domingo, 6 de janeiro de 2013

A Sétima Vítima (The Seventh Victim) 1943



A história diz respeito a Mary, uma jovem de uma escola conservadora, que parte para Nova York para procurar a sua irmã mais velha, desaparecida, Jacqueline, que tem sido o seu único meio de sustento. Em Nova York, ela rapidamente descobre que a sua irmã, aparentemente, vendeu a fábrica de cosméticos (a um colega um pouco hostil) e que Jacqueline tinha casado secretamente com um homem que também a procura. Mary também conhece um estranho psiquiatra que aparentemente tratava de Jacqueline, e através dele descobre que o desaparecimento de Jacqueline está ligado à sua participação num culto satânico de adoradores do diabo. Parece que o desejo de Jacqueline para fugir do culto foi proibido, e os membros da seita tinham decretado que ela, assim como os seis anteriores membros desencantados, devem morrer por causa desta traição. E ela está sob a ameaça de se tornar a sétima vítima.
Como a maioria dos filmes produzidos por Lewton, não existem eventos sobrenaturais ou fantasmas no filme, todos os eventos são baseados em acontecimentos deste mundo. No entanto, a implausibilidade do argumento é a principal fraqueza do filme. Ao longo do filme, as personagens aparecem e os eventos ocorrem sem qualquer justificação. Muitos dos personagens, particularmente os secundários, são bizarramente exagerados por parte dos actores e actrizes que os interpretam. E o relacionamento romântico entre o marido de Jacqueline e de Mary é completamente absurdo. Além disso, o comportamento estranho do assustador psiquiatra parece um pouco deslocado.
Com todas estas falhas, é de se supor que "A Sétima Vitima" seja uma obra completamente irrecuperável e irrelevante. Mas, estranhamente, o filme tem uma qualidade assombrosa que permanece na nossa memória. Tudo isto porque esta película é formado por um conjunto de sequências brilhantes. Logo na sequência de abertura, na escola, o filme é lúgubre e claustrofóbico ao extremo. Além disso, também há a famosa sequênca do chuveiro, no qual Mary é visitada por uma personagem hostil, que é vista nas sombras por detrás da tela de chuveiro. Esta cena é totalmente convincente e está acima da sequência do chuveiro de "Psycho", de Hitchcock. Há também a cena escura que descreve os membros adoradores do culto do Diabo, tentando exercer a sua vontade sobre Jacqueline. Porque os princípios das suas crenças satânicas proibe-os de realizar actos violentos, eles tentam obrigar Jacqueline a cometer suicídio. Jacqueline quase sucumbe, mas consegue escapar, apenas para cair nas suas próprias fantasias da morte, no final do filme.
Com este conjunto de sequências acumuladas, mesmo que não se encaixam perfeitamente num todo narrativo, dão ao filme uma qualidade pertubadora. A personagem de Mary, interpretada por Kim Hunter no seu primeiro papel, é de uma virtude completa e inocência. Ela é basicamente uma Alice de olhos arregalados vagando no escuro, numa Wonderland assombrada. Muitos dos outros personagens são enfaticamente voluntariosos e cínicos, como a diretora da escola, o novo proprietário da fábrica de Jacqueline... Todos eles são criaturas de um pesadelo. Em contraste com Mary, que representa a inocência e a vitalidade da juventude e da vida, a personagem Jacqueline, representa o oposto o desespero e o desejo de morte. 
Este seria o filme de estreia de Mark Robson, que de seguida faria mais alguns para Lewton.  

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