Uma combinação onírica de estilos como: documental, narrativo, experimental e ensaio, é um dos principais filmes do cinema espanhol contemporâneo. Filmado durante o set do filme de terror de Jesus Franco, "Conde Drácula" (1970), e com a estrela desse filme Christopher Lee, é uma astuta alegoria política sobre o General Franco e uma gentil homenagem aos primeiros filmes do mítico vampiro, particularmente aos de Dreyer e Murnau, além de ser uma obra de subtil beleza e grande riqueza.
Foi feito à volta das filmagens do filme de Jesus Franco. Um making-off vanguardista é talvez a melhor descrição, porque Pere Portabella utiliza material de dentro e em volta de outra produção, com o objectivo de recontar a história no seu estilo inimitável. Portabella pode ser descrito como um realizador experimental, esteve fora do mainstream durante a ditadura por necessidade política, e pode parecer estranho ele ter pegado num trabalho mais comercial, como este de Jesus Franco (que também teve os seus problemas com os censores, mas eu optei por deixar o cinema de terror de fora deste ciclo), mas a redefinição de objectivos e a reimaginação de Portabella cria algo, genuinamente, do outro mundo.
Portabella elimina com eficácia qualquer indício do excesso característico de Franco. Em vez das cores ele filma a preto e branco e em 16 mm, por vezes com um contraste tão pronunciado que as imagens parecem esculturas em relevo, e nenhum som diegético é usado até à sequencia final, quando Christopher Lee lê a morte do conde Drácula do próprio livro de Bram Stoker. A banda sonora, de Carles Santos, um colaborador habitual de Portabella, é criada com sons e ruídos dispares.
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