segunda-feira, 8 de junho de 2020

Cielo Negro (Cielo Negro) 1951

As desventuras de Emilia (Susana Canales), uma humilde costuereira que toma emprestado um vestido de luxo da casa de moda onde trabalha para tentar deslumbrar um colega de trabalho por quem ela se apaixonou.
"Cielo Negro" fecha com uma das sequências mais significativas de todo o cinema espanhol, um longo travelling no qual a câmara segue Emilia, do viaduto da rua Bailén até à basílica de San Francisco el Grande, em Madrid. Um travelling que não deixa de ser um reflexo do país do momento, do julgamento sobre o papel feminino na sociedade na Espanha de meados do Século XX. É uma fotografia da personalidade da personagem, mas não deixa de ser, em nenhum momento, a essência clara e magistral do Cinema. Sem ter de aceitar ou repudiar a mensagem religiosa da submissão, o planeamento, a encenação e a realização dos dez minutos finais deste filme são dignos de estudo, e merecem os maiores elogios. A cena é feita a partir da visão de Emília, a sua predeterminação ao fracasso, à solidão, à decepção pela espécie humana. "Cielo Negro" é a história de um sonho que se transformou em pesadelo, de um amor platónico que foi levado ao engano pelo egoísmo e maldade dos homens.
Realizado por Manuel Mur Oti, que começou a fazer filmes aos 41 anos, quase por acaso, depois de ser extremamente bem sucedido numa série de outras carreiras, como escritor, poeta, argumentista, advogado, e até perfumista. O papel da mulher na sociedade é um dos focos maiores no trabalho de Mur Oti, como se vê aqui neste filme, que embora não fosse o seu primeiro, era a sua revelação.
Legendas em inglês.

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