terça-feira, 29 de setembro de 2015

Montana, Terra Proibida (Montana) 1950



Morgan Lane (Errol Flynn) é um humilde pastor de carneiros australiano que resolve dar uma reviravolta na sua vida partindo para as planícies dos Estados Unidos. No estado de Montana, destino final de Morgan, está a acontecer uma violenta batalha entre pastores de ovelhas e criadores de gado sob o comando da rica fazendeira Maria Singleton (Alexis Smith). Morgan irá tentar devolver a paz para a região, mas não será nada facil, uma vez que ele apaixona-se por Maria e terá que colocar a sua vida em risco.
"Montana" é um relativamente pequeno e anónimo Western, que não se consegue livrar de um patético final. Embora seja surpreendente que talentos como James R. Webb (Vera Cruz, The Big Country, Cape Fear) e Borden Chase (Red River, Winchester '73, Bend of the River) tenham tratado do argumento, não é de surpreender que alguns elementos importantes tenham sido retirados da versão final. E foi por causa desses minutos cortados da versão final, e dos defeitos já evidentes, que "Montana" acabou por ser um filme a passar totalmente ao lado. O próprio Raoul Walsh gravou algumas sequências, mas acabou por não ser creditato no filme.
Numa cena que é um pouco fora de vulgar, o realizador Ray Enright mostra-nos Flynn e Alexis Smith a cantar no dueto "Reckon I'm in Love", enquanto Flynn dedilha uma guitarra. Eles usam as suas vozes verdadeiras, e cantam mesmo na realidade, por isso quase que podemos chamar Flynn de "o Cowboy Cantor". Flynn tinha uma relação de amizade muito próxima com a sua co-star, Alexis Smith, tanto que tinha sido padrinho de casamento da actriz com o também actor Craig Stevens, em 1944. Já vinham a trabalhar juntos desde 1941.
Algumas fontes indicam Walsh como realizador não creditado, por isso cá está o filme.

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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Golpe de Misericórdia (Colorado Territory) 1949



No território do Colorado, o fora-da-lei Wes McQueen (Joe McCrea) foge da cadeia para fazer um assalto a um comboio, mas depois de conhecer a bela colona Julie Ann (Dorothy Mallone), ele pensa se estará na altura de organizar a sua vida. O problema é que tem uma recompensa pela sua captura de 10 mil dólares, morto ou vivo.
Raoul Walsh dirigiu "Colorado Territory" em 1949. Um western, remake do seu próprio filme de gangsters de época "High Sierra" (1941), que trouxe para o estrelato Hunphrey Bogart, num dos seus primeiros papéis de actor principal. Mais do que apenas mais um filme na história do cinema, "Colorado Territory" tornou-se num filme de culto por causa da sua combinação de Western com Film Noir (muito ajudado pelo grande contraste a preto e branco das colinas do Novo México, fotografia de Sid Hickox), e o fascinante retrato da mulher protagonista, uma das mulheres mais duras da história do cinema.
Nos anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial a Warner Bros. enfrentou um declinio nas bilheteira, relançando alguns dos filmes mais populares dos anos 30, e refazendo outros, mundando por vezes de género e de cenário. Felizmente para o público, alguém teve a feliz idéia de transformar "High Sierra" num western e contratar Raoul Walsh para fazê-lo. Os resultados foram bastante dinâmicos, com alguns críticos a considerarem que a história resultava melhor no Oeste selvagem do que no mundo do crime contemporâneo.
O melhor do filme era Virginia Mayo, no papel da dançarina Colorado, como uma cantora mestiça. Ida Lupino já tinha tido uma presença forte no filme original, mas Mayo foi muito mais dura, como se pode ver no duelo final. Walsh foi um dos poucos realizadores que soube apreciar o potencial de Mayo como actriz dramátca. O produtor independente Samuel Goldwyn tinha-a trazido poucos anos para Hollywood para trabalhar em musicais, normalmente como interesse romântico de Danny Kaye. William Wyler tinha dado uma pista do seu potencial quando a escolheu como mulher infiel de Dana Andrews em "The Best Years of Our Lives" (1946). Mas foi Walsh quem lhe deu os seus melhores papéis, por curiosidade, ambos em 1949. Neste mesmo ano ela interpretava a esposa assassina de James Cagney em "White Heat". O seu enorme talento foi tão tragicamente desperdiçado como qualquer coisa que aconteça aos personagens de "Colorado Territory".

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domingo, 27 de setembro de 2015

Fúria Sanguinária (White Heat) 1949



"Sabes o que tens de fazer?", grita Cody (James Cagney) ao seu comparsa no inicio de um audacioso assalto a um comboio; quando o tipo começa a responder, Cody interrompe-o: "Fa-lo e deixa-te de conversa!" Esta atitude frontal, de acção pura, resume o vigor dos filmes de Raoul Walsh,  que (conforme comentou certa vez Peter Lloyd) "toma o pulso a uma energia invividual" e a implanta numa "trajectória demente, e a partir daí constrói um ritmo". Poucos filmes são tão concisos, contidos e económicos nas suas narrativas como "Fúria Sanguinária".
Walsh é um realizador persistentemente linear, progressivo, cuja obra evoca o cinema mudo - como naquela emocionante cena de abertura "carro-encontra-comboio". Mas também explora as possibilidades intrigantes, complexas, da psicologia do século XX. Em serviço, Cody mata sem piscar. Uma vez trancafiado num esconderijo com o seu bando como um animal enjaulado - porque dali a pouco irá preso -, a sua psicopatologia começa a aflorar: indiferença ao sofrimento alheio, a fixação numa mãe severa, e enxaquecas terriveis que o deixam à beira da loucura.
Cody, imortalizado no prodigioso desempenho de Cagney, personifica a suprema contradição que dá cabo dos gangsters dos filmes: egotismo fantástico e sonhos de invencibilidade minados por dependências e vulnerabilidades profundamente humanas.         Por Annalee Newitz 

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sábado, 26 de setembro de 2015

Rio da Prata (Silver River) 1948



Errol Flynn na figura de um aventureiro pouco escrupuloso que, a pouco e pouco, se torna senhor de uma região de minas de prata e se apaixona pela mulher do seu melhor amigo, que envia para a morte, numa variação da história bíblica de David.
Empolgante em alguns momentos, mas de um modo geral mediano western de série B, seria a última colaboração oficial entre Flynn e Raoul Walsh. Fizeram um total de sete filmes juntos, mas Walsh já estava farto do comportamento alcoólico de Flynn, que começava a beber de manhã, e, por vezes, da parte da tarde já estava demasiado bêbado para trabalhar. Disse oficial porque Walsh não foi creditado em "Montana", realizado em 1950. Embora seja um filme menor na carreira de Walsh, segue a mesma trajetória que outras obras do realizador, para caír num conto moral desinteressante e cauteloso. É baseado num livro de Stephen Longstreet, que co-escreveu o argumento com Harriet Frank Jr.
Safa-se um bom elenco de secundários, que inclui Ann Sheridan, Thomas Mitchell, e Bruce Bennett. O filme foi mal recebido pelo público, talvez porque a personagem de Flynn não era muito simpática, e não teve o tratamento adequado do actor. Como se sabe, a atravessar problemas com o álcool.

