domingo, 23 de fevereiro de 2014

Hiroshima Meu Amor (Hiroshima, Mon Amour) 1959



1959. Uma jovem francesa passa a noite com um japonês, em Hiroshima, onde ela foi participar num filme sobre a paz. Ele lembra-a do primeiro homem que amou, um soldado alemão durante a Segunda Guerra Mundial.
Filme de estreia de Alain Resnais, "Hiroshima, Mom Amour" (depois de uma longa série de documentários, que incluía o enorme "Nuit et Bruillard") foi também um dos filmes mais importantes deste início da Nouvelle Vague. Passados tantos anos continua a ser uma obra potente, intelectualmente estimulante, um exame continuo dos laços que ligam as nações, e os laços de experiência que as separam. O argumento, escrito pela novelista e futura realizadora Marguerita Duras mantém a história a um nível completamente abstracto.
À medida que o filme fluí entre os diálogos do casal, e imagens do passado da mulher, Resnais e Duras debruçam-se sobre as diferentes experiências de guerra entre os franceses e os japoneses, e as barreiras para a verdadeira compreensão. Na famosa abertura do filme os dois amantes falam em voz off enquanto imagens ilustram a conversa acerca da tragédia de Hiroshima. A mulher acredita que percebe o que aconteceu, porque ela viu a cidade reconstruída, visitou o museu onde fotografias e objectos testemunham a destruição de Hiroshima, e viu os filmes onde ficaram gravados todos estes horrores. Enquanto isso, o homem continua a insistir que ela não viu nada, e não entende o que aconteceu. Esta abertura, em que os amantes apenas aparecem como partes de corpos desconexas, cobertos de cinzas quando os seus corpos se abraçam, atiram-nos de volta para os documentários de Resnais. Os primeiros quinze minutos são quase um ensaio, enclausurando os temas e as idéias de Resnais, que são expandidas pelo resto do filme.
Usando um elenco e uma equipa metade japonesa, metade francesa, com exteriores restritos a Nevers, França, e Hiroshima, Japão, esta obra de Resnais é intensa e intimista: dialogo poético, imagens actuais de vítimas da bomba de Hiroshima, uma estrutura revolucionária em flashback e um uso interessante da arquitetura da arquitetura japonesa modernista.
Destaque para a protogonista Emmanuelle Riva, que 50 anos depois a vimos ser nomeada para um Óscar em "Amour".

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