quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

O Machão (Katzelmacher) 1969

Jorgos (Fassbinder) é um jovem que saiu da Grécia para trabalhar numa pequena cidade alemã. Quando chega ao local, a nova vizinhança estranha a sua situação de estrangeiro e um ambiente hostil desperta. Optimista, ele tenta dar-se bem com os vizinhos, mas a intolerância é maior e no fim Jorgos apenas quer voltar para o país natal.
O segundo filme de Fassbinder conseguiu uma grande aclamação, que o colocava na rota para se tornar uma das figuras centrais do Novo Cinema Alemão.  Filmado em apenas nove dias, com um budget de 25000 dólares, "Katzelmacher" é, em parte, uma história sobre problemas sociais, que era adaptada de uma peça que Fassbinder escreveu, e interpretou. Tal como muitos filmes posteriores do realizador, era uma crítica azeda da sociedade contemporânea alemã, e explorava muitos dos temas que viriam a ser associados a Fassbinder: a juventude perdida, o racismo, a luta de classes nas relações, e a queda do capitalismo.
 "Katzelmacher" definia e tipificava o tipo de filme que Fassbinder faria na primeira fase da sua carreira. Inspirado pelas obras da Nouvelle Vague, aqui, principalmente, por "Vivre Sa Vie" (1962), de Godard, Fassbinder cria um universo onde as personagens vivem sem brilho, vidas sem sentido num ambiente monótono, incapazes de comunicarem uns com os outros, ou aceitar pessoas de círculos diferentes, principalmente se forem estrangeiros.  Fassbinder utiliza takes longos e estáticos, com personagens sem emoções, que mal se olham uns para os outros, mostrando a desumanidade deste mundo, de onde toda a paixão e compreensão parecem ter sido erradiadas.
A tentativa de representar a sociedade alemã desta forma era bastante desafiante para o espectador, e bastante reveladora de como Fassbinder via o seu próprio povo na altura em que o milagre económico das últimas décadas estava agora a parecer uma miragem. O final da década de sessenta foi marcado por um acréscimo do sentimento de xenofobia na Alemanha, principalmente porque muitas empresas começaram a reduzir custos empregando mão de obra mais barata, os estrangeiros. Tal como muitos intelectuais da sua geração, Fassbinder sabia onde a intolerância racial havia levado o país no passado, e  "Katzelmacher" é um dos mais poderosos filmes anti-racistas do realizador, e anti-fascistas. Fassbinder iria aprofundar mais o tema, de um ângulo muito diferente, em "O Medo Come a Alma" (1974)
  
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2 comentários:

Anónimo disse...

Boas! este link está em baixo : (

My One Thousand Movies disse...

Aqui está bom...