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quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Todos Foram Valentes (Fighter Squadron) 1948

Numa base aérea americana em Inglaterra, em 1943, convivem o Sargento Dolan, que manipula todos, e o insubordinado piloto de caças Major Ed Hardin (Edmond O´Brien). Quando Ed é promovido a comandante do seu grupo deve lutar não só contra o inimigo mas também contra o rival. E a tensão vai crescendo, à medida que o dia D se aproxima.
Maravilhosa fotografia aérea em Technicolor, era uma das principais atrações da Warner Bros, e o turbulento tributo de Walsh aos heróis da força aérea, que pilotaram aviões de combate sobre a Inglaterra e França em 1943-44. Fazia parte de uma vaga de filmes Pós-Segunda Guerra Mundial que olhava para com admiração aos heróis americanos do conflito, e que incluía uma série transversal de personagens para os quais este tipo de filme ficou famoso. Há o líder do esquadrão durão, o recruta inexperiente, o personagem cómico, e, acima de tudo, o Maverick, que finalmente aprende a disciplina e se instala para ajudar a ganhar a guerra. Depois de estreado o filme, a Variety elogiou o tratamento dado por Walsh ao tema, como  "an exciting, red-blooded action feature".
Edmond O'Brien interpreta o herói, e Robert Stack o seu protegido e sucessor. Na sua autobiografia Stack contou uma história interessante, que faz parte das curiosidades de Hollywood. Walsh tinha contratado um ex-camionista moreno, que também era seu chauffeur. Graças ao encorajamento de Walsh, este homem tornou-se actor, embora neste filme tenha apenas uma linha, não sendo suficiente para aparecer nos créditos. Ele tinha mudado de nome recentemente, de Roy Fitzgerald para Rock Hudson, e mais tarde tornava-se uma lenda de Hollywood. Diz-se que Rock Hudson levou 38 takes para gravar a sua única linha de diálogo.

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quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Núpcias Trágicas (Pursued) 1947



Desde a infância, que o órfão Jeb Rand (Robert Mitchum) é atormentado por pesadelos sobre a noite em que foi adoptado por uma viúva depois do assassinato dos seus pais. Depois de se tornar herói da guerra, ele regressa para casa, decidido a casar com a irmã de criação. Mas o sombrio passado de Jeb volta, trazendo um rastro violência e vingança, para atrapalhar a felicidade do casal.
""Pursued" é filme para merecer três ou quatro longos ensaios sobre o género (o gender como sexo e como género fílmico) ou a dimensão psico-sociológica do "sonho" (não, da "memória") do protagonista interpretado por Robert Mitchum. Mitchum, no rosto, na voz e na pose, traz ao filme a ambiência noir quase ao mesmo tempo que o jogo de contrastes, o preto-muito-preto da fotografia a preto-e-branco, e toda a reversão temporal - lá está, psicanalítica ou, se preferirem, "out of the past" - que espoleta a narrativa. No entanto, "Pursued" é, antes de mais, um western, constatação imediata dada pela paisagem, que, no entanto, vai sendo traída (a constatação e a paisagem) em toda à linha à medida que entramos no trauma e nos pesadelos do nosso "herói" - e as aspas já nos estão a colocar, de novo, no território do noir. Segundo especialistas como Scorsese*, este terá sido o primeiro western noir da história do cinema, o que denuncia de imediato um traço nem sempre tido em conta no cinema de Walsh (que já tinha salientado na minha análise a "The Big Trail"): o seu grau de rigor e "competência" paredes-meias com uma "fúria" secreta pela experimentação fílmica.
Se, como diz Jacques Lourcelles, "The Big Trail" funcionava como grande documentário épico, quase metafísico, disfarçado de filme de cowboys, "Pursued" é um noir atormentado, por vezes perverso na sua indiferença moral, que usa e se deixa usar pela paisagem do western clássico. Disse atrás "fúria" para caracterizar esse Walsh secreto que procura sabotar os géneros que tanto ajudou a cristalizar. Disse-o a pensar em "The Furies" de Anthony Mann, filme que me parece claramente dever o mundo a "Pursued" - aliás, se me tivessem mostrado este filme de Walsh, sem indicação quanto ao seu realizador, eu diria estar na presença de um filme de Anthony Mann, dada a carga trágica que corre nas veias de uma família que mutila e se auto-mutila... Mas não, é mesmo um "filme de Raoul Walsh". E como ver nele a sua assinatura, o seu "toque" autoral? Arrisco - porquanto dizer que Walsh é um auteur antes ou depois de um puro metteur en scène soará a heresia em certos círculos - começar pela personagem feminina, interpretada por Teresa Wright. É certo que Walsh é um realizador predominantemente masculino, mas, talvez por isso mesmo, as suas mulheres estão muitas vezes marcadas pela mesma dose de incompreensibilidade..."
Texto do Luis Mendonça, podem ler mais aqui.

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terça-feira, 22 de setembro de 2015

Santo António, Cidade sem Lei (San Antonio) 1945



Em 1877 o rancheiro Clay Hardin é obrigado a fugir para o México depois de ser baleado, ver o seu rancho queimado e o seu gado roubado. O responsável é Roy Stuart, sócio do Hotel e Casa de Espetáculos de San Antonio, no Texas. Clay descobre provas sobre o envolvimento de Roy com os bandidos que o roubaram e agora quer regressar a San Antonio. O duelo final será num tiroteio nas ruínas do famoso Álamo.
Errol Flynn não gostava da idéia de fazer westerns, porque se considerava demasiado "britânico" e demasiado sofisticado para o género. No entanto, o actor australiano foi suficientemente convincente como herói dos westerns para entrar numa sequência de sucesso deles, entre "Dodge City" (1939) e "Rocky Mountain" (1950). O seu maior sucesso no território dos westerns foi com "Todos Morreram Calçados" (1941), também de Raoul Walsh, no papel do General Custer, mas apesar do sucesso deste filme, ele não voltaria a entrar num western até este "San António". Filmado em grande parte no rancho Calabass, da Warner Bros, o filme conta com um duelo empolgante.
Alexis Smith, uma velha amiga de Flynn, contracenava com o actor como dançarina, mas não esteve presente durante a maior parte das filmagens, primeiro por causa das suas obrigações para completar o filme The Horn Blows at Midnight (1945), depois por causa de uma misteriosa doença viral que se arrastou durante semanas. Os dois actores já tinham contracenados juntos várias vezes, e voltariam a juntar-se num outro western, "Montana" (1950).
Apesar da sua colaboração não ter sido creditada nos créditos finais do filme, Raoul Walsh realizou algumas cenas. A realização seria creditada a David Butler. O filme foi nomeado a dois Óscares, nas categorias técnicas.

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segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Três Dias de Vida (Uncertain Glory) 1944



Jean Picard (Errol Flynn) é um covarde que por causa dos seus erros, tem um encontro com a guilhotina.O detective Marcel Bonet ( Paul Lukas), pretende assistir ao encontro de Picard com o carrasco, apesar de existir uma guerra em curso. Os nazis capturaram 100 reféns franceses, e ameaçam executá-los; e assim, forçar o sabotador da resistência a se entregar. Picard finge ser o sabatador para salvar a vida de inocentes, e a sua própria.
O mais atípico dos filmes de propaganda da Segunda Guerra Mundial, de Errol Flynn. Começa como um thriller sobre um vigarista que miraculosamente escapa à guilhotina, depois transforma-se numa segunda parte de "Os Miseráveis", onde um fugitivo é caçado por um detective implacável, e termina como o último acto de "A Tale of Two Cities", de Charles Dickens, onde um ladino considera um acto nobre de redenção, salvando a vida de muitos inocentes de execução.
Surpreendentemente esta mistura funciona porque os argumentistas Laszlo Vadnay e Max Brand (baseados numa história do próprio Vadnay e Joe May)  nunca desviam a atenção do difícil relacionamento entre as personagens de Flynn e Paul Lukas (fresco do seu Óscar no filme propagandista "Watch on the Rhine").
"Uncertain Glory" é, principalmente, sobre as escolhas morais feitas por dois inimigos e a sua necessidade de manter uma mentira pela sua própria segurança, quando as coisas se tornam complicadas. Isto é, principalmente, devido à grande interpretação de Lukas, e à direcção tensa e segura de Raoul Walsh.

