quinta-feira, 12 de junho de 2014
O Menino (Shônen) 1969
O rapaz (Tetsuo Abe) tem 10 anos de idade. Ele viaja por todo o país com o pai (Fumio Watanabe), a madrasta (Akiko Koyama) e um jovem irmão (Tsuyoshi Kinoshita). O pai reclama que os ferimentos da guerra, e os diabetes, o impedem de trabalhar, então encontra uma maneira de gerar dinheiro. A madrasta atira-se para a frente de carros que vão a passar e finge-se magoada, para o pai intimidar o motorista para lhe dar um valor em dinheiro. Até que um dia a madrasta fica mesmo lesionada, e descobrem que o rapaz é uma vítima mais rentável...
A trémula bandeira japonesa flutua num silêncio impotente contra um fundo em Technicolor, as paisagens urbanas, lançando um olhar triste no declínio da inocência e a perda de identidade no Japão do pós-guerra. A assustadora ocidentalização destruiu uma geração de pessoas, enquanto eles se afundam num mal estar e desilusão. Estas não são imagens e temas que não sejam familiares à obra de Oshima, ele próprio à deriva, tentando descobrir um sentido, ou propósito maior para o estado alienado das pessoas no seu país. O povo japonês dos anos sessenta era um povo derrotado, sem algum senso de identidade. Oshima mais uma vez foi buscar inspiração a uma história verdadeira, e canalizou nela o sofrimento da sua geração. Os pais são levados para a exploração dos seus próprios filhos para satisfazer as suas necessidades materiais.
"Shonen" não é necessariamente uma chamada para as reformas do bem estar social, como as atrocidades realizadas por causa do materialismo não são um indicativo para as necessidades de sobrevivência. É uma lamentação das prioridades causadas pela ocidentalização. No fundo estas pessoas estão desesperadamente à procura de refúgio, mas os seus esforços são dificultados pelo impacto do mal estar, e o abrigo que procuram ainda não existe.
Legendado em inglês.
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