Numa pequena aldeia espanhola por volta de 1940, na esteira da devastadora guerra civil do país, Ana, uma menina de seis anos de idade, vê um filme de Frankenstein numa exibição itinerante e fica com essa imagem gravada na memória.
"O Espírito da Colmeia" pode ser lido em parte como um relato alegórico de um país que vive sob a sombra negra de um regime autoritário. Em contraste com os seus filhos, os adultos traumatizados parecem ter-se refugiado nas suas próprias preocupações: o pai (Fernando Fernán Goméz) é obcecado por abelhas, a mãe (Teresa Gimpera) escreve cartas a uma pessoa desconhecida. No entanto, evocando um mundo fantasmagórico e privilegiando a atmosfera sob a história, Victor Erice explora os medos e ansiedades de infância através dos olhos de uma muito jovem Ana Torrent.
O filme é um exemplo impressionante dos benefícios criativos que podem advir das restrições orçamentais. A falta de fundos impediu Erice de fazer um filme de terror, como era a sua ideia original. Em vez disso, usou um clássico do cinema de terror como ponto de partida para este seu trabalho, infundindo-o com um temperamento gótico muito subtil. A ambiguidade moral que cerca o monstro é mais explorada e aprofundada à medida que o tempo passa, depois do encontro de Ana com o soldado ferido.
Económico com palavras, o enredo elíptico é desenvolvido. em grande parte, visualmente, com a leveza do toque de Erice a evitar significados metafóricos óbvios. Um filme assombroso que consegue ligar elegantemente o trauma de um país inteiro com o trauma de uma menina confrontada com a morte.
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