terça-feira, 29 de abril de 2014
Ghidrah, the Three-Headed Monster (San Daikaijû: Chikyû Saidai no Kessen) 1964
Um meteorito enorme caíu na terra, e dele emerge Ghidrah, um monstro do espaço com três cabeças, com a intenção de destruir o Planeta Terra. Ao perceberem o quanto mortal este novo monstro é, as fadas gémeas da Infant Island convocam o monstro Mothra, para comunicar com Godzilla e Rodan, para juntos cooperarem na destruição deste poderoso monstro. Mas com um passado a lutarem entre si, será que os monstros da terra conseguem unir-se ao ponto de destruírem esta ameaça?
Quinta entrada no franchise de Godzilla, este filme marcaria uma grande mudança na história desta saga. Em primeiro lugar, seria o filme em que a Godzilla se tornaria uma criatura boa, e também marcaria um novo rumo para os filmes Kaiju da Toho. Os filmes anteriores não eram muito diferentes dos filmes de monstros de terror americanos, tirando o facto deles aqui serem muito maiores e mais difícil de matar. Godzilla, Rodan, Varan, e Angiras eram basicamente dinossauros disfarçados. Mothra era uma variação dos monstros-insectos que surgiram na sequência de "Them!!. Mogera não era muito diferente de muitos filmes com robots gigantes, e o monstro de "King Kong vs. Godzilla" era directamente importado de um outro filme americano. Mas King Ghidorah, a fazer aqui a sua primeira aparição, era outro assunto. Um dragão cuspidor de raios, com três cabeças e duas caudas, era de longe mais fantástico do que o universo que Ray Harryhausen estava a criar no stop motion, baseado na mitologia contemporânea. A destruição que este filme provoca no Japão é muito mais elaborada do que qualquer outro trabalho tentado pelo director de efeitos especiais, Eiji Tsubaraya. Infelizmente, "Ghidrah the Three-Headed Monster" também difere de qualquer outra história que tenha sido feita sobre Godzilla anteriormente. A história humana está completamente separada do resto do filme, do embate dos monstros, transmitindo a sensação de que tenha sido montada a partir de dois filmes paralelos completamente diferentes.
"Ghidrah the Three-Headed Monster"apareceu numa altura em que a série Godzilla se preparava para dar o salto para um território mais amigável. Felizmente isso não torna o filme demasiado infantil, incorporando o suficiente de um espírito extravagante para manter a diversão no espectador.
Legendas em inglês.
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segunda-feira, 28 de abril de 2014
Godzilla Raids Again (Gojira no Gyakushû) 1955
Na segunda entrada da série, um novo monstro é introduzido para lutar contra Godzilla. A nova criatura chama-se Anguirus e é parecida com uma tartaruga gigante. Os dois monstros travam uma batalha épica, devastando tudo o que aparece no caminho.
Um ano depois do estrondoso sucesso de "Godzilla" da Toho ter tomado o mundo com uma tempestade, era preciso capitalizar o sucesso do monstro, e rapidamente a produtora japonesa começou a trabalhar numa sequela. Realizada por Motoyoshi Oda, não era um filme que quisesse apanhar a culpa e a tristeza de uma nação a recuperar da devastação da Segunda Guerra Mundial e a denotação da bomba atómica, mas é o filme "kaiju" determinado a mostrar uma maior onda de destruição. "Godzilla Raids Again" era o primeiro filme da série "Godzilla" a colocar o lendário monstro contra outra criatura poderosa, algo que seria habitual no posterior trabalho da Toho. A destruição não chega sequer perto da autenticidade do primeiro filme (vamos chamar-lhe autenticidade), e as sequências de destruição em miniatura parecem mais vocacionadas para preencher o tempo do que causar arrepios.
O filme de Ishiro Honda estava dirigido para o grande espectáculo, e tinha uma forte presença humana e uma tristeza meditativa que atiravam a destruição radioactiva para segundo plano. Esta sequela não faz uma abordagem tão subtil, e o filme lança-se de cabeça na destruição, e nunca olha para trás.
Para trás fica o tom sério e corajoso do primeiro filme, e o evento principal, que é a batalha dos dois monstros, não é executada da melhor forma. Fica uma sequela para os curiosos.
Legendas em inglês.
