domingo, 11 de outubro de 2015

Pitfall (Otoshiana) 1962

A história começa de um modo bastante simples, com um mineiro (Hisashi Igawa) e o seu jovem filho  (Kazuo Miyahara) a procurarem trabalho. As raízes desta história estão na realidade social dos trabalhadores, com os perigos da mineração do carvão e a exploração dos trabalhadores retratados a fazerem uma espécie de combinação entre ficção e o documentário perturbador. O filme começa com um momento de mal estar, com o mineiro e o seu filho a escaparem de uma ameaça desconhecida.
O mineiro recebe a notícia de que é procurado para um trabalho, e no caminho pede indicações para o que parece ser uma cidade fantasma - quase toda a gente saiu da cidade desde que as minas fecharam. Encontram uma mulher (Sumie Sasaki) que ainda lá vive, e são seguidos por um homem misterioso de fato branco (Kunie Tanaka), cuja proximidade pode sinalizar perigo. Acontecem uma série de eventos, a começar com assassinato violento, que irá levar a outros crimes...
Tal como Akira Kurosawa, Hiroshi Teshigahara era um pintor, quse se tinha formado em 1950 na Universidade de Tóquio de Belas Artes de Música, em pintura a óleo, e isso é demonstrado nos seus filmes, que são preenchidos com imagens ricas e alusões evocativas que são mais sonhadoras do que racionais ou lógicas. Era influenciado por surrealistas, como Salvador Dali ou Luis Buñuel, enquanto o seu próprio pano de fundo era o cinema de documentário. E foi assim que Teshigahara forçou um lugar único no panorama do cinema japonês da década de sessenta, juntando a sua sensibilidade para a vanguarda com um gosto pelo experimentalismo.
Na sua estreia nas longas metragens Teshigahara demonstra muitas das suas tendências estilísticas e temáticas, embora ainda em estado embriónicas. Seria também a primeira de quatro colaborações do realizador com o escritor Kobo Abe. O filme é uma obra fascinante, juntando no mesmo caldeirão o mistério, a fantasia e os problemas sociais, cada um deles com maior relevo, dependendo da forma como o interpretamos. Aqui o mundo é um lugar cruel e implacável, um ambiente opressivo persegue implacavelmente os seus habitantes, impiedosamente indiferente perante os seus esforços inúteis mas incessantes para escapar.  Uma primeira obra magnífica. 

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