Ana (Geraldine Chaplin) é uma jovem inglesa contratada para trabalhar como governanta numa mansão no campo, em Espanha. Mas a sua beleza aguça o desejo reprimido de três irmãos que vivem nessa casa : o místico Fernando (Fernando Fernán Gómez), que representa a Igreja Católica; José (José Maria Prada), o Exército e Juan (José Vivo), o sexo oprimido. Em silêncio, Ana nada faz para impedi-los e passivamente se submete aos desejos dos seus senhores, assim como o inocente povo espanhol durante o período franquista.
Carlos Saura não esconde a alegoria que está muito pouco escondida neste filme. Esta família representa claramente as forças espanholas controladas por Franco: a ditadura, a elite moralmente corrompida, e a igreja católica. Ana é a intrusa estrangeira, e as suas reações aos absurdos e crueldades aproximam a família, para uma postura defensiva que só agrava a situação. Ela também representa o papel das mulheres na Espanha franquista, que perderem muitas possibilidades de emprego e viverem muito tempo sob o domínio dos homens.
Nomeado para a Palma de Ouro em Cannes, não é dos melhores filmes de Saura, mas ainda assim é uma obra muito acessível, mesmo para quem não está familiarizado com a ditadura em Espanha.
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