Pouco depois da morte da sua mãe, uma mulher jovem e inocente encontrará refugio na casa do seu guardião aristocrático de meia idade, que em breve a submeterá aos seus avanços sexuais.
"Tristana", filmado já na fase final da carreira de Luis Buñuel, passa-se em Toledo, em Espanha, e é baseado num livro do Século 19 do escritor Benito Pérez Galdós. Buñuel tinha começado a trabalhar na adaptação do livro em 1962, depois dos censores espanhóis terem rejeitado um argumento que ele enviou. No entanto, ainda demorariam alguns anos para que ele pudesse começar a ver o projecto ganhar vida. Neste período, e como era contra a ditadura espanhola, continuou no México, onde passaria por um período de alta produtividade.
Tornou-se num dos filmes mais elogiados do realizador, tendo sido nomeado para o Óscar de Melhor Filme em língua estrangeira, embora não seja tão chocante como outros filmes do realizador. Uma das partes mais memoráveis do filme é a jovem a ter pesadelos recorrentes sobre Don Lope, onde a sua cabeça decapitada substitui a corda de um sino da igreja que não pára de tocar. A religião é um tema óbvio no filme, e, curiosamente, Don Lope é uma personagem nada decente, apesar de partilhar alguns dos valores e opiniões do realizador. É ateu, evitado pela irmã profundamente religiosa, e despreza a burguesia, e a fora como ela trata os trabalhadores decentes. Como o próprio Don Lope pertence à classe média/alta, existem muitas contradições nesta personagem.
Os ataques que Buñuel dirige à igreja católica através desta personagem deviam ter sido suficientes para revoltar os censores, mas a história, como um todo, onde a luxúria e a exploração são seguidas de amargura e malícia também devem ter revoltado bastante a igreja. Além disso, o filme também encena confrontos fascinantes entre a juventude e a velhice, e reflete uma frustração que provavelmente é sentida por pessoas com deficiência, simbolizado aqui por um menino surdo e mudo, e o eventual destino de Tristana.
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