quinta-feira, 30 de outubro de 2014
Horrors of Malformed Men (Kyôfu kikei ningen: Edogawa Rampo zenshû) 1969
Depois de fugir de um asilo de loucos, um jovem estudante de medicina assume a identidade de um homem morto para descobrir a verdadeira identidade de um homem cuja foto ele viu no jornal, e é exactamente o seu duplo. A investigação leva-o a uma ilha isolada, onde ele descobre um estranho laboratório, onde um cientista louco faz experiências horríveis com seres humanos vivos, e a sua própria familia tem uma ligação ao cientista.
Mentes originais fazem filmes originais, esse é o caso do japonês Teruo Ishii, que realizou mais de 80 filmes desde a sua estreia em 1957 até à sua morte em 2005. Embora seja mais conhecido pela sua série de denuncias sobre práticas desprezíveis, o seu catálogo contém alguns filmes de uma ousadia completamente diferente. "The Horror of Malformed Men" é uma das experiências mais singulares, não só do realizador, mas de toda a cinematografia japonesa, combinando um conjunto de influências que vão desde o "Rampo to butoh" a traumas pós-nucleares, que algumas pessoas sofreram depois dos rebentamento das bombas na Segunda Guerra Mundial.
Contar a história deste filme é fútil. Apesar de ter uma natureza narrativa, esta não tem nenhuma lógica aparente. Ishii e o seu co-argumentista, Masahiro Kakefuda, juntaram no mesmo caldeirão variados elementos do escritor Edogawa Rampo, incluindo The Human Chair (Ningen Isu), The Stroller in the Attic (Yaneura no Sanposha), The Twins (Soseiji) e o do título da história, e embrulhou-os à volta de um jovem médico, com amnésia que procurava o seu pai. Rampo era um escritor muito popular no Japão, uma espécie de Edgar Allen Poe para a cultura daquele país, e por isso uma honra para Ishii poder adaptar a sua obra ao cinema.
O filme parece-se muito com um livro passado para o grande ecrã, repleto de estranhos detalhes e reviravoltas peculiares. "Horrors of Malformed Men" é provavelmente um dos filmes mais estranhos que vão ver, mas é precisamente a natureza imprevisível da história que é tão envolvente. Tem algumas alusões (óbvias) para a obra de H.G. Wells, "The Island of Dr. Moreau", mas consegue ter a originalidade de seguir por outro caminho. No momento em que a história atinge o seu climax, o espectador é bombardeado com tantas revelações bizarras, tantas histórias paralelas, que é difícil não aplaudir a audácia do realizador.
Na altura da sua estreia foi banido, e durante várias décadas foi impossível ser visto. Até aparecer em DVD, em 2007.
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