantes, filmes como "Son of Frankenstein", "Ghost of Frankenstein", "Son of Dracula", quatro filmes de "The Mummy", etc. O melhor momento desta produtora chegaria com a inclusão de mais um monstro na galeria o homem-lobo. Realizado por George Waggner em 1941, "The Wolf Man" era o melhor filme da Universal nesta década.
Se a Universal estava em crise, outros houve que aproveitaram para florescer. A RKO contratava o produtor Val Lewton para produzir uma série de filmes de horror em pequena escala, muito polidos, baseados nas sombras, sem dúvida influenciados pelo expressionismo alemão, e sugerindo o medo em vez de mostrar directamente o terror. Lewton apostava em três jovens realizadores, que pouco depois já eram nomes de respeito em Hollywood: Jacques Tourneur, Robert Wise e Mark Robson. Esta fase da RKO, que não teve mais do que quatro anos, e trouxe para a ribalta pouco mais de 10 filmes, e mesmo poucos, seriam das obras mais influentes do cinema de terror de todos os tempos. Falo de "Cat People", "I Walked With a Zombie", "Curse of the Cat People", "Isle of the Dead", "The Seventh Victim", "The Body Snatcher", entre outros...
Nesta década também havia a MGM. Logo em 1941, a produtora apostava num remake de "Dr. Jekyll and Mr. Hyde", realizado por um nome de peso, como era Victor Fleming, e com um elenco de luxo, com Spencer Tracy à cabeça, como protagonista. Mas este filme acabou por ficar aquém das expectativas.A MGM acabaria por obter melhores resultados com "The Picture of Dorian Gray", adaptação do romance de Oscar Wilde. Da Paramont chegava-nos um dos filmes mais interessantes deste período, com "The Uninvited". Pela primeira vez na história de Hollywood era abordado, num filme sério, o tema da casa assombrada, numa obra que acabaria por ser um sucesso, tanto de público, como de crítica.
Na Grã-Bretanha, como no resto da Europa, o cinema de terror era quase inexistente. Eu disse quase, porque dos estudios da Ealing, saíria um dos mais interessantes filmes de terror britânicos, de todos os tempos. "Dead of Night", uma antologia de seis contos de terror, realizados a oito mãos, por quatro dos melhores realizadores britânicos do período.
Entretanto, chegava-se ao final da década de 40. A crise por esta altura seria ainda maior, entre 1947 e 1951 só seria produzido um único filme de terror, e mesmo assim, pouco relevante. Mas os tempos eram de mudança, com a guerra já terminada, chegavam aos cinemas os chamados "film noir". Só mais tarde estes filmes seriam chamados por este nome, mas estas obras faziam lembrar bastante os filmes de Val Newton. Eram passadas nas sombras, por entre as trevas e a escuridão, os seus vilões podiam ser terríveis assassinos, e durante um certo tempo, estes filmes substituiram os normais filmes de terror. Alguns dos envolvidos no antigo cinema de terror dedicavam-se a estes filmes, como era o caso de Jacques Tourneur, que de "Cat People" e "I Walked With a Zombie", passou para "Out of the Past", uma das obras maiores do "film noir". Robert Siodmark que tinha realizado "Son of Dracula" para a Universal, passava a realizar algumas das mais interessantes obras deste novo género. E vários outros filmes eram baseados nas sombras, chegando-se a confundir com o cinema de terror: "Night Has a Thousand Eyes", "Nightmare Alley", "Sorry, Wrong Number", "Brute Force", entre muitos outros.
O tema desta semana, vai ser o cinema de terror da década de 40. Tenho para vós uma selecção de 10 filmes, espero que gostem.
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