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domingo, 27 de abril de 2014
Godzilla
Japão, anos 50. Pairava no ar o medo sobre a guerra nuclear, depois da explosão das bombas de Hiroshima e Nagasaki. Entretanto, em 1952 chega ao Japão um filme americano sobre um monstro gigantesco chamado The Beast From 20,000 Fathoms. Este filme tornar-se-ía um enorme sucesso no país, e graças a ele estavam abertas as portas para um novo sub-género no cinema japonês, o Kaiju Eiga.
Juntava-se perigo nuclear, monstros enormes e ameaçadores, e era um sucesso garantido nas salas de cinema orientais.
Quem teve a idéia foi uma produtora chamada Toho. Em 1954 a Toho entrou no mundo da ficção científica como um filme chamado "Godzilla". Uma criação de Tomoyuki Tanaka, Godzilla era um símbolo da ineficácia japonesa em prol do militarismo americano, do armamento atómico e a percepção do país ser um mosquito insignificante aos olhos do poder ocidental. "Godzilla" seria o filme japonês mais caro de sempre, até então, e os resultados de bilheteira ultrapassaram largamente as expectativas, uma vez que o sucesso do filme ultrapassou as fronteiras do Japão.
Além da analogia única da devastação atómica, "Godzilla" também fazia um uso simples das técnicas dos efeitos especiais, usando um homem vestido de monstro rodeado de edifícios em miniatura para criar a ilusão de um monstro destruidor em fúria. Este método foi idealizado pelo mestre de efeitos especiais da Toho Eiji Tsuburaya, hoje considerado o avô dos efeitos especiais japoneses.
Claro que o sucesso do filme originou sequelas, e a Toho viria a envolver o monstro Godzilla em 28 filmes, entre 1954 e 2004. Claro, uns melhores, outros piores, mas muitos deles nunca chegaram ao Ocidente, e poderão ser encontrados apenas em DVD.
Aqui fica uma lista de todos os filmes de Godzilla produzidos pela Toho:
1. Gojira (1954) aka Godzilla
2. Gojira no gyakushû (1955) aka Godzilla Raids Again
3. Kingu Kongu tai Gojira (1962) aka King Kong vs. Godzilla
4. Mosura tai Gojira (1964) aka Mothra vs. Godzilla
5. San daikaijû: Chikyû saidai no kessen (1964) aka Ghidorah, the Three-Headed Monster
6. Kaijû daisenso (1965) aka Godzilla vs. Monster Zero
7. Gojira, Ebirâ, Mosura: Nankai no daiketto (1966) aka Ebirah, Horror of the Deep
8. Kaijûtô no kessen: Gojira no musuko (1967) aka Son of Godzilla
9. Kaijû sôshingeki (1968) aka Destroy All Monsters
10. Gojira-Minira-Gabara: Oru kaijû daishingeki (1969) aka All Monsters Attack
11. Gojira tai Hedorâ (1971) aka Godzilla vs. Hedorah
12. Gojira tai Megaro (1973) aka Godzilla vs. Megalon
13. Chikyû kogeki meirei: Gojira tai Gaigan (1972) aka Godzilla vs. Gigan
14. Gojira tai Mekagojira (1974) aka Godzilla vs. Mechagodzilla
15. Mekagojira no gyakushu (1975) aka Terror of Mechagodzilla
16. Gojira (1984) aka Godzilla 85
17. Gojira vs. Biorante (1989) aka Godzilla vs. Biollante
18. Gojira vs. Kingu Gidorâ (1991) aka Godzilla vs. King Ghidorah
19. Gojira vs. Mosura (1992) aka Godzilla vs. Mothra
20. Gojira VS Mekagojira (1993) aka Godzilla vs. Mechagodzilla II
21. Gojira VS Supesugojira (1994) aka Godzilla vs. Space Godzilla
22. Gojira VS Desutoroia (1995) aka Godzilla vs. Destroyah
23. Gojira ni-sen mireniamu (1999) aka Godzilla 2000
24. Gojira tai Megagirasu: Jî shômetsu sakusen (2000) aka Godzilla vs. Megaguirus
25. Gojira, Mosura, Kingu Gidorâ: Daikaijû sôkôgeki (2001) aka Godzilla, Mothra and King Ghidorah: Giant Monsters All-Out Attack
