Depois de sofrer um grave acidente de carro, o famoso empresário Antonio Cano fica temporariamente paralisado e com sequelas na sua memória. Para ajudá-lo na recuperação, a sua família começa a encenar acontecimentos da sua trajetória de vida - um teatro baseado em factos reais que começa a surtir bons efeitos para o paciente.
Carlos Saura dirigiu "El Jardin de las Delícias" em 1970, apenas cinco anos antes da tão esperada morte de Francisco Franco. Estes últimos anos do regime de Franco foram marcados por uma crise profunda que se refletiu no declínio físico do próprio ditador. Tal como o protagonista, António, o franquismo estava incomunicável, congelado no tempo e a sua estrutura estava desactualizada. Da mesma forma que os familiares de António continuaram a depender dele, os membros do regime de Franco continuaram a apoiar o ditador durante o seu declínio físico e mental, a fim de aproveitar as suas prerrogativas e garantir o seu próprio futuro. A incerteza do futuro do país rondava a sociedade espanhola, um sentimento que Saura explorou com sucesso neste filme.
Embora a ditadura estivesse a chegar ao fim, os censores continuaram a exercer um contro estrito sobre a produção cultural, obrigando os realizadores da oposição a desenvolverem narrativas metafóricas para articular o seu descontentamento com o regime, se os filmes fossem mais explicitos não teriam sobrevivido aos cortes dos censores. Foi neste contexto que Saura fez uma crítica alegórica ao final da ditadura de Franco, com uma linha teórica que possibilita múltiplas leituras do filme.
Legendas em inglês.
1 comentário:
Muito feliz de poder ver filmes do Saura, obrigado por compartilhar!
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