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domingo, 20 de setembro de 2015

Raoul Walsh - Parte II

Quando os críticos dos Cahiers du Cinema conferiam o status de "auteur" aos cinestas de Hollywood, a tendência era favorecer os realizadores mais "machos" cuja vida era tão áspera como os filmes que faziam. Raoul Walsh era o epítome da bravura, um dos chamados "mavericks" que demonstrava um vigoroso senso de aventura, dentro e fora da tela.
Ainda em adolescente, interrompeu os estudos para viajar com o seu tio de barco, acabando por se tornar cowboy no México. No Texas juntou-se a uma companhia de teatro itenerante, e finalmente chegou a Hollywood como cowboy cantor, trabalhando para D. W. Griffith em vários filmes, tanto atrás como à frente das câmeras, como por exemplo, no papel de John Wilkes Booth em "The Birth of a Nation" (1915).
Como realizador, Walsh foi um pioneiro. Ajudou a formular o protótipo do filme de gangsters com "Regeneration" (1915), além de realizar uma série de outros filmes mudos notáveis, como "The Thief of Bagdad" (1924), "What Price Glory" (1926), e "Sadie Thompson" (1928). Também deu a John Wayne uma das suas primeiras oportunidades, em "The Big Trail" (1930). Mas, os anos trinta não foram muito favoráveis a Walsh, e foi apenas quando ele se mudou para a Warner Bros., no final da década, que começaram a aparecer sinais de um estilo pessoal.
O seu forte eram os filmes de acção, preenchidos com uma energia abrasiva e uma decência brusca onde os seus heróis definiam o seu próprio código moral, num universo indiferente. Com um trio de filmes de gangsters levou o género a novos patamares: "The Roaring Twenties" (1939), "High Sierra" (1941) e "White Heat" (1949). Walsh demonstrava uma afinidade natural com actores duros como James Cagney ("Manpower" 1941), Humphrey Bogart ("They Drive by Night" 1940), e, principalmente, Errol Flynn (quem dirigiu em vários filmes). As experiências pessoais de Walsh incutiam autenticidade em westerns como "Pursued" (1947) ou "Colorado Territory" (1949).
Permaneceu um realizador activo até meados da década de 60, mas a sua carreira entrou em declínio desde que saíu da Warner, a meio da década de 50. Ao todo realizou mais de 100 filmes, numa carreira que se prolongou por 52 anos, tendo sido forçado a retirar-se em 1964, por perder a visão no já único olho que tinha.
Nesta segunda parte do ciclo, vamos pegar em Walsh no final da Segunda Guerra Mundial, e acompanhá-lo até ao início da década de 50. Falta o "Objective, Burma!", que pode ser encontrado aqui

- Uncertain Glory (1944)

- San Antonio (1945)

- Pursued (1947)

- Fighter Squadron (1948)

- Silver River (1948)

- White Heat (1949)

- Colorado Territory (1949)

- Montana (1950)

- Distant Drums (1951)

- Along the Great Divide (1951)

- Captain Horatio Hornblower (1951)

Até amanhã, e boa semana.


Escolha Mortal (The Proposition) 2005



Depois de um intenso tiroteio entre policias e um bando de Foras da lei, Charlie Burns (Guy Pearce) e o irmão Mickey são capturados pelo capitão Stanley (Ray Winstone). Tal como o irmão mais velho, Arthur (Danny Huston), eles são procurados por um crime brutal. Na tentativa de pôr um fim a um sangrento ciclo de violência, Stanley faz a Charlie uma proposta aparentemente impossível de ser aceite.
Segundo filme escrito pelo rocker australiano Nick Cave, colaborando pela segunda vez com o realizador John Hillcoat, uma reminiscência dos sangrentos westerns de Clint Eastwood, como High Plains Drifter, The Outlaw Josey Wales ou Unforgiven. Embora não chegue ao nível destes em termos de qualidade, o resultado é muito mais perturbante, porque o filme graficamente é bastante obscuro, podendo ser demasiado gráfico a espectadores não habituados a este nível de violência.
"The Proposition" recebeu excelentes críticas na sua Austrália natal, com grandes interpretações de todo o seu elenco. Era um terreno familiar para os fãs do Western, onde apenas o território onde foi filmado, o "outback" australiano, e a violência desmesurada o distinguem de outras produções saídas dos Estados Unidos nas três décadas anteriores. É um drama muito sombrio, cheio de personagens ambíguas e reviravoltas no argumento, mas tudo produzido com um requinte excepcional. A maioria das honras do filme vão para a beleza da fotografia de alta qualidade, um guarda roupa muito realista, e uma banda sonora assombrosa da autoria do próprio Nick Cave, junto com o colega de banda Warren Ellis.
Fez um longo percurso pelos festivais, tendo ganho um grande número de prémios, incluindo o Gucci Prize, em Veneza.

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sábado, 19 de setembro de 2015

O Homem de Rio Nevado (The Man From Snowy River) 1982



Jim Craig (Tom Burlinson) viveu os primeiros 18 anos nas montanhas da Austrália, na quinta do seu pai. A morte deste obriga-o a ir para as terras baixas para ganhar dinheiro suficiente para manter a quinta sob controle. Kirk Douglas interpreta dois papéis como irmãos gémeos que não se falam há anos, um dos quais era o melhor amigo de Jim e o outro é o pai da jovem que Jim quer casar. 20 anos de idade entram em erupção, apanhando Jim e Jessica no meio da tempestade.
"The Man From Snowy River", de George Miller (não é o Miller de "Mad Max") é um western à antiga, que contra com grandes interpretações, belas vistas da montanha, e uma envolvente banda sonora da autoria de Bruce Rowland, numa envolvente história sobre a entrada na idade adulta. O filme é baseado num poema de 1890, da autoria de "Banjo" Paterson, sobre a busca de um cavalo de corrida premiado que fugiu e se encontra a viver no meio dos cavalos selvagens que vivem nas montanhas, embora as questões que levanta sobre o feminismo, ecologia e libertação dos animais seja mais contemporânea do que histórica.
"The Man From Snowy River" foi o primeiro filme australiano a alcançar o primeiro lugar nas receitas de bilheteira internas, e, desde então, não perdeu nenhuma popularidade ou valor comercial, tendo dado um novo fôlego para o western. Tal como a romantização do cowboy do oeste americano, o filme traz um apelo para aqueles que procuram a liberdade, a proximidade com a natureza e o amor pela aventura, um sonho que é desejado por muitas pessoas da cidade.
Foi nomeado para o Globo de Ouro de Melhor filme estrangeiro, e ganhou o prémio de filme mais popular no festival de Montreal.