26. Gojira tai Mekagojira (2002) aka Godzilla vs. Mechagodzilla III
27. Gojira tai Mosura tai Mekagojira: Tôkyô S.O.S. (2003) aka Godzilla: Tokyo S.O.S.
28. Gojira: Fainaru uôzu (2004) aka Godzilla: Final Wars
No ciclo que vos proponho esta semana, vamos reviver a primeira vaga de filmes da Godzilla produzida pelos estudios Toho, entre 1954 e 1975. Recordo que o primeiro filme da série já tinha passado por aqui, durante o ciclo da "Sci-Fi dos anos 50". Podem já avançar com ele:
Godzilla - O Monstro do Oceano Pacífico (Gojira) 1954
Esta semana iremos ver mais alguns. Aqui fica a lista:
Segunda: Godzilla Raids Again (1955)
Terça: Ghidorah, the Three-Headed Monster(1964)
Quarta: Son of Godzilla (1967)
Quinta: Destroy All Monsters (1968)
Sexta: Godzilla vs. Mechagodzilla (1974)
Espero que seja do vosso agrado. Até amanhã.
Juntava-se perigo nuclear, monstros enormes e ameaçadores, e era um sucesso garantido nas salas de cinema orientais.
Quem teve a idéia foi uma produtora chamada Toho. Em 1954 a Toho entrou no mundo da ficção científica como um filme chamado "Godzilla". Uma criação de Tomoyuki Tanaka, Godzilla era um símbolo da ineficácia japonesa em prol do militarismo americano, do armamento atómico e a percepção do país ser um mosquito insignificante aos olhos do poder ocidental. "Godzilla" seria o filme japonês mais caro de sempre, até então, e os resultados de bilheteira ultrapassaram largamente as expectativas, uma vez que o sucesso do filme ultrapassou as fronteiras do Japão.
Além da analogia única da devastação atómica, "Godzilla" também fazia um uso simples das técnicas dos efeitos especiais, usando um homem vestido de monstro rodeado de edifícios em miniatura para criar a ilusão de um monstro destruidor em fúria. Este método foi idealizado pelo mestre de efeitos especiais da Toho Eiji Tsuburaya, hoje considerado o avô dos efeitos especiais japoneses.
Claro que o sucesso do filme originou sequelas, e a Toho viria a envolver o monstro Godzilla em 28 filmes, entre 1954 e 2004. Claro, uns melhores, outros piores, mas muitos deles nunca chegaram ao Ocidente, e poderão ser encontrados apenas em DVD.
Aqui fica uma lista de todos os filmes de Godzilla produzidos pela Toho:
1. Gojira (1954) aka Godzilla
2. Gojira no gyakushû (1955) aka Godzilla Raids Again
3. Kingu Kongu tai Gojira (1962) aka King Kong vs. Godzilla
4. Mosura tai Gojira (1964) aka Mothra vs. Godzilla
5. San daikaijû: Chikyû saidai no kessen (1964) aka Ghidorah, the Three-Headed Monster
6. Kaijû daisenso (1965) aka Godzilla vs. Monster Zero
7. Gojira, Ebirâ, Mosura: Nankai no daiketto (1966) aka Ebirah, Horror of the Deep
8. Kaijûtô no kessen: Gojira no musuko (1967) aka Son of Godzilla
9. Kaijû sôshingeki (1968) aka Destroy All Monsters
10. Gojira-Minira-Gabara: Oru kaijû daishingeki (1969) aka All Monsters Attack
11. Gojira tai Hedorâ (1971) aka Godzilla vs. Hedorah
12. Gojira tai Megaro (1973) aka Godzilla vs. Megalon
13. Chikyû kogeki meirei: Gojira tai Gaigan (1972) aka Godzilla vs. Gigan
14. Gojira tai Mekagojira (1974) aka Godzilla vs. Mechagodzilla
15. Mekagojira no gyakushu (1975) aka Terror of Mechagodzilla
16. Gojira (1984) aka Godzilla 85
17. Gojira vs. Biorante (1989) aka Godzilla vs. Biollante
18. Gojira vs. Kingu Gidorâ (1991) aka Godzilla vs. King Ghidorah
19. Gojira vs. Mosura (1992) aka Godzilla vs. Mothra
20. Gojira VS Mekagojira (1993) aka Godzilla vs. Mechagodzilla II
21. Gojira VS Supesugojira (1994) aka Godzilla vs. Space Godzilla
22. Gojira VS Desutoroia (1995) aka Godzilla vs. Destroyah
23. Gojira ni-sen mireniamu (1999) aka Godzilla 2000
24. Gojira tai Megagirasu: Jî shômetsu sakusen (2000) aka Godzilla vs. Megaguirus
25. Gojira, Mosura, Kingu Gidorâ: Daikaijû sôkôgeki (2001) aka Godzilla, Mothra and King Ghidorah: Giant Monsters All-Out Attack
