"Canciones para Después de una Guerra" é um filme atípico, um híbrido entre o documental e o musical. Caracterizado pela quase total ausência de locuções, consiste numa colagem de imagens e música de quase duas horas que cobre vinte anos da história espanhola: do fim da Guerra Civil, em 1939, até ao final dos anos cinquenta.
Basilio Martín Patino tira partido de imagens de múltiplas fontes: documentários da No-Do, bandas desenhadas, recortes de jornais, fragmentos de filmes da época, fotografias... que vêm acompanhados de canções populares da época. O objectivo do filme é reflectir, quase de forma antropológica a dura realidade do pós-guerra. Na verdade, o filme cobre quase todos os aspectos da vida na época: o regime de Franco, o papel da mulher na sociedade, futebol, touradas, moda, religião, política internacional, educação e publicidade, e usa um processo de montagens extremas, utilizando técnicas de colorir gravações a preto e branco, transições com figuras geométricas, desenhos em quadros, para ajudar a transmitir a mensagem sublimar do filme.
No inicio o regime de Franco aplaudiu o filme, tendo-lhe concebido o título de filme de interesse especial, mas as coisas rapidamente mudaram de tom e alguns sectores do regime começaram a ver uma afronta ao governo. Conta-se que o ministro Carrero Blanco, intrigado com os rumores, organizou uma sessão especial do filme, e que a sua esposa se levantou a meio da exibição e exclamou: "O filho da p*** que filmou isto devia estar em Carabanchel!!". Depois foi proibido, e todas as cópias destruídas, excepto uma escondida pelo realizador. Mais tarde, graças a essa cópia sobrevivente, voltaria a ser exibido nas salas, já depois do regime ter caído, embora alguns grupos de extrema direita organizassem manifestações contra a sua exibição.
Legendas em inglês.
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