quarta-feira, 1 de abril de 2020

40 dias 40 filmes – Cinema em Tempos de Cólera: “O Anjo Exterminador” de Luis Buñuel

O “Jornal do Fundão“, os “Encontros Cinematográficos”, o “Lucky Star – Cineclube de Braga“, o “My Two Thousand Movies” e “A Comuna” associaram-se nestes tempos surreais e conturbados convidando quarenta personalidades, entre cineastas, críticos, escritores, artistas ou cinéfilos para escolherem um filme inserido no ciclo “40 dias 40 filmes – Cinema em Tempos de Cólera”, partilhado em segurança nos ecrãs dos computadores de vossa casa através do blogue “My Two Thousand Movies”. O primeiro convidado é o escritor Manuel da Silva Ramos, que escolheu El Ángel Exterminador de Luís Buñuel e justificou a sua escolha com um “porque ninguém CONSEGUE sair de casa.”

Sinopse: “A melhor explicação para El Angel Exterminador é que, racionalmente, não tem nenhuma”. Assim “explica” Luis Buñuel a sua obra-prima e o penúltimo filme que dirigiu no México, fábula feroz sobre a burguesia presa dos seus conceitos, preconceitos e ideias feitas, onde um grupo de pessoas é misteriosamente impedido de sair de uma festa.

Como escreveu João Bénard da Costa na sua Folha da Cinemateca sobre o filme, “interpretar El Ángel Exterminador é tarefa impossível. As pistas são tantas, os despistes também, que qualquer tentativa de racionalizar o irracional está à partida condenada ao fracasso. O prodigioso é observar as pequenas mudanças, a lenta introdução do insólito, que começa em torno do caviar, das discussões dos criados e da precipitada saída de alguns deles e vai introduzir-se, pouco a pouco, na festa. Ao princípio tudo parece uma sucessão de diálogos irrisórios, paródia à burguesia ali reunida, como Buñuel já havia feito em muitos filmes anteriores (recorde-se, por exemplo, a boda de Ensayo de un Crimen). Uma convidada pergunta a um Coronel como se sente na pele de herói. Este responde que tem horror aos canhões e que a pátria não é mais do que um conjunto de rios que vão dar ao mar. “Ao mar que é a morte” continua a exaltada senhora. “É isso. Morrer pela pátria” continua o Coronel. E é só o princípio.”

Amanhã, a escolha de Mário Fernandes.

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