segunda-feira, 27 de abril de 2020

40 dias 40 filmes – Cinema em Tempos de Cólera: “O Castelo Branco”, de Johan van der Keuken

O Jornal do Fundão, os Encontros Cinematográficos, o Lucky Star – Cineclube de Braga, o My Two Thousand Movies e a Comuna associaram-se nestes tempos surreais e conturbados convidando quarenta personalidades, entre cineastas, críticos, escritores, artistas ou cinéfilos para escolherem um filme inserido no ciclo “40 dias, 40 filmes – Cinema em Tempos de Cólera”, partilhado em segurança nos ecrãs dos computadores de vossa casa através do blog My Two Thousand Movies. O vigésimo sétimo convidado é o realizador belga Mieriën Coppens, que escolheu O Castelo Branco de Johan van der Keuken.


Sinopse: Misturando imagens da meca do turismo espanhol, Formentera, de um centro comunitário em Columbus, Ohio, e de fábricas na Holanda, o filme ilustra nitidamente as vidas fragmentadas e alienadas que a economia de mercado produz e retrata friamente o que Van der Keuken viu como ‘uma correia transportadora [que] atravessa o mundo’. 

Van Keuken disse em entrevista a Bérénice Reynaud que «o aspecto simbólico do meu trabalho nem sempre é percebido pelo espectador. Eu passo por símbolos para voltar a uma percepção mais intensa, mais descritiva e talvez mais difícil do Real. Há uma multiplicidade de níveis, porque eu não me posso colocar num nível puramente materialista. O aspecto material/materialista das coisas é como uma ferramenta para perceber o que está a acontecer no mundo. Também há um aspecto especulativo, que não posso recusar totalmente, mesmo que não deva fazer “demais” com isso, e mantê-lo sempre na sua justa perspectiva. Ao mesmo tempo, fico muito ansioso, bem, com a perfeição, i.e., gostava de ser capaz de mostrar algo com clareza absoluta. No entanto, estou perfeitamente ciente de que sou um cineasta a trabalhar com a aproximação... Sim, pode-se dizer que há um elemento lúdico no meu trabalho, que o cinema é um “brinquedo de construção” para mim, mas, ao mesmo tempo, há coisas que são tão reais e tão poderosas que não podem ser dominadas. Daí entrarmos no reino da aproximação. Não posso aceitar o plano angular perfeito de campo/contra-campo como a “verdade” de um filme. Há uma parte de mim que desespera por nunca ser capaz de “dizer a coisa certa.”» 

Mieriën Coppens deixou-nos o seguinte poema: 

“Local de convalescença, perto da água. 
Isolado, um chão. 
Tantos motivos. 
Tantos laços mútuos. 
O quadro ilegível. 
O futuro.” 



Nota: o filme não tem legendas, mas também não tem muitos diálogos.


Amanhã, a escolha de Patrícia Saramago. 

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