terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Fumo (Smoke) 1995



Personagens e subtramas são habilmente tecidas numa tapeçaria de histórias que só lentamente emergem à nossa vista..."Smoke" tenta convencer-nos de que a realidade não importa tanto como a satisfação estética. Na tabacaria de Auggie (Harvey Keitel), em Nova Iorque, o dia a dia passa aparentemente imutável, até que eles nos ensina a notar nos pequenos detalhes da vida.  Paul Benjamin (William Hurt), um escritor desmotivado e falido, tem um encontro com a morte, que vai gerar uma série improvável de acontecimentos que lhe vão dar luz para um novo livro, nesta rua da tabacaria de Auggie.
A essência de "Smoke" é que providencia um elemento pretendido por tantos outros filmes: personagens fortes, complexas, interessantes e difíceis. Toda a gente no filme tem algo a dizer, o que implica que o seu discurso seja sempre articulado, e que revele um pouco de si em cada sentença. A loja de cigarros da esquina é fundamental para estas interligações, uma janela para as vidas diárias de Brooklyn, e uma âncora que se estende muito no passado. A lenta libertação de cada personagem dá-nos tempo para crescer com eles, e apreciar as suas boas e más qualidades em vez de nos inundar com a habitual informação do início dos filmes. No entanto, esta abordagem leva-nos a um ritmo contido que ocasionalmente se torna pesado e difícil. O argumento não flui continuamente por causa do corte, do filme, deliberado, em secções, que servem para juntar as histórias.
"Smoke" foi rodado em conjunto por Wayne Wang e o novelista Paul Auster, que voltariam a trabalhar juntos em "Blue in the Face". Além de Keitel e Hurt, o elenco contava ainda com Giancarlo Esposito, Harold Perrineau, Forest Whitaker e Stockard Channing. Tom Waits colaborava na banda sonora, com 2 temas: "Downtown Train" e "Innocent when you dream".

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