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quinta-feira, 17 de setembro de 2015

My Brilliant Career (My Brilliant Career) 1979



Início do século XX, Austrália. Sybylla (Judy Davis), uma jovem determinada, não aceita casar-se com Harry Beecham (Sam Neill), preferindo aceitar um emprego de governanta na casa de um vizinho, com quem o seu pai tem uma dívida. Apesar de amar Harry, Sybylla deseja manter a independência e perseguir o sonho de tornar-se escritora.
Primeira realização de Gillian Armstrong, e primeiro papel de protagonista para Judy Davis. A história é baseada numa novela autobiográfica de 1901, da autoria do jovem de 16 anos Miles Franklin, que documentava a tentativa de uma jovem de espírito independente em se tornar escritora.
Judy Davis está maravilhosamente viva como a excêntrica heroína que irrita a sua mãe, e deixa perplexa a sua avó rica, enquanto anda por festas e jantares e tem um caso formal. "My Brilliant Career" aproveita o melhor das deslumbrantes paisagens australianas, demonstrando a sua verdadeira beleza, levando-nos para uma viagem ao interior da Austrália.
A história em si é bastante interessante, principalmente se o espectador se colocar no contexto histórico e perceber o quão inovadora uma mulher como Sybylla teria sido no seu tempo. Também foi um filme muito importante no panorama do cinema australiano. Foi o segundo filme australiano a ser escolhido para a competição da Palma de Ouro em Cannes, além de algumas outras nomeações, como os Globos de Ouro e um Óscar pelo melhor Guarda Roupa. Embora muitos dos seus elementos chave tenham perdido a importância com o tempo, e a estrutura tradicional em três actos possa revelar-se insatisfatória para alguns, a importância global, e a beleza deste filme, não podem ser esquecidas.

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quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Piquenique em Hanging Rock (Picnic at Hanging Rock) 1975



"Uma história de fantasmas sem fantasmas, um enigma sem solução, uma intriga de repressão sexual sem sexo, o misterioso "Picnic at Hanging Rock", de Peter Weir, permanece alucinantemente elíptico.
A própria história é tão simples como enganadora: um grupo de estudantes de uma escola preparatória australiana só para raparigas faz um piquenique no deserto. Mas após uma subida delirante ao topo de uma conhecida colina, três alunas e uma professora desaparecem sem deixar rasto, avolumando-se a suspeita de que algo mais terrível do que uma simples brincadeira aconteceu naquele dia. com um agudo entendimento de que o medo do desconhecido com frequência anuncia o habitual papão, Weir recusa audaciosamente esclarecer muitos dos mistérios que permanecem no centro do seu brilhante filme. Quando uma criança reaparece, o seu espírito é um vazio total.
Tal como é descrita, a própria excursão revela-se um sonho febril ou uma alucinação, uma imagem trémula provocada pelo calor difuso do deserto, e o resto do filme goteja uma ameaça doentia, mesmo com Weir a recusar alinhar nos meios habituais de aumentar o suspense. Uma das excepções óbvias é a música electrónica de Bruce Smeaton, inquietante e fora deste mundo, sussurrando como um apelo vindo doutra dimensão." Joshua Kleine

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segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Walkabout (Walkabout) 1971



Duas crianças são abandonadas pelo pai, que pouco antes de se suicidar tenta matá-las numa região isolada do deserto australiano. À mercê do destino, e com poucos recursos para sobreviver, os dois jovens começam a ser ajudados por um aborígene, que vive sozinho no deserto para cumprir um ritual da sua tribo.
Durante muitos anos "Walkabout" de Nicolas Roeg, um filme intenso sobre os conflitos entre civilização e natureza, e da tragédia que pode resultar quando as pessoas não se conseguem comunicar, era uma espécie de filme perdido. Embora tenha sido lançado nos cinemas em 1971, para aclamação da crítica generalizada e ajudando a solidificar o status de Roeg como um dos mais importantes e inovadores realizadores britânicos, o filme esteve quase três décadas sem ter sido libertado para o mercado de vídeo.
O argumento é da autoria do dramaturgo britânico Edward Bond, que previamente tinha escrito os diálogos em inglês para "Blowup", de Michelangelo Antonioni, e é uma adaptação vagamente baseada de um livro de aventuras de James Vance Marshall, intutulado "The Children", um pseudónimo para o escritor Donald Gordon Payne. Ao contrário do livro, que começa com as duas crianças presas no interior australiano depois de um acidente de avião, o filme começa na cidade, onde Roeg, de forma rápida e eficaz estabelece o repetitivo movimento da sociedade moderna, com as suas paredes de tijolo e altos arranha céus.
Roeg, que começou a sua carreira como director de fotografia, realizador e produtor de alguns dos mais intrigantes filmes da década de setenta, incluindo "Don´t Look Now" e "The Man Who Fell to Earth", faz um belo trabalho ao transformar o interior numa personagem muito própria. A câmera precorre constantemente o deserto, encontra vida em todos os cantos e recantos. Apesar da ameaça eminente que representa para as crianças, percebemos que o deserto não um local desolado, cercado pela morte, mas sim um ambiente maravilhoso repleto de vida e vitalidade. 
"Walkabout" dá-nos um retrato competente do "outback". Belo e duro, sensual e perigoso, cheio de vida e de morte. Foi nomeado para a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1971, mas não ganhou nada.

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domingo, 13 de setembro de 2015

O "Outback" Australiano



A câmera, fixa no topo de um moinho de vento, roda 360 graus, à volta de um deserto sem limites, interrompido apenas por uma linha ferróviária e uma pequena escola. É assim o ínicio de "Wake in Fright", de Ted Kotcheff. Este filme tem uma considerável importância sobre o "outback" australiano, tanto no grande ecrã como na vida, um local para se sonhar, viver e trabalhar, de medos inomináveis, e de romances de se perder.
Cobrindo 70% da Austrália, o outback (interior) é uma zona isolada, árida e pouco povoada. A maior parte do restante continente foi denominado "the bush", mas a população vive na sua maioria nas zonas urbanas. O personagem do interior sobrevive como a principal escolha para os livros sobre a nação, poesia, pintura, curtas e longas metragens, teatro, televisão e publicidade.
Uma visão específica do outback foi desenhada na mente dos espectadores.Uma paisagem seca, dura e implacável. Paisagens desérticas de vermelho estendem-se até onde os olhos podem ver, sem água ou vegetação à vista. O sol brilha com uma intensidade implacável, oferecendo um brilho dourado num céu azul, sem nuvens. Estes são os pontos turísticos incorporados na consciência colectiva de filmes tão inquietantes como "Wake in Fright".




Foram muitos os filmes que tentaram tirar o melhor possível desta paisagem, tal como na América fizeram com o Monument Valley. Os filmes que poderão ver esta semana, relativo ao interior australiano, são os seguintes:

- Walkabout (1971), de Nicolas Roeg

- Picnic at Hanging Rock (1975), de Peter Weir

- My Brilliant Carrer (1979), de Gillian Armstrong

- The Man from Snowy River (1982), de George Miller

- The Proposition (2005), de John Hillcoat

Por hoje é tudo. Até amanhã.

sábado, 12 de setembro de 2015

Fuga Para Atenas (Escape to Athena) 1979

As desventuras de vários indivíduos que tentam a sua sorte para enriquecer ás custas dos tesouros que as ilhas gregas escondem, principalmente um conjunto de pratos de ouro com rubis incrustados. Mas a missão para encontrar estes pratos encara outros problemas. Como se desfazer das tropas que estão na cidade? Como fazer para eliminar as tropas que estão no mosteiro?
Filme pouco vulgar sobre a Segunda Guerra Mundial, filmados nas exóticas ilhas gregas, e com uma banda sonora empolgante de Lalo Schifrin, mas o realizador não conseguiu decidir sobre o tom geral do filme, e a música parece ir recolher influências a vários outros clássicos do género, como "The Guns of Navarone", “Kelly’s Heroes” e “The Great Escape”, só que misturar os três não seria boa idéia. Não é um filme tão mau como foi pintado na altura, e talvez venha a ser do agrado a fãs dos filmes sobre a Segunda Guerra Mundial.
O realizador era George Pan Cosmatos, que ficaria mais conhecido por trabalhar com Stallone, em "Rambo II" e "Cobra", tinha aqui ao seu encargo um elenco de estrelas de primeira: Telly Savalas, David Niven, Stefanie Powers, Claudia Cardinale, Richard Roundtree, Sonny Bono, Elliot Gould, e Roger Moore no papel de Nazi. "Escape to Athena" vai buscar influências óbvias a "Doze Indomáveis Patifes".