26. Gojira tai Mekagojira (2002) aka Godzilla vs. Mechagodzilla III
27. Gojira tai Mosura tai Mekagojira: Tôkyô S.O.S. (2003) aka Godzilla: Tokyo S.O.S.
28. Gojira: Fainaru uôzu (2004) aka Godzilla: Final Wars
No ciclo que vos proponho esta semana, vamos reviver a primeira vaga de filmes da Godzilla produzida pelos estudios Toho, entre 1954 e 1975. Recordo que o primeiro filme da série já tinha passado por aqui, durante o ciclo da "Sci-Fi dos anos 50". Podem já avançar com ele:
Godzilla - O Monstro do Oceano Pacífico (Gojira) 1954
Esta semana iremos ver mais alguns. Aqui fica a lista:
Segunda: Godzilla Raids Again (1955)
Terça: Ghidorah, the Three-Headed Monster(1964)
Quarta: Son of Godzilla (1967)
Quinta: Destroy All Monsters (1968)
Sexta: Godzilla vs. Mechagodzilla (1974)
Espero que seja do vosso agrado. Até amanhã.
sexta-feira, 25 de abril de 2014
Jerry 8 3/4 (The Patsy) 1964
Quando uma estrela da comédia morre, a sua equipa tenta desesperadamente encontrar um substituto para o seu lugar. Esse substituto é Stanley Belt (Jerry Lewis), um simples empregado de hotel que assim salta da obscuridade para o estrelato. Mas nem tudo corre bem para o desajeitado Stanley, e a estreia está cada vez mais próxima...
Na altura em que a sua popularidade estabilizou, e gradualmente foi cativando o público mais jovem, Jerry Lewis poderia ter jogado pelo seguro, e ter feito um filme mais previsível, mas em vez disso ele fez "The Patsy". "The Patsy" era outro filme muito pessoal, e mais ousado do que qualquer outro filme que ele tinha feito até então. Tanto que antecipava os perdedores que Martin Scorsese iria explorar em "The King of Comedy", e para o qual o realizador contaria com o próprio Jerry Lewis, já em fase decadente de carreira.
De certa forma, para Lewis, "The Patsy" era o culminar do estilo cómico influenciando pelo cinema mudo, e a passagem para uma abordagem mais pessoal, mais parecida com o cinema europeu daquela época, do que com qualquer coisa feita em Hollywood durante a década de 60. Estilisticamente tinha mais a ver com o surrealismo do checo Jan Svankmejer, do que com as obras do actor anteriores a 1960.
Exceptuando os elementos mais negros de "The Nutty Professor", Lewis nunca tinha feito nada como isto. Para trás ficava o sentimentalismo cómico dos seus filmes anteriores, as inconsistências das interpretações de Lewis num papel único, e até ao seu climax "The Patsy" é uma odisseia hipnótica, através de um mundo de entretenimento louco.
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As Noites Loucas do Dr. Jerryll (The Nutty Professor) 1963
Jerry Lewis desempenha um duplo papel, como o nerd Professor Kelp e como o arrogante e super cool Buddy Love, duas personalidades perfeitamente opostas da mesma pessoa, depois do professor ter inventado uma fórmula para o fazer mais forte e mais confidente. Ele faz isso principalmente para impressionar a sua adorável aluna, Miss Purdy (Stella Stevens).
Este é talvez o filme mais pessoal de Jerry Lewis. Muitos comentadores dizem que a personagem de Buddy Love é a encarnação do ex-colega de Lewis, Dean Martin, enquanto que o nerd é ele próprio, o que leva a crer que já no tempo desta dupla, havia um conflito de identidades, com Lewis a ficar muitas vezes para trás. O tempo justificou que Jerry Lewis tinha mais talento do que Dean Martin. Por ser uma comédia, ainda por cima nonsense, não foi possível aprofundar mais as personagens, mas mesmo assim tem alguns gags brilhantes, ao nível dos melhores do actor/realizador.
Lewis apresenta-nos o filme cheio de cores brilhantes e corajosas, escurecendo nos momentos apropriados, como nas transformações em Buddy Love. O seu olho para o humor visual e auditivo sobressai neste filme, mas Lewis também mostra o seu génio para o silêncio, em momentos parados antes de uma piada. É um grande trabalho de realização, mas o filme não poderia ter resultado sem Jerry Lewis nos dois papéis, especialmente nos momentos em que a personagem está prestes a se transformar.
