terça-feira, 11 de agosto de 2020

Em Três, Um É Demais (Stress-es tres-tres) 1968

Filme sólido sobre ciúmes, paixões, uma suposta traição, intrigas sexuais e uma interpretação extraordinária do elenco principal. Um empresário chamado Fernando (Fernando Cebrian) dirige para a costa de Almeria com a sua inconstante esposa Teresa (Geraldine Chaplin, então casada com Carlos Saura) e o melhor amigo Antonio (Juan Luis Galiardo). O paranóico Fernando pensa que está a ser enganado e que os outros dois estão começando um caso de amor. Enquanto os dois se vão envolvendo ao longo do fim de semana, Fernando continua com a fixação nos ciúmes e fica cada vez mais paranóico. 
Como o título sugere, temos um triângulo emocional bastante estranho. Grande parte da acção passa-se num carro, atravessando a árida paisagem espanhola a caminho de uma praia deserta. A lealdade muda, as identidades confundem-se, e, no final, é francamente impossível dizer quem fez (ou não) o quê a quem. 
Para tornar o filme ainda mais estranho, Carlos Saura rodou-o no mais totalmente realista dos estilos. Música minimalista, e um trabalho de câmara sólido a preto e branco, que nos faz sentir que estamos a assistir a um documentário, e isso torna a ambiguidade da acção ainda mais bizarra e perturbadora.
Não é dos trabalhos mais conhecidos de Saura, mas vale bem a pena.

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