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sexta-feira, 11 de setembro de 2015

O Buraco Negro (The Black Hole) 1979

Uma nave americana numa viagem de pesquisas encontra um cientista louco que tem a sua nave estacionada à beira de um buraco negro. Um capitão louco captura-os e está determinado a levá-los para o vácuo espacial, numa viagem sem regresso.
Em 1979, na sequência do sucesso enorme de "Star Wars", a Walt Disney Pictures lançou uma aventura no espaço chamada "The Black Hole", realizado por Gary Nelson. Foi o primeiro filme da história da Disney a ser classificado como PG, em vez de G, para todas as audiências. Na altura do seu lançamento tinha a concorrência directa de Star Trek: The Motion Picture (1979), o renascimento da tão esperada série de TV, só que em versão cinematográfica. O filme de Gary Nelson ficou claramente a perder.
As críticas foram, de um modo geral, negativas. Foi considerado um melodrama palavroso, e foram notadas muitas semelhanças com o blockbuster de George Lucas, de 1977. As palavras das revistas de ficção científica, e dos escritores, foram ainda mais negativas que a dos críticos, e passados tantos anos, contínua a ser lembrado como um filme mau.
O principal ponto de discórdia para a maioria dos escritores baseados na ciência parece ser a flagrante ignorância do filme sobre as leis da física. Por exemplo, havia uma atmosfera respirável no espaço exterior no fim do filme. O filme contém algumas cenas voluntariamente hilariantes, mas acabou por resistir ao tempo, graças a memórias de adolescentes daquela época.

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quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Drácula (Drácula) 1979

Um navio naufraga perto de Whitby e o único sobrevivente é o Conde Drácula (Frank Langella), que chegou com grandes quantidades de terra da Transilvânia para levar para a sua residência em Carfax Abbey. Ele faz amigos, como o Dr. Seward (Donald Pleasence), que administra um asilo, a sua filha Lucy (Kate Nelligan), a amiga dela, Mina (Jan Francis) e Jonathan Harker (Trevor Eve), o noivo de Lucy. Acontece que Mina morre ao perder sangue demais, e Drácula enfrenta Van Helsing (Laurence Olivier), um caçador de vampiros que deseja aniquilá-la.
W.D. Richter, o argumentista, tinha escrito o argumento de "Invasion of the Body Snatchers" no ano anterior, e parte para este trabalho, que era uma adaptação de uma peça de teatro, que, por sua vez, era adaptada do "Drácula" de Bram Stoker, escrito em 1897. Muitas diferenças no argumento, e John Badham na realização. Ele que tinha realizado "Saturday Night Fever", no ano anterior, e queria libertar-se um pouco da imagem que esse mega sucesso lhe deixara. E, de certa forma conseguiu, pois realizou uma série de filmes em registos diferentes, na década de oitenta, embora a maioria dos seus filmes fosse para um público mais juvenil, como os casos de "War Games" e Short Circuit".
Neste filme Badham consegue criar uma atmosfera bastante competente, necessária para nos introduzir ao mundo do vampiro, recuperando alguns elementos estéticos do clássico de 1931 juntando o máximo de referências narrativas e simbólicas, tanto do livro como do género terror.
Um destaque para a interpretação de Frank Langella, que embora não sendo das melhores, acabaria por ser bastante interessante. O elenco de apoio também era de muito valor, com destaque para Laurence Olivier e Donald Pleasence.

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quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Os Três Amigos (Big Wednesday) 1978

"Big Wednesday é a história de três amigos (Jan-Michael Vincent. William Katt e Gary Busey), que crescem a surfar juntos e que a comunidade local aprende a admirar. Porém, o crescimento e a passagem à idade adulta não se revela fácil de enfrentar pelo que a separação destes três jovens parece ser um desfecho inevitável... ou será que não?
Milius tem arte suficiente para não deixar cair a sua história numa sucessão de clichés redundante evitando estereotipar os personagens e dando-lhes credibilidade dramática suficiente para suportar as mais que muitas voltas que a história dá (e não são demais, acreditem!). Mas o grande mérito do argumentista/realizador está no facto de ter optado por tornar esta história num libelo sobre a perda da inocência e sobre as incertezas de um futuro que não queremos enfrentar. Os actores são muito convincentes e ajudam a converter este "filmezinho de surf" num objecto de culto que urge ser descoberto. Ou como alguém dizia no IMDB "The Greatest Surf Movie Ever Made"! Se fosse só isso..." Daqui
Magnífica fusão de surf, misticismo e mitologia.  John Milius era um realizador ligado aos movie brats, mais conhecido pelos filmes "Dillinger" e "Conan, the Barbarian".

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Febre de Juventude (I Wanna Hold Your Hand) 1978

No dia 8 de Fevereiro de 1964 os Beatles chegavam aos Estados Unidos pela primeira vez para a sua primeira tournée norte-americana. Começaram por Nova Iorque, onde se apresentaram no programa “Ed Sullivan”, para histeria geral das fãs. O filme conta a história de 6 fãs dos Beatles (4 raparigas e 2 rapazes) que viviam em Nova Jersey e foram para Nova Iorque, onde farão de tudo para conseguir entradas para o programa de Ed Sullivan. Isso logo depois do lançamento do mega sucesso “I Want to Hold Your Hand”.
"I Wanna Hold Your Hand" é o filme de estreia de Robert Zemeckis, e o primeiro da colaboração entre o realizador e Bob Gale (apesar de terem escrito o argumento de "1941", de Steven Spielberg, pela mesma altura, este só estrearia no ano seguinte). É um filme que mostra
muitos dos traços e inspirações, que fizeram da colaboração mais famosa destes dois, "Back to the Future", um filme tão grande, e uma estreia que merecia um resultado de bilheteira muito melhor. Partilha algumas semelhanças com "American Graffiti", de George Lucas, lançado alguns anos antes. Conta a história de um grupo de jovens a entrar na idade adulta, e a aproveitaren da melhor forma possível, mas, Zemeckis, alegremente, presta uma homenagem aos "Three Stooges" e aos "Marx Brothers", tratando o filme muito mais cuidadosamente do que Spielberg havia feito em 1941.
Era um filme que trazia para a ribalta uma geração de actores bastante interessante, alguns deles ligados aos movie brats. Nancy Allen trabalhou com Spielberg e De Palma e Bobby Di Cicco com Spielberg. O próprio Spielberg é o produtor executivo deste filme.