A história, é claro, é inspirado na famosa obra "Dr. Jeckyll and Mr. Hyde", e foi um projecto que Lewis manteve em carteira durante 10 anos. Quando o filme entrou em produção, foi dos mais bem preparados deste realizador, tanto que acaba por o seu melhor trabalho tecnicamente, e provavelmente não só tecnicamente. John Williams era o actor que deveria ter desempenhado o papel de colega do protagonista, mas este rejeitou porque considerava a carreira de Jerry Lewis demasiado "pateta", e não quis trabalhar com ele. O certo é que muitos críticos europeus, especialmente do "Cahiers du Cinema" consideraram este o melhor filme do ano, em 1963, começando aqui o culto em redor de Jerry Lewis. Palavras do crítico Stuart Byron: "Lewis has really made his view of life into a true comic vision that can be discussed on par with Chaplin's, Keaton's, and Laurel and Hardy's".
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quarta-feira, 23 de abril de 2014
O Homem das Mulheres (The Ladies Man) 1961
Jerry Lewis é Herbert H. Heebert, um homem que vem de uma relação que o deixou completamente destruído e desiludido com as mulheres. Ironicamente ele apenas consegue trabalho numa pensão lotada de jovens mulheres. Será que ele vai conseguir adaptar-se a esta nova vida?
A maior parte do filme, praticamente sem enredo, passa-se num cenário de três andares, com paredes abertas e escadas sinuosas por onde desliza a câmara de Jerry Lewis, para cima e para baixo, para dentro e para fora, do edifício. Alguns dos gags prolongam-se por muito tempo, mas outros são puro deleite, além da riqueza da côr, que faz deste filme um festim visual, tal como também é "The Nutty Professor".
Realizado no auge da sua fama na Paramount, "The Ladies Man" é realizado, produzido, co-escrito, e ainda interpretado por Jerry Lewis, no seu estilo mais indulgente, ou seja, uma mistura de acção com comédia satírica, sentimentalismo superficial, alguns gags visuais brilhantes, uma personagem central inconsistente, a delirante música de Walter Scharf, e um inevitável cameo de George Raft, tudo misturado num caldeirão de inventividade cinematográfica.
O cenário central do filme é enorme, provavelmente o maior e mais elaborado até ao covil-vulcão de Ken Adam, em You Only Live Twice (1967), da saga 007. Este cenário, com a sua "quarta parede" aberta para a câmera, é como uma colossal casa de bonecas trazida à vida. Mesmo no universo CGI dos dias de hoje, este cenário seria imponente.
O filme em si, é uma colecção de gags irregulares, alguns são apresentados como se estivéssemos perante uma comédia muda, com algumas cenas passadas num silêncio total, mesmo sem haver razão para tal. Em algumas das melhores cenas são visíveis as influências do antigo realizador de Lewis, Frank Tashlin, mas é claramente um filme de Jerry Lewis.
Mel Brooks escreveu o argumento original para este filme, mas uma vez que muita coisa que ele escreveu foi retirada da versão final do filme, ele pediu para retirarem o seu nome dos créditos finais.
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terça-feira, 22 de abril de 2014
Cinderelo dos Pés Grandes (Cinderfella) 1960
A resposta de Jerry Lewis para a clássica história da Cinderella. Quando o pai morre, Cinderfella (Jerry Lewis) é deixado à mercê da sua madrasta snob (Judith Anderson) e dos seus dois odiosos filhos (Robert Hutton e Henry Silva). Enquanto Cinderfella fica aprisionado como escravo da família, os seus dois meio irmãos tentam encontrar um tesouro que o pai de Fella deixou. Entretanto, na esperança de restaurar a sua fortuna em declínio, a madrasta organiza um grande baile em honra da princesa Charming, na esperança de casá-lo com um dos filhos. É então que aparece a Fada Madrinha (ou Fada Padrinho, Ed Wynn) de Cinderfella, que o convence de que ele é que pode ficar com a princessa.
