sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Os Primos (Les Cousins) 1959



Charles é um jovem provinciano que chega a Paris para estudar Direito. Divide o apartamento com o seu primo Paul, que é uma espécie de jovem decadente, um homem desiludido na procura do prazer, sempre atrás por outros ideais, enquanto Charles é um rapaz trabalhador, ingénuo e honesto. Apaixona-se por Florence, uma das conquistas de Paul. Mas como irá Paul reagir aos avanços do seu primo para com Florence?
Apesar de não ser esse o objectivo, os dois primeiros filmes de Claude Chabrol - Le Beau Serge e Les Cousins - viram a luz do dia com poucas semanas de diferença, em Paris, por vezes a serem exibidos em cinemas muito próximos, que apenas reforçava a idéia de que os dois filmes eram duas faces da mesma moeda, a mesma nota tocada em diferentes tons, com resultados muito diferentes. Havia uma grande simetria entre os dois filmes, uma vez que ambos contavam a história de dois amigos diametralmente opostos, e ambos interpretados por Gérard Blain e Jean-Claude Brialy, embora os seus papéis tenham sido radicalmente invertidos, assim como o espaço da acção, que passou da vida rural para a vida urbana.
As ligações entre estes dois filmes ainda eram mais profundas (James Monaco, no seu livro pioneiro sobre a Nouvelle Vague insiste que eles devem ser vistos em conjunto). "Les Cousins", embora tenha estreado depois de "Le Beau Serge" foi concebido primeiro, e tecnicamente teria sido a estreia de Chabrol. E para muitos seria mesmo o primeiro, já que "Le Beau Serge" não teve muito sucesso junto do público, e a maior parte dos fãs só conheceria Chabrol a partir deste "Les Cousins". A lista de créditos dos dois é muito familiar, inclui o director de fotografia Henri Decaë, embora se possa sentir imediatamente a influência do argumentista Paul Gégauff em "Les Cousins". Este filme, que seria a primeira de 17 colaborações entre Chabrol e Gégauff, e é uma obra muito mais pesada e cínica do que "Le Beau Serge".
A força deste filme, reside, em parte, na intensa interpretação de Brialy como Paul, o egomaníaco rapaz rico que gosta de brincar com as pessoas. Um homem desprezível, mas muito divertido de se assistir. Em segundo lugar o excelente trabalho na realização de Chabrol. O filme ganharia o Urso de Ouro no festival de Berlin.

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