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terça-feira, 8 de setembro de 2015

A Républica dos Cucos (Animal House) 1978

Em 1962, Larry Kroger (Tom Hulce) e Kent Dorfman (Stephen Furst) são caloiros na universidade e sonham entrar para uma fraternidade. Depois de não conseguirem entrar para a Omega, resolvem tentar a Delta, que tem a fama de ser a pior fraternidade do campus. Lá eles conhecem Eric (Tim Matheson), Boone (Peter Riegert) e a sua namorada Katy (Karen Allen), Hoover (James Widdoes) e Bluto (John Belushi). Larry e Kent são logo aceites na fraternidade e passam a viver uma vida regada a viagens, piadas e festas de pijama. Só que Dean Wormer (John Vernon) está decidido a expulsar a Delta do campus da universidade, contando com a ajuda dos integrantes da Omega.
Uma das primeira longas metragens de John Landis, foi um dos maiores êxitos comerciais dos anos setenta, tendo arrecadado 141 milhões de dólares, com um orçamento de apenas três. Foi assim o filme que colocava as comédias das universidades no mapa, originando muitas cópias, sobretudo, nos anos 80.
Inspirou, sobretudo, muitos estudantes, e futuros universitários, mostrando-lhes que a vida universitária poderia ser uma festa todos os dias. Uma coisa que os produtores do filme quase nunca mostram é alguém a estudar, ou ter que ir para as aulas.
Vale também pela interpretação de John Belushi, um grande comediante que não precisava de falar para brilhar. Esta era a sua estreia no cinema, mas ele morreria tragicamente 4 anos depois, com apenas um punhado de filmes.

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Melodia para Um Assassino (Fingers) 1978

Jimmy Angelelli (Harvey Keitel) quer ser pianista. O seu pai, Ben Angelelli (Michael V. Gazzo), quer que ele entre para o "negócio da família". O problema é que o negócio de família representado em "Fingers", é o crime organizado. Jimmy vai encontrar-se dividido entre a arte e a lealdade ao pai, entre a sua sexualidade e o seu passado.
Filme de estreia de James Toback, argumentista de "The Gambler" de Karel Reisz, é uma obra que consegue capturar muito bem o mundo sinuoso e desolado da década de setenta. Tudo é cinzento, e quase que podemos sentir o cheiro do Inverno. Toback recusa-se a censurar as suas fantasias mais febris, como o estereotipo do homem negro que maltrata as mulheres (Jim Brown tem um papel notável aqui). Mesmo vinte anos depois Toback ainda não tinha perdido as obsessões presentes nesta sua primeira obra, como pode ser visto em "Black & White" ou "Two Girls and a Guy". Claramente o realizador consegue dizer o que quer sobre a natureza dualista dos homens, de si próprio como um artista.
Grande interpretação de Harvey Keitel, que então já se tinha destacado em filmes como "Mean Streets" ou "The Duellists", e que dá aqui boas indicações para um futuro risonho.

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segunda-feira, 7 de setembro de 2015

A Grande Jogada (The Brink's Job) 1978

Após um longo período de pouca sorte, o pequeno criminoso Tony e o seu gangue conseguem roubar um dos transportes de segurança da Brink e levar 30.000 dólares. Surpreendentemente, o golpe não chega à imprensa. Tony chega à conclusão que o quartel general tem uma segurança com um nível inacreditavelmente baixo. Por isso, começa a preparar um grande golpe...
"Sorcerer" foi um fracasso na bilheteira, e isso deixou mossa nas contas de William Friedkin, que teve de partir para um projecto mais barato. Surge assim "The Brink's Job", uma adaptação de um livro de Noel Behn, com argumento de Walon Green, e produzida por Dino de Laurentis. O filme era baseado em factos reais, ocorridos na década de 50.
Friedkin concentra-se, com a sua habilidade do costume, nos pequenos detalhes do assalto, mas com uma espécie de alegria irónica, é uma pequena cidade, e toda a gente parece saber o que Tony está a tramar, mas ninguém se importa. A comédia começa a fluir dos seus personagens, e das suas interacções, embora Friedkin a impeça de se tornar satírica.
O filme vale também pelo grandioso elenco: Peter Falk no papel principal, e um enorme elenco de apoio: Peter Boyle, Allen Garfield, Warren Oates, Gena Rowlands, Paul Sorvino...chega?

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domingo, 6 de setembro de 2015

Beco Sem Saída (Straight Time) 1978

Depois de ter sido colocado em liberdade condicional, um ladrão (Dustin Hoffman) tenta endireitar a sua vida, arranjar um emprego regular, e seguir a sociedade pelas regras. Depressa ele se vê de volta para a prisão, e vai parar nas mãos de um poderoso agente policial. Quando é novamente libertado, assalta o agente da liberdade condicional, rouba o seu carro, e regressa à vida do crime.
"Straight Time" é um gigante soco no estômago, graças, principalmente, ao intenso desempenho de Dustin Hoffman. Introduz-nos às frustrações, e raiva, de ser rotulado de ex-presidiário, e, de seguida, apresenta-nos às raízes criminosas e viscerais do protagonista. O filme acaba por ser um pouco prejudicado pelo delineamento breve e inconclusivo de um romance com a personagem de Theressa Russell, mas o resultado final é bastante agradável.
Realizado por Ulu Grosbard, um famoso director de teatro, que apenas realizou sete duas longas metragens, e que aqui dirigia pela segunda vez Dustin Hoffman, a anterior era "Who Is Harry Kellerman and Why Is He Saying Those Terrible Things About Me?". Dustin Hoffman também deu uma ajudinha na realização. O elenco é fabuloso, e além de Hoffman e Russell tinha também Gary Busey, Harry Dean Stanton, M. Emmet Walsh, Kath Bates, entre outros.

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Equus (Equus) 1977

Um psiquiatra (Richard Burton) investiga o cruel ataque contra seis cavalos, que tiveram os olhos perfurados num estábulo em Hampshire, Inglaterra. O responsável foi Alan Strang (Peter Firth), adolescente de dezessete anos, filho único, atormentado por questões sexuais e religiosas.
Antes de "Amadeus" ver a luz do dia, o dramaturgo Peter Shaffer era mais conhecido por "Equus", um grande sucesso no palco, graças ao seu assunto pouco vulgar, e à singular apresentação do material. Para a versão cinematográfica a opinião ficou mais dividida, com muita gente a ser da opinião de que nada na tela poderia fazer justiça à forma de apresentação no teatro, tal era a sua natureza estilizada. O realizador, Sidney Lumet, optou por fazer uma aproximação mais realista para o cinema, mas o resultado final ficava aquém do esperado.
As interpretações foram muito boas, com os protagonistas a compreenderem o que era esperado deles, e a abordarem a história com sinceridade e, quando necessário, com paixão. Richard Burton brilha no papel de protagonista, ele que vinha a precisar de uma obra que lhe devolvesse o estatuto de outrora, principalmente porque vinha a participar em muitos filmes de qualidade duvidosa ao longo dos últimos anos, e era preciso uma obra para recuperar a sua reputação. Acabaria por ser nomeado para o Óscar de Melhor Actor, o que já não conseguia desde 1970. Peter Firth, o seu co-adjuvante, seria nomeado para Melhor Actor Secudário, e Peter Shaffer para melhor argumento.  