Claramente um veículo para Jerry Lewis, que não faz parte do lote de filmes realizados por si próprio (foi realizado por Frank Tashlin). Mais interessado em seguir o conto de fadas original, do que dependente da personalidade maníaca de Jerry Lewis, era um claro exemplo do quanto medíocre se estava a tornar a carreira de Jerry Lewis, e de que precisa de tomar um novo rumo. Não quer isto dizer que o filme não tenha entretimento, pois na realidade tem, mas a última coisa que era esperada de Jerry Lewis era um filme que puxasse para o trágico ou sentimental. O problema é que o produtor queria uma comédia sentimental, para toda a família, para que fosse exibido nas férias do Natal de 1960, como tal o tom do filme não é tão caótico como noutras comédia do actor.
Tashlin era um tarefeiro, habitual realizador dos filmes de Lewis. Os dois continuariam a trabalhar juntos, mas a carreira de Jerry Lewis daria uma grande reviravolta noutro filme realizado neste ano, "The Bellboy" (postado ontem). Com um orçamento muito menor, acabaria por ser um grande sucesso, e revelaria o caracter de autor que Jerry Lewis começaria a empregar nos seus filmes a partir daqui.
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segunda-feira, 21 de abril de 2014
Jerry no Grande Hotel (The Bellboy) 1960
Em Miami Beach um paquete mudo trabalha no luxuoso Fontainblue Hotel. Apesar de ser um empregado útil e agradável Stanley (Jerry Lewis) também é muito desajeitado, e anda constantemente metido em problemas por causa dos seus erros.
Filme de estreia de Jerry Lewis como realizador, é uma obra quase experimental, sem história, um conjunto de vinhetas cada uma mais cómica do que a anterior. A idéia para este filme surgiu depois de Jerry Lewis ter tentado, com êxito, adiar o seu mais recente filme, "Cinderfella", para a altura do Natal de 1960, onde poderia ter mais sucesso, sobretudo entre o público mais jovem. Era a grande aposta de Lewis para este ano, num filme que contava com um orçamento de 3 milhões de dólares, e uma realização de Frank Tashlin. A Paramont acedeu, mas continuou a exigir um filme de Lewis para o Verão. Foi aí que surgiu a idéia de "The Bellboy", por parte de Jerry Lewis, com um orçamento bem menor, e uma corrida contra o tempo para conseguir terminar o trabalho na altura devida. Acabou por ficar pronto em 26 dias, com realização, argumento, produção e interpretação de Jerry Lewis. Lewis trabalhou muito bem sob pressão, e no fim pode dizer-se que terminou um dos seus melhores filmes, talvez por não ser necessária a auto-consciência encontrada nas suas obras posteriores como realizador.
Jerry Lewis fez este filme como um tributo a Stan Laurel, quem tinha conhecido por volta desta altura, e que vivia num pequeno apartamento em Santa Mónica. Há um pouco de Stan na personagem do bellboy de Lewis, embora a maior parte do papel seja da transição do seu personagem Kid, para uma interpretação mais moderna e adulta. Mesmo assim esta personagem de Lewis é mais consistente. E, claro, também há a influência do Mr. Hulot de Jacques Tati, visto que a personagem de Lewis também é muda.
É um filme irreverente e anarquista, uma saudação à comédia slapstick de Chaplin e Keaton, mas também mostra Lewis a interpretar papéis que não fossem doces e sentimentais (como era costume). Com um orçamento de 900 mil dólares, acabou por arrecadar 10 milhões nas bilheteiras.
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domingo, 20 de abril de 2014
Jerry Lewis
No cinema, pode dizer-se que Jerry Lewis é o último dos grandes comediantes americanos, o herdeiro dos mestres do burlesco: Chaplin, Keaton, Harold Lloyd, juntamos-lhe a anarquia dos irmãos Marx e o espírito destrutivo e a paródia do Bucha e do Estica.
Começou a carreira em pequenos espectáculos musicais, e em 1946 forma parelha com Dean Martin, parelha essa que rapidamente se torna um sucesso num casino de Atlantic City, passando depressa para um contrato com a Paramont. Durante vários anos Lewis fez uma série de comédias musicais com Martin, que apesar de trabalhar como dupla, era Lewis acabava por ser o coadjuvante do outro actor. Esta dupla seria desfeita em meados da década de 50.
Seria já na década de sessenta que Jerry se afirmaria em toda a plenitude do seu talento, assumindo a direcção dos seus próprios filmes. O primeiro é uma obra prima do burlesco, quase mudo, quase uma espécie de colagem de situações absurdas, "Jerry no Grande Hotel". A partir daqui a sua obra constitui uma espantosa sátira ao "american way of life", e ás suas fobias e manias: "O Homem das Mulheres", "As Noites Loucas do Dr. Jerryll", "Jerry 8 3/4", "O Charlatão", etc.
