Além dos factores políticos e culturais, certos apectos económicos são cruciais para a compreensão dos últimos anos do Franquismo e a sua política cinematográfica. Por exemplo, um dos maiores escândalos de fraude financeira deste período, o "escândalo Matesa", teve um impacto directo no cinema e nos subsidios para o cinema. De acordo com a política anterior de Garcia Escudero, o Banco de Crédito Industrial concedia 15 por cento dos subsídios do governo, que foram depois bloqueados depois desse escândalo. O estado congelava assim todos os subsídios destinados à produção cinematográfica. A crise económica mundial dos anos 70 teve ainda um impacto mais negativo na produção espanhola. Como resultado desses problemas a industria cinematográfica entrou num período de grave crise, mais percetível entre os anos de 1969 e 1977. Tal como no resto do mundo industrializado, a televisão e o vídeo tornaram-se concorrentes de peso para o cinema, incluindo ainda mais para o declínio deste. A censura também regressava ferozmente, principalmente para realizadores críticos do regime, como Carlos Saura ou Basilio Martin Patino.
Durante este complexo período, Carlos Saura, Basilio Martins Patino, Victor Erice, e José Luis Borau foram considerados as vozes mais fortes de oposição ao regime, os seus filmes exploravam o impacto ideológico do franquismo, e retratavam mundos ideológicos opressores que eram vistos como simbolos de estruturas ditatoriais. Exploravam as implicações da longa ditadura franquista e a sua relação com a sociedade espanhola. O cinema destes homens era bem aceite pelo público intelectual, pelos jovens universitários e pela classe média do período de transição. Durante os últimos cinco anos da ditadura Saura realizou alguns dos seus filmes antifranquistas mais poderosos, como "El Jardin de las Delicias", "Ana y os Lobos", "La Prima Angelica" e "Cria Cuervos". O famoso filme de Erice "O Espirito da Colmeia" é uma crítica em camadas, e poderosa, sobre a ditadura, tecida por densas alusões textuais e o uso criativo do género terror. "Furtivos" de José Luis Borau, é uma exploração convincente de violência autoritarismo e poder. "Canciones para Después de una Guerra" de Basilio Martin Patino questiona a memória histórica através do uso criativo de imagens de arquivo e formas culturais populares do período. Estes são alguns filmes que poderão ver no último capitulo deste ciclo. Mas haverá mais. Já a partir de amanhã.
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