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sábado, 5 de setembro de 2015

Schock (Shock) 1977

Nora voltou a casar-se depois da morte do primeiro marido. O comportamento estranho do filho, Marco, de 7 anos, ameaça a vida dela e de Bruno, o segundo marido. O jovem prometeu matar a mãe e acidentes estranhos começam a acontecer na nova casa, tendo sempre Nora como vítima.
 Derradeiro filme de Mario Bava. "Bay of Blood" pode ser o mais sangrento, "Black Sunday" pode ser o mais influente, "Blood and Black Lace" pode ser o mais bonito, mas Bava nunca fez um filme tão assustador como este. Um soco no estômago claustrofóbico que arrasta o espectador directamente para dentro da mente de uma mulher a enlouquecer, o filme apresenta algumas concessões sangrentas dos filmes de terror dos anos setenta, mas, visualmente, também é uma peça muito bem trabalhada, além de ser devastador psicológicamente.
Nos Estados Unidos foi lançado com o título de "Beyond The Door II", embora nada tivesse a ver com o primeiro, aparte o vago tema da possessão, e a presença do jovem David Colin Jr,  protagonista também no primeiro filme, então com quatro anos. Daria Nicolodi, uma das divas de Argento, tem um dos melhores papéis da sua carreira, para não dizer o melhor, iniciando o filme como uma figura doce e maternal, mas transformando-se, gradualmente, numa figura completamente histérica.
"Schock" raramente é citado como um exemplo do cinema de Bava, e marcava um aumento na colaboração com o seu filho, Lamberto Bava, que foi autorizado a tomar as rédeas em algumas cenas. A primeira obra do jovem Bava veria a luz do dia três anos depois.

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O Pequeno Burguês (Un Borghese Piccolo Piccolo) 1977

Giovanni Vivaldi (Alberto Sordi) não tem muitas ambições. Para ele, a vida está maravilhosamente bem do jeito que está. O filho Mario tem um futuro promissor e a sua atenciosa esposa Amália(Shelley Winters) está igualmente feliz com o rumo da sua vida. No entanto, quando o rapaz é morto no assalto a um banco, Giovanni é arrancado bruscamente do seu paraíso pessoal e tomado por um incontrolável desejo de vingança.
"Mario Monicelli consegue dar muito bem um dinâmico retrato de uma mentalidade, de uma maneira de estar na sociedade, de uma classe social que fica a meio caminho entre outras duas (o proletariado e a média burguesia) que é a pequena burguesia aparentemente acomodada à sua condição, mas afirmada ao nível do comportamento quotidiano. Se, no emprego, plha os superiores com reverência e até temor, deixa para casa e para o café as tiradas de força machista como afirmação de um poder que a realidade da sua vida não contém. O mundo que cerca este pequeno burguês transpira hostilidade e violência por todos os "poros", mas ela é filtrada pelo "pai de família" cuja ambição máxima é fazer entrar o seu filho (contabilista) para a função pública, seguindo as suas peugadas, alheio à evolução dos tempos, incapaz de encarar o futuro com as transformações que pode, eventualmente, introduzir no futuro".(Mário Damas Nunes, in Se7e).

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Maladolescenza (Maladolescenza) 1977

Um casal de adolescentes vive num lugar paradisíaco momentos de intensa felicidade e descobertas amorosas e sexuais, até que uma nova amiga surge para confundir e destruir a relação entre os dois.
De todos os conhecidos filmes banidos, este é o que oferece mais justificativas, graças à sua nudez gráfica de menores e ao sexo. Quando aparece a segunda rapariga o rapaz torna-se cruel, devido ás suas confusas emoções, e trata a namorada com sadismo e humilhação.
Perigos sexuais e simbolos psicológicos aparecem por todo o lado, na forma de serpentes, montanhas, cavernas, castelos, túneis, aves empaladas com setas. A verdade, é que é um filme tão óbvio que nem precisava de nudez ou de sexo. Este foi um dos filmes mais perseguidos nos anos setenta, não apenas pelas sequências de sexo, mas por elas serem feitas por adolescentes. Ainda hoje é uma obra pouco vista.
Uma das duas protagonistas, Laura Wendel, iniciou uma carreira interessante no terror europeu, tendo participado, por exemplo, em filmes como "Tenebre", de Argento,ou "Morirai a Mezzanotte", de Lamberto Bava. O realizador chamava-se Pier Giuseppe Murgia.

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sexta-feira, 4 de setembro de 2015

O Comboio do Medo (Sorcerer) 1977

""Sorcerer" é dedicado ao diretor francês Henry-George Clouzot, que em 1953 realizou uma primeira versão, "O Salário do Medo", baseado no livro de Georges Arnaud. E que me perdoem os fãs deste último, que é um filmaço sem dúvida alguma, mas o trabalho de Friedkin neste remake é incrivelmente superior, provando que refilmagens de verdadeiros clássicos consagrados podem dar certo. Mas também não precisam exagerar como se faz atualmente em uma quantidade absurda de remakes que param nas mãos de vários diretorzinhos medíocres sem personalidade alguma.
Aqui é outro caso. William Friedkin já tinha no currículo "Os Incorruptíveis Contra a Droga" e "O Exorcista", duas obras da maior importância em seus respectivos géneros, além de possuir um talento único na direção e na concepção de suas idéias. Mesmo assim, são várias as histórias de bastidores sobre as dificuldades de levar "Sorcerer" às telas de cinema; desde os problemas em arranjar dinheiro para a produção, as filmagens no local (que colocou em risco a vida da equipe em várias situações), um furacão que atrasou o trabalho e até mesmo na escolha do elenco. De todos os atores principais, apenas um desconhecido, chamado Amidou, foi a primeira escolha de Friedkin. Steve Mcqueen, Clint Eastwood e Jack Nicholson foram cotados para viver o protagonista. Todos recusaram por algum motivo. Acabou mesmo com o Roy Scheider, que já havia trabalhado com o diretor em "French Connection".
A trama principal é basicamente a mesma de "O Salário do Medo", apenas muda a contextualização histórica, sobre um grupo de homens que tem a missão de transportar uma carga de dinamites velhas (com vazamento de nitroglicerina correndo o risco de explodir a qualquer movimento brusco; no caso do filme francês, era apenas a nitroglicerina liquida mesmo) em caminhões caindo aos pedaços, pelas florestas de um país tropical. Diferente do original também, Friedkin enriquece o seu filme ao aprofundar-se nos personagens, mostrando os motivos que os levaram a estar naquele vilarejo no fim de mundo, o que toma quase a metade do filme, mas não se preocupem, porque Friedkin nunca deixa que a narrativa perca sua força. É apenas uma preparação perfeita para a outra metade, a missão suicida que deixa o espectador tenso, vendo a avó pela greta.
O poder visual do filme sob a batuta da direção crua de Friedkin talvez seja o ponto mais significativo do filme, sempre tratando os eventos e a ambientação de miséria e violência com um realismo impressionante, com uma linguagem quase documental. A cena em que o comboio atravessa uma ponte completamente instável é um verdadeiro espetáculo cinematográfico, de colocar o publico de joelhos! Uma pena que "Sorcerer" tenha sido um fracasso de bilheteria. Mas é um filmaço altamente recomendável." Ronald Perrone

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quinta-feira, 3 de setembro de 2015

O Executor Implacável (Rolling Thunder) 1977

Ao regressar do Vietname, o Major Charles Rane (William Devane) é recebido como um herói na sua cidade natal, sendo reconhecido com um carro e uma mala com moedas de prata. Um grupo de mexicanos, próximos dali, ao saberem da notícia, vão atrás do major para o roubar. É assim que matam a sua mulher, o filho e danificam permanentemente a sua mão direita. A sede por vingança vai mover o Major, acompanhado pelo seu fiel companheiro (interpretado por Tommy Lee Jones).
A meia hora inicial desenvolve um claro contraste entre as posturas públicas verticais e as vidas privadas dos prisioneiros de guerra que chegavam do sudeste asiático. Paul Schrader era um jovem argumentista (30 anos) cuja raiva contida tinha muito a dizer sobre os efeitos posteriores da guerra do Vietname, que já tinha sido visto em obras anteriores, como "Obsession" de Brian de Palma, ou "Taxi Driver", de Martin Scorsese. Ele refugia-se no ranger dos dentes, em vez do flexionar os músculos num filme de acção convencional.  John Flynn, o realizador, a fazer um belo trabalho com exteriores, a filmar na fronteira entre o México e o Texas, embora algumas das paisagens se percam no processamento de cor barrenta, propositadamente. E a beleza da interp
retação de Linda Haynes, a groupie que se atira para a personagem de Devane, um toturado herói de guerra, é um bónus inesperado neste filme bastante másculo.
Um dos grandes filmes de culto dos anos 70.

