segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Capítulo 12 - Erótico

Esta era a secção mais sexual de todas, e era formada por duas sub-secções: a pornográfica, para maiores de 18, e que era das mais procuradas nos video clubes. Não iremos falar dela neste ciclo. E depois havia a secção erótica. Fugindo à exposição do sexo e dos actos sexuais, a arte erótica prefere os meios tens da penumbra, prefere a sugestão à revelação, as roupas em desalinho à nudez total. Não era assim das secções mais procuradas, mas que albergava escondidos alguns filmes interessantes.

Emmanuelle (Emmanuelle) 1974
A exótica Tailândia. É lá que Emmanuelle (Sylvia Kristel), uma linda e sensual modelo viaja para encontrar o marido diplomata, Jean (Daniel Sarky), bem mais velho do que ela. Ambos são bem tolerantes com os casos extraconjugais do outro. Embora Emmanuelle tenha aprendido muitas coisas sobre o amor com o marido, Jean acredita que ela se deva aventurar em novas experiências eróticas. Seguindo o conselho, Emmanuelle faz sexo com a filha da sua vizinha, mas é pela fotógrafa loira, Bee (Marika Green), por quem ela se apaixona.
"Emmanuelle" causou bastante agitação quando foi lançado em 1974, apesar de ser muito soft para os padrões de hoje em dia. É uma espécie de clássico de culto para quebrar muitos tabus, como o lesbianismo, os trios e o sexo duro. Normalmente recebe criticas favoráveis por ser considerado inovador, mas se for observado com um olhar crítico é um filme bastante pobre. Realizado pelo francês Justin Jaeckin, e protagonizado por Sylvia Kristel, que depressa se tornaria uma estrela, foi seguido por seis sequelas, todas de um nivel de qualidade pouco elevado.

O Império dos Sentidos (Ai No Korida) 1976
Japão, 1936. Sada (Eiko Matsuda), uma ex-prostituta, inicia um tórrido caso com Kichizo (Tatsuya Fuji), o seu actual patrão. O que parecia uma diversão inconsequente logo se transforma numa intensa relação regida pela obsessão do prazer. Para os amantes não existem fronteiras na busca do mais completo êxtase. É o amor louco.
Nagisa Oshima nunca foi um estranho para a controvérsia. Desde que começou a realizar filmes no final da década de cinquenta, que a sua inclinação esquerdista, política e filosófica, além de basear os seus filmes em eventos escandalosos da vida real, o colocavam em perigo, na rota de colisão com os censores. Um dos seus primeiros filmes, "Night and Fog  in Japan", foi retirado dos cinemas por razões políticas. No entanto, o seu filme mais famoso, apensar de nem estar entre os seus melhores, é este "O Império dos Sentidos", que juntamente com "O Último Tango em Paris", de Bernardo Bertolucci, e alguns filmes de Pier Paolo Pasolini, ajudaram a redefinir os limites da sexualidade, dentro de um certo "cinema de arte". Ao contrários dos filmes de Pasolini e Bertolucci, "O Império dos Sentidos" foi particularmente controverso por causa das suas representações gráficas da sexualidade, que ultrapassavam os limites das restrições legais sobre a "obscenidade" no Japão, razão pela qual parte do filme teve de ser filmado e montado em França.
Na altura colocava-se a questão: erótico ou pornográfico? Esse factor já foi ultrapassado passados tantos anos, mas continua a ser um filme actual.

Vícios Privados, Públicas Virtudes (Vizi Privati, Pubbliche Virtù) 1976
Os irmãos Sofia e Franz fazem parte da vida de escândalos de um jovem príncipe. Os três mantêm um relacionamento sob suspeita: Sofia pode ser meia-irmã do príncipe. Diz-se que a sua mãe, quando jovem, era amante do imperador. Um dia, eles inventam que é aniversário do príncipe e organizam uma grande festa, transformando o castelo no palco de uma orgia, com todos os jovens ricos do império. O resultado revela-se muito comprometedor.
Uma interpretação do histórico incidente de  Mayerling envolvendo um assassinato-suicidio escandaloso, do Príncipe da Áustria, herdeiro do trono do império Austro-Húngaro. Este filme de arte de Miklós Jancsó decide ir pelo mesmo caminho de uma histórica orgia de Ken Russell, ou pelo desfile de carne de Borowczyk.O príncipe e os seus convidados têm "threesomes", "foursomes" com um hermafrodita, violam o general, têm orgias selvagens, dançam nús todo o dia, enquanto conspiram para derrotar ou humilhar o imperador. A idéia artística é contrastar a juventude permissiva, sexualmente liberta com o antigo regime repressivo.
Passou no festival de Cannes em 1976.

Contos Imorais (Contes Immoraux) 1974
O filme conta 4 histórias, que por muitos são consideradas imorais:
- La Marée: Rapaz induz a prima adolescente ao sexo, numa praia deserta, durante a maré alta. 
Thérèse Philosophe: Em 1890, uma menina é trancada num quarto de castigo, e tem alucinações sexuais com santos.
Erzébet Báthory: Em 1610, uma condessa húngara usa as suas jovens súbditas para estranhos prazeres sensuais. 
Lucrezia Bórgia: em 1498, Lucrecia Bórgia visita o pai, o Papa Alexandre VI, e o seu irmão; o Cardeal Cesare e com eles mantém relações sexuais, enquanto o dominicano Savonarola é preso por denunciar a imoralidade dos religiosos, que também era pregada por São Jeronimo.
Walerian Borowczyk começou a sua carreira profissional como animador, mas assim que se formou começou a fazer o que eram chamados de "blue movies", mas, ao contrário de outros, ele não se considerava um pornógrafo, que os filmes que ele fazia se debruçavam sobre o território erótico. Era dificil de explicar a diferença entre os dois, sobretudo nesta louca década de setenta, tanto dava a perversões sexuais, mas, sobretudo, os filmes de Borowczyk, eram regados por uma certa classe e sofisticação, que o afastavam dos filmes então denominados de pornográficos.

1 comentário:

Bruno disse...

Isto é só pipís!!!