quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Greetings (1968) / Hi, Mom! (1970)



Depois da estreia de "Murder a la Mod", Brian de Palma começou a fazer filmes underground bastante baratos. Os dois filmes mais notáveis do seu inicio de carreira são "Greetings" (1968), e "Hi, Mom!" (1970), que mostravam De Palma como um talentoso realizador, com um enorme sentido de tempo e lugar, e como sendo um brincalhão espiritual. Estreado apenas oito meses depois de "Murder a la Mod", "Greetings" não parecia um filme para ir muito longe, feito com apenas $39,000, não estava particularmente interessado em seguir uma trama tradicional, e foi o primeiro filme a receber a polémica classificação "X". Mas enquanto não era um sucesso de público, conseguiu acumular um milhão de dólares no box-office, estabelecendo de Palma como um talento emergente.
A trama do filme seguia três amigos Paul (Jonathan Warden), um jovem obcecado por mulheres, Lloyd (Gerrit Graham), um jovem obcecado com o assassinato de Kennedy, e Jon Rubin (Robert De Niro), um realizador que deseja transformar uma espécie de arte, com voyeurismo e pornografia, em algo que chama de “Peep Art”. Os três perseguem jovens meninas, tentam fugir à guerra do Vietname, e não ser apanhados nas suas próprias obsessões.
De Palma não esconde as suas influências, nomeadamente a influência de Hitchcock, alguns jump cuts da Nouvelle Vague, a abordagem com um sentimento verité, referências constantes a "Blow-Up", de Michelangelo Antonioni, mas a sua relização é muito mais segura do que no filme anterior. Há sempre algo a acontecer, tanto no plano geral como em fundo, que dá a De Palma a hipótese de mostrar o que está a acontecer a várias personagens ao mesmo tempo.




A sequela de "Greetings" chamava-se "Hi, Mom", e era ainda melhor. Enquanto "Greetings" colocava de Palma e De Niro, no estatuto de pessoas a seguir, "Hi Mom" elevava-os ainda mais, e deu-lhes mais hipóteses de mostrarem os seus talentos. Deixamos de seguir as co-estrelas de De Niro no filme anterior, e concentramo-nos no seu Jon Rubin, que segue o sonho de "peep artist", apanhado no mundo underground da arte, e tornando-se numa figura revolucionária da América. A primeira parte do filme é um cruzamento entre o estilo irreverente de Godard, e uma comédia. Homenagem desprezível a "Janela Indiscreta" de Hitchcock com o personagem de De Niro a tentar filmar os prédios à sua volta, para captar imagens de "momentos privados", e de jovens a despirem-se. A segunda parte do filme satiriza o cinema verité, com jovens revolucionários em Nova Iorque.
A Nova Iorque de De Palma é ainda mais bem definida aqui. O cinema verité mostra o choque entre a burguesia da cidade e os radicais de esquerda de Greenwich Village/Panteras Negras. É um mundo completamento formado, e com um mestre a explorá-lo.
"Hi, Mom!" é ainda mais episódico do que "Greeting", mas também mais engraçado e cheio de momentos de bravura. A exploração do cruzamento entre a pornografia e a mais pretensiosa arte é grande: De Niro tem uma reunião com um produtor de pornografia, que se queixa que demasiados filmes para adultos têm actrizes a quem não foi dito que tipo de personagem iam interpretar, e assim não conseguem atingir toda a sua potencialidade. O filme também reconhece todo o seu voyeurismo e artificialidade de formas diferentes: shots longos de De Niro a espiar personagens, convidando o espectador a tornar-se ele próprio um espião.
Charles Durning é outro dos protagonistas, ele que viria a tornar-se um habitual dos filmes de De Palma.

Greetings Imdb
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Hi, Mom! Imdb
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