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Domingo Negro (Black Sunday) 1977

O líder de um grupo terrorista árabe junta-se a um piloto veterano do Vietname, desequilibrado, para matar o presidente dos Estados Unidos na final do campeonato de futebol americano, em Miami. Cabe a um militar israelita impedir este plano mortal.
Os anos entre 1965 e 1978 constituíram um momento histórico quando filmes artisticamente ambiciosos e politicamente progressistas eram economicamente viáveis. Exemplos deste momento contra-coltural incluem Bonnie and Clyde (1967), Easy Rider (1969), Five Easy Pieces (1971), e Taxi Driver (1976). A maioria dos estudiosos incluem o fim deste período entre os lançamentos de "Jaws" (1975) e "Star Wars" (1977), uma vez que eles abriam o período dos blockbusters de verão.
"Black Sunday", de John Frankenheimer, servia de transição entre os filmes sombrios e paranóicos da "Nova Hollywood", e os mais edificantes e conservadores, filmes espectaculares que vieram depois. Frankenheimer era velho demais para fazer parte da geração dos "movie brats", mas também se tinha iniciado a trabalhar com Roger Corman, tal como os realizadores desta geração, não se encaixando em nenhuma categoria concisa. No entanto, tinha antecipado os interesses temáticos da época na paranóia, corrupção política e a angústia existencial, nos seus primeiros filmes, ainda nos anos sessenta.
Paranoia sobre estrangeiros, o governo dos Estados Unidos, as mulheres, a guerra, o capitalismo, se havia algum filme ideal sobre o tema "paranoia", ele tinha de ser "Black Sunday". Mas como é paranoico sobre tantas questões, oferece-nos dados úteis como a "paranoia" funciona, e, infelizmente, é um filme que continua a ser muito actual, dada as questões étnicas gravíssimas que se passam no extremo oriente.
Um elenco de luxo, encabeçado por Robert Shaw, Bruce Dern, Marthe Keller e Fritz Weaver.

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O Duelo (The Duellists) 1977

Dois oficiais do exército de Napoleão, enfrentam-se violentamente numa série de duelos. Os duelos começam por causa de um incidente insignificante e tornaram-se ferozmente compulsivos, passando a reger a vida destes dois homens, durante 15 anos.
Baseado numa história de Joseph Conrad,"The Duellists" é, em primeiro lugar, um filme sobre a natureza da obsessão. Porquê estes dois homens continuam a lutar por tantos anos, quando nenhum deles se lembra da fonte original da sua animosidade? (um dos principais pontes fortes do filme é que nem é preciso nos lembrarmos da fonte original). De certa forma funciona como uma metáfora para a natureza da guerra em geral, que é sublinhada pela intromissão constante da guerra nas suas vidas. Na verdade, as únicas vezes em que não os vemos a lutar é quando a França está em guerra, e a certa altura encontramos os dois a lutar lado a lado nas tundras geladas da Rússia, durante as invasões napoleónicas.
Ridley Scott, que poucos anos depois ficaria mundialmente conhecido por filmes tão visionários como "Alien" (1979), ou "Blade Runner" (1981) tinha então 39 anos, e era um realizador de comerciais da televisão, quando embarcou para este seu primeiro filme. Scott trabalhou como seu próprio operador de câmera, graças ao seu orçamento muito curto. Filmado inteiramente em França, e com um visual arrebatador, acabaria por ganhar unanimemente o prémio de melhor primeira obra, e nomeações para dois BAFTA. Do elenco destacavam-se Ketih Carradine e Harvey Keitel.

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terça-feira, 1 de setembro de 2015

Aventuras em Terras do Rei Bruno, o Discutível (Jabberwocky) 1977

A história conta a aventura, a saga de Dennis Cooper, um plebeu da Idade Média, que, sendo deserdado pelo pai no leito de morte, parte para a cidade a fim de tentar a vida no Castelo e ter condições de se casar com sua amada, a glutona Griselda (plebeia que não dá a mínima hipótese a Cooper). A vida do pobre homem, que já não é fácil, se torna ainda pior quando Jabberwocky começa a atacar o vilarejo, derretendo a carne das pessoas, deixando apenas as cabeças presas aos esqueletos. Desajeitado, Cooper acaba se envolvendo com a filha do Rei e tendo de ir à caça do monstro.
Baseado num poema de Lewis Carroll, era o primeiro filme de Terry Giliam depois de saír dos Monty Python, e acaba por se confundir com uma obra desta equipa, já que quase todos os membros do grupo estão presentes embora alguns apenas com cameos, embora a qualidade global esteja muito aquém da qualidade desta equipa.
Neste filme temos o elemento de Fantasia que Gilliam herdou dos Python, e a sua capacidade de criar histórias bizarras e envolventes.
Não foi muito bem visto pela crítica, normalmente considerado um filme de extremos, mas, ainda assim uma obra a ser descoberta pelos fãs de "Brazil", "Fisher Kings" ou "Twelve Monkeys".

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Férias Macabras (Burnt Offerings) 1976

Ben e Marian conseguem alugar uma mansão por um valor estranhamente baixo, e depois de se mudarem para lá, Ben começa a ter explosões de violência, enquanto Marian passa a maior parte do tempo no quarto da velha senhora que tem de cuidar, mas que ninguém jamais conheceu. À medida que os "acidentes" vão acontecendo a casa parece ficar cada dia mais nova, e seus habitantes não conseguem sair.
A década de setenta parece ter gerado mais do que a sua quota parte de filmes sobre domicílios malévolos. "The Amityville Horror" (1979), "The Sentinel" (1977), and "The Shining" (1980) são todos filmes baseados em livros populares de horror/ficção que procuravam actualizar a história da casa assombrada tradicional. "Burnt Offerings" era baseado num livro escrito por Robert Marasco de 1973, e narrava a dissolução gradual e a destruição final de uma família depois de ocuparem temporariamente uma residência possuída por uma força sobrenatural mortal, antecedendo em quatro anos um outro filme de uma temática semelhante, "The Shining", de Stanley Kubrick.
Dá série de filmes que referi em cima de temática semelhante, este foi o mais esquecido, mas na altura chegou a ser muito falado, tendo vencido vários prémios nos festivais de Sitgés, e no Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films. Realizado por Dan Curtis, um realizador habituado a trabalhar em televisão, contava com um elenco de luxo: Karen Black, Oliver Reed, Burgess Meredith, Eileen Heckart e Bette Davis.

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