segunda-feira, 5 de maio de 2014

Diário dum Pároco de Aldeia (Journal d'un Curé de Campagne) 1951



O padre (Claude Laylu) da pequena cidade de Ambricourt, descobre que a sua juventude e inexperiência resultam na pouca fé que a população tem sobre ele. Mesmo as crianças e os seus próprios colaboradores o atormentam, e embora essas ameaças externas atormentem o seu pensamento, é a agitação interna que o preocupa mais, e a sua incapacidade de encontrar a paz espiritual.
O conflito interno manifesta-se na sua dieta, que consiste em pão e vinho, baseado nos sacramentos da comunhão. Embora desta dieta seja obrigatória causada pelos problemas no estômago do padre, que o colocam num estado perpétuo de comunhão, colocando-se frequentemente no tumulto do sofrimento de Cristo, quando foi levado à  crucificação. O sofrimento deste jovem sacerdote torna-se uma imagem de cristo. Bresson ao longo da sua carreira dirigiu actores em poses e inclinações que evocavam pinturas religiosas clássicas, e isso é mais visível em "Diário dum Pároco de Aldeia".  Alguns comentadores sugerem que Bresson tem o mesmo lugar no cinema que o personagem do título tem para o clero, protestando contra a praticidade e mantendo a sua visão.  

"Diário dum Pároco de Aldeia" baseia-se numa novela então popular, marcando a mais completa revelação de princípios aplicados aos filmes de Bresson: composição cinematográfica meticulosa, e uma dependência de actores não profissionais, evitando muitos aspectos da manipulação melodramática, a fim de transmitir uma sensação mas real, onde as pessoas reajam mais genuinamente aos acontecimentos passados na tela, especialmente como esses acontecimentos afectam o seu interior, a vida espiritual. O relativo sucesso deste filme provavelmente fortaleceu a determinação de Bresson em perseguir o seu estilo idealista, e o alto valor artistico das suas produções posteriores, que por sua vez originaram uma enorme aclamação da crítica. 

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