domingo, 5 de outubro de 2014
Os Esquecidos (Los Olvidados) 1950
Um grupo de crianças brinca num terreno baldio, subindo escombros e tentando arranjar algo para passar o tempo. Já aqui sentimos a falta de direcção que a vida destes jovens está a ter, mas eis que chega Jaibo, um jovem recentemente fugido da cadeia, e por isso mesmo visto como um herói pelas outra crianças. Ele anda a recrutar jovens para outro gang, e é aqui que o impressionável Pedro vai iniciar a sua descida em direcção ao Inferno deixando de roubar por necessidade e passando a fazê-lo por prazer, tornando-se num cruel criminoso.
Luis Buñuel mostra-nos a descida de Pedro, primeiro com a sua aceitação do comportamento desnecessariamente cruel perante um velho e cego artista de rua. Testemunhamos a sua relação difícil com a mãe, e os seus sonhos surreais de sexo e morte, bom como algumas das imagens mais chocantes e desesperantes do filme, com um jovem a ser abandonado numa esquina pelo pai. Jaibo eventualmente envolve-se com a mãe de Pedro, completando o trágico círculo da sua existência disfuncional.
Estas imagens de sofrimento teriam sido lugar comum para criar algumas convenções de heróis e vilões de Hollywood, vitórias e derrotas. Mas neste filme ninguém ganha, e não existem soluções, apenas um retrato sombrio da humanidade, e a profundidade de quanto fundo pode ir o futuro destas crianças.
O ponto de vista do realizador Luis Buñuel é único e visionário. Ele foi capaz de projectar os seus ideais de vanguarda mesmo dentro de um "studio system". Apesar de "Los Olvidados" ter sido rejeitado comercialmente dentro do seu país (México), quando da sua estreia, ganhou aclamação da crítica seis meses depois, quando foi exibido em Cannes, ganhando o prémio de Melhor Realizador no festival, e assinalando o seu regresso ao topo do cinema mundial, depois dos gloriosos anos 30.
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