domingo, 19 de outubro de 2014

Shane (Shane) 1953



Shane envolve-se num conflito entre o vaqueiro Ryker e um grupo de colonos, os Starretts, cuja terra Ryker quer. Quando Shane vence um dos homens de confiança de Ryker, Chris, Ryker tenta comprá-lo, sem sucesso. Depois de Shane e Joe, o pai do clã Starrett terem derrotado os homens de Ryker, este contrata um famoso pistoleiro, para derrotar os nossos heróis.
Seria tão fácil descartar "Shane" como um dos westerns mais bem filmados de sempre. A sua história já foi feita tantas vezes, que se tornou um cliché. Um pistoleiro solitário tentando deixar o passado para trás, chega a uma cidade onde tem de usar as armas novamente em nome do bom povo da cidade, contra os assassinos do barão do gado local. Apesar do enredo ser bastante simples superficialmente, há muito mais a acontecer do que parece.
Desde os primeiros momentos em que o pequeno Joey grita, "Somebody's comin', Pa!", e vemos pela primeira vez Alan Ladd como Shane, cavalgando para a herdade dos Starrett, que percebemos que há algo misterioso nesta personagem solitária. Que ele é um pistoleiro com um passado negro é óbvio, mas os detalhes do seu passado nunca são revelados, assim como de onde ele vem, nem para onde ele vai. É através dos olhos do pequeno Joey que vemos quase todo o filme, para ele Shane é o herói ideal, e aos seus olhos qualquer pecado lhe é perdoado, embora ele sinta que existem acções obscuras no passado de Shane.
Realizado por George Stevens, e ao contrário de muitos outros westerns, este é um filme de actores. A personagem de Ladd ficou mítica, assim como o jovem Joey interpretado por Brandon de Wilde, um actor bastante prometedor falecido muito cedo. Jean Arthur tinha o seu último papel no cinema, mas o grande destaque vai para o vilão de Jack Palance, um dos seus primeiros papéis do cinema, e um dos melhores vilões alguma vez trazidos ao grande ecrã. Valeu-lhe logo uma nomeação ao Óscar.
Foi uma forte inspiração para o homem sem nome de Clint Eastwood na trilogia dos dólares, e em muitos filmes posteriores.
Foi uma escolha do Nuno Fonseca.

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2 comentários:

Manuel Margarido disse...

Vi este filme quando era miúdo, num cinema-barracão montado num descampado em São Marcos, Cacém, Literalmente no meio de erva, pastos, cães e cabras. Inesquecível filme, inesquecível sala de cinema (também lá veria o Sansão e Dalila). O fumo saía pelas frinchas, a luz entrava por elas dentro, os espectadores - operários recém-chegados do mundo rural ao subúrbio. O cinema via-se às 5 da tarde de domingo. Se calhar nunca mais foi tão arrebatador.

flops disse...

Tenho muita dificuldade de aceitar o papel dos EUA no mundo atual. Na verdade, é impossível aceitar que um país queira ser o grande xerife do planeta. Viram muito farwest. penso sempre que tento explicações. Viram muito duelo, muito bem x mal se enfrentando. Acontece que o mundo real é muito mais complicado que essas reduções, branco x preto, feio x bonito, impotência do entendimento sempre que tudo precisa ser só ou-isso ou-aquilo.

E se precisou de um italiano para elevar o farwest às alturas da revolução mexicana, dos tiroteios das máfias noviorquinas. (Será por acaso que Giu La Testa seja o filme menos divulgado do grande Leone?)

As guerras americanas atuais são nostalgia de duelistas sem dentes. Usam drones. Brancos de neve, ficaram só com o máximo ódio ao diferente. E somos nós -- um munto inteiro, todos pretos --, que morreremos o suicídio deles.

Abraço, ch!
f