O filme começa onde "No contéis con los dedos", a curta anterior de Pere Portabella nos deixou. De frente para uma tela em branco. Aprofunda-se na futura estrutura dos filmes do realizador, que não avança através de uma estrutura linear, mas por uma sucessão de quadros panorâmicos e semi-autónomos, quase sempre inesperados. Uma série de situações, embora aparentemente não relacionadas, giram em torno de um desenvolvimento temático que dá corpo e unidade à história. Evocações a Antonioni, Buñuel ou Bergman podem ser encontrados no filme, cruelmente anti-burguesia.
Primeira longa-metragem de Portabella, co-escrita pelo poeta Joan Brossa, tornou-se numa das mais influentes obras da chamada "Escola de Barcelona", uma vaga de cinema vanguardista que teve lugar naquela cidade, e tal como os restantes filmes deste movimento, circulou apenas num circuito underground. Evitando ao máximo o diálogo, o realizador constrói uma não narrativa, em fragmentos que revelam a vida quotidiana de um casal adúltero, intercalado com um fluxo enigmático de imagens independentes.
O título do filme, "Nocturno 29", refere-se aos 29 anos negros da ditadura de Franco, 29 anos negros durava a ditadura até esta data.
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