Este nosso pequeno ciclo vai reincidir sobre esta melhor fase da carreira de Lewis, toda entre os anos de 1960 e 1964. Aqui ficam os filmes que poderão ver durante a semana:
Segunda: Jerry no Grande Hotel (The Bellboy, 1960)
Terça: Cinderelo dos Pés Grandes (Cinderfella, 1960)
Quarta: O Homem das Mulheres (The Ladies Man, 1961)
Quinta: As Noites Loucas do Dr. Jerryll (The Nutty Professor. 1963)
Sexta: Jerry 8 3/4 (The Patsy, 1964)
Infelizmente a carreira de Lewis é quase desconhecida para as gerações mais recentes, mas pelo menos os mais velhos lembrar-se-ão de ver os seus filmes nas matinés de Domingo, ou nas lotações esgotadas da RTP. Este ciclo vai servir como um recordar para alguns, e provavelmente, como algo novo para outros.
Nas décadas de 60 e 70, Lewis tinha um culto de seguidores na Europa, especialmente entre os críticos franceses. História que pode ser recordada aqui.
A partir de segunda cá estaremos para o primeiro filme. Até já.
Começou a carreira em pequenos espectáculos musicais, e em 1946 forma parelha com Dean Martin, parelha essa que rapidamente se torna um sucesso num casino de Atlantic City, passando depressa para um contrato com a Paramont. Durante vários anos Lewis fez uma série de comédias musicais com Martin, que apesar de trabalhar como dupla, era Lewis acabava por ser o coadjuvante do outro actor. Esta dupla seria desfeita em meados da década de 50.
Seria já na década de sessenta que Jerry se afirmaria em toda a plenitude do seu talento, assumindo a direcção dos seus próprios filmes. O primeiro é uma obra prima do burlesco, quase mudo, quase uma espécie de colagem de situações absurdas, "Jerry no Grande Hotel". A partir daqui a sua obra constitui uma espantosa sátira ao "american way of life", e ás suas fobias e manias: "O Homem das Mulheres", "As Noites Loucas do Dr. Jerryll", "Jerry 8 3/4", "O Charlatão", etc.
Este nosso pequeno ciclo vai reincidir sobre esta melhor fase da carreira de Lewis, toda entre os anos de 1960 e 1964. Aqui ficam os filmes que poderão ver durante a semana:
Segunda: Jerry no Grande Hotel (The Bellboy, 1960)
Terça: Cinderelo dos Pés Grandes (Cinderfella, 1960)
Quarta: O Homem das Mulheres (The Ladies Man, 1961)
Quinta: As Noites Loucas do Dr. Jerryll (The Nutty Professor. 1963)
Sexta: Jerry 8 3/4 (The Patsy, 1964)
Infelizmente a carreira de Lewis é quase desconhecida para as gerações mais recentes, mas pelo menos os mais velhos lembrar-se-ão de ver os seus filmes nas matinés de Domingo, ou nas lotações esgotadas da RTP. Este ciclo vai servir como um recordar para alguns, e provavelmente, como algo novo para outros.
Nas décadas de 60 e 70, Lewis tinha um culto de seguidores na Europa, especialmente entre os críticos franceses. História que pode ser recordada aqui.
A partir de segunda cá estaremos para o primeiro filme. Até já.
sexta-feira, 18 de abril de 2014
Grupo no facebook
Para quem quiser seguir o My Two Thousand Movies mais de perto, existe agora um grupo no facebook. Por lá poderão saber em antecipação ciclos que irão passar no blog, participar em discussões sobre os filmes, pedir filmes que não se encontram no blog, e disfrutar de outros que também não se lá encontram.
Podem aderir ao grupo, aqui.
Podem aderir ao grupo, aqui.
Estação Seca (Daratt) 2006
Alguns anos depois da guerra civil que devastou o Chade, as noticias chegam através da rádio: foi decretada uma amnistia geral a todos os acusados de crimes de guerra. Já passou bastante tempo, mas as velhas feridas não foram curadas, e o velho Gumar oferece uma arma ao neto para este se vingar do homem que matou o seu pai, e seu próprio filho. O neto, Atim, parte em busca do homem, e vem a descobrir que ele é uma pessoa mais complicada do que esperava... Será que vai conseguir executar a vingança?
Traduzido literalmente "Daratt" quer dizer "estação seca", e este é um filme seco em comprimento, e em palavras. O homem que é suposto ser morto tem os seus próprios ferimentos de guerra e os seus fantasmas. Só consegue falar através de um aparelho mecânico, e o nosso rapaz acaba por se afeiçoar ao homem que tem de matar. Mas "Daratt" é muito mais do que uma festa para os sentidos, é uma história de vingança e coragem. No seu terceiro filme Mahamat-Saleh Haroun examina como é a vida para as pessoas atingidas pelas consequências da guerra civil do Chade, que tiraram a vida a mais de 40 mil pessoas. É uma história que está muito próxima do realizador, uma vez que ele fugiu para escapar à guerra deixando para trás a família e todos que amava, e muitos deles foram mortos na guerra.
Ao retratar as consequências da guerra o filme tem muitas coisas importantes a dizer, para as pessoas que passaram por conflitos por todo o mundo. Ao observarmos as suas paisagens desoladas e pálidas, e grandes espaços vazios, o Chade é um local visivelmente assombrado, onde muitas pessoas têm alguma deficiência grave, vivendo em consequência da violência do passado. Mas também é um lugar onde os mais novos jogam futebol pela rua despreocupados, lembrando que à uma geração que o sofrimento acabou e que existe uma esperança para o futuro.
Ganhou cinco prémios no festival de Veneza de 2007, entre os quais o prémio especial do júri.
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Yesterday (Yesterday) 2004
Uma história de uma doente com Sida, na África do Sul do século 21 é contada neste trabalho maduro e maravilhosamente simples que apresenta uma personagem heróica em luta contra a inevitabilidade, mas fá-lo de um modo que evita o sentimentalismo habitual. Yesterday (Leleti Khumbalo) é uma mulher muito doente, a quem o médico diz que ela deve libertar a raiva, o que ela não consegue com a sua saúde em constante declínio. Esta é a viagem de uma mulher numa aldeia Zulu, mãe de uma criança de cinco anos de idade.
Um ano antes de "Tsotsi" se tornar no primeiro filme da África do Sul ganhar um Óscar para filme em língua estrangeira, esta obra de Darrell Roodt conseguiu a primeira nomeação, além de ter sido nomeado para muitos outros prémios. "Tsotsi" era uma história urbana, muito violenta, focada nos adolescentes rebeldes do sexo feminino, "Yesterday" passava-se numa pequena aldeia, que se presume ser a terra natal dos Bantu, onde vivem apenas mulheres e crianças, e foi o primeiro filme sul-africano totalmente produzido na linguagem Zulu.
É um filme que transmite uma grande força espiritual, em contraste com as magnificas paisagens que cercam as duras condições de vida dos seus habitantes. Roodt captura a realidade social dos sul africanos, cujo ponto de vista ocidental gira em torno da crítica social e da consciência. O realizador transmite de forma confiável as dificuldades das mulheres sul africanas, aqui representadas na personagem de Yesterday. Aqui neste local as mulheres tomam o lugar de marido e esposa, uma vez que os homens partem para as cidades na busca de trabalho, procurando dinheiro que ajude a manter a economia da família. É neste contexto que Roodt destaca os pontos de vista sociais, económicos e religiosos característicos das sociedades africanas, para que os espectadores possam entender os factores relacionados com o desenvolvimento de doenças, como a Sida.
Uma palavra muito especial para a fotografia, que aproveita do melhor modo a beleza das paisagens sul africanas.
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quarta-feira, 16 de abril de 2014
Moolaadé (Moolaadé) 2004
A história gira em torno de Collé (Coulibaly), a do meio de três mulheres, numa vila isolada do Burkina Faso. Ela já não cai nas graças dos restantes habitantes por ter deixado a sua filha (Traoré), saltar o ritual da purificação da excisão do clitóris, um ritual (tortura) habitual em África, e que pode levar as adolescentes à morte, como agora também deu guarida a quatro jovens que pretendem fugir a este mesmo ritual invocando a moolaadé (uma protecção sagrada invocada por uma corda colorida). Mas os líderes da aldeia estão fartos da rebelião de Collé, e pressionam o marido para que ela retire a protecção, nem que para isso tenha de chicoteá-la.
Chamado "o pai do cinema africano", o senegalês Ousmane Sembène tinha 81 anos quando fez este filme, uma obra que tem tanto de elegante como de incendiária. A questão da mutilação genital feminina é complexa