quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Chuva Negra (Kuroi Ame) 1989


Os filmes sobre a Segunda Guerra Mundial são muitos, assim como muitos são os que tocam no bombardeamento atómico de Hiroshima e Nagasaki, em 1945. O Japão continua a ser a única vítima infeliz de um real atentado à bomba usando armas atómicas/nucleares, por isso, qualquer filme que toque neste tema fora do Japão, mereça uma revisão deste "Black Rain" para mostrar a perspectiva de quem viveu o atentado por dentro.
Baseado no romance de Masuji Ibuse, "Chuva Negra" é referido como a chuva que caiu logo depois da nuvem de cogumelo ter rebentado, por causa do conteúdo da alta radioatividade na atmosfera, o que caiu do céu foi realmente contaminado, e foi reportado em ser de cor negra. Mas o filme não é um exercício de meteorologia, mas sim, é bastante rico no drama sobre o sofrimento de todas as vítimas directas e indirectas da bomba atómica, assim como nas cicatrizes psicológicas infligidas.
Colocando o seu fulcro na personagem principal, Yasuko (Yoshiko Tanaka), que estava suficientemente perto de Hiroshima para a chuva negra cair sobre ela, fala do preconceito que todos têm sobre ela. Confrontada com a discriminação social que dificulta a sua capacidade de se casar, e pior, a necessidade de estar isolada numa pequena vila de sobreviventes da bomba atómica, fala dos horrores da guerra da pior espécie, e isto é uma parte do que cada um tem de sofrer até ao fim da sua vida. Embora a aldeia onde ela resida tenha personagens interessantes que se encorajam a uns aos outros a manter o espírito livre, há sempre uma sensação sinistra pendendo sobre este lugar, e um a um, todos os habitantes têm de enfrentar o inevitável. 
Mas nem tudo é tristeza e melancolia no filme, já que ainda há espaço para a comédia, tão necessária para elevar o humor depressivo. Mas as cenas mais poderosas são as do início. Apesar de não ter grandes efeitos especiais para recriar os eventos do dia trágico, como qualquer blockbuster americano, a sua simplicidade, trás a mensagem e imagens suficientemente fortes para nos causar impressão. Não há uma grande explosão, mas sim uma bomba solitária suficiente para causar arrepios nas infelizes vitimas, e as vítimas diretas são aqui retratadas da forma mais realista possível.
"Chuva Negra" atinge bem o objectivo de ser um filme anti-guerra nuclear, mas certamente que não será de fácil visualização. É o meu filme preferido de Imamura.

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