domingo, 17 de janeiro de 2016

Berlin Alexanderplatz (Berlin Alexanderplatz) 1980

Franz Biberkpf é libertado da prisão na qual cumpria quatro anos pelo homicídio da sua namorada Ilda. Ele está determinada a viver uma vida honesta, mas numa sociedade que é desonesta isto leva-o rapidamente a um mundo fora-da-lei. É aí que ele conhece o pequeno gangster Reinhold e por causa dele perde a sua mão direita e quase perde a vida. Conhece também Mieze, a mulher da sua vida, que por ele se prostitui nas ruas - profissão mais honesta que é dada a ver neste filme.
Em 1979-1980, Fassbinder consegue finalmente a oportunidade para filmar o seu magnum opus, o romance de Alfred Doblin "Berlin Alexanderplatz". Editado em 1929, trata-se de uma obra de maior importância para o desenvolvimento pessoal e político de Fassbinder. Ele escreveu em detalhe sobre isso em "As Cidades do Homem e a sua Alma". Fassbinder leu pela primeira vez o romance aos 14 ou 15 anos, "durante uma puberdade quase assassina" e pela segunda vez cinco anos mais tarde, quando iniciou a sua carreira artística como realizador. Nessa altura, já tinha decidido filmar o romance de Doblin, que por sua vez influenciou toda a sua obra através de uma plêiade, consciente e inconsciente, de citações, ligações, ligações temáticas e pontos de referência políticos em comum. Durante a puberdade, o romance pura e simplesmente ajudou-o a sobreviver enquanto ser humano.
No seu filme de estreia, o próprio Fassbinder interpreta Franz, que devia o seu nome ao protagonista do romance de Doblin; o triângulo amoroso deste filme também é inspirado em Berlin Alexanderplatz.  Em "Os Deuses da Peste" o personagem principal também se chama Franz, e o enredo está relacionado com o livro de Doblin; Em "O Direito do Mais Forte à Liberdade", Fassbinder intepreta um prostituto com o nome completo de Franz Biberkopf. Em "Der Mull, die Stadt un der Tod", o proxeneta chama-se Franz B., que na versão cinematográfica da peça de Daniel Schmid é interpretada pelo próprio Fassbinder. Logo, Fassbinder teve muitas oportunidades para interpretar Franz Biberkopf, mas ele explicitou em várias ocasiões que em "Berlin Alexanderplatz" queria o papel do adversário: Reinhold. Fassbinder tinha ambas as personagens dentro de si - a tal ponto que lhe era dificil conceber Franz sem Reinhold.
Em "Berlin Alexanderplatz, como em filmes anteriores, Fassbinder retrata as lutas e as tensões interiores com muito maior precisão, quando transforma a realidade reconhecível num espaço onírico através da distorção e estilização. Aí, ele vai na direcção oposta e converte os sonhos e pesadelos em imagens de cinema concretas. Mas para entrar dentro dos seres humanos, é preciso permanecer de fora - e isso parece ser uma regra indispensável em cinema.  Para poder filmar o modo como o medo come a alma, a câmara tem de ficar de fora. Mas permanecer fora da alma não significa rebaixar a câmara a mero instrumento de gravação naturalista da realidade superficial. A realidade pode ser tratada; o mundo exterior e reconhecível pode ser tornado simbólico com a ajuda de cor, luz, composição e distribuição das personagens.
Texto de Christian Braad Thomsen 

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1 comentário:

José Figueiredo disse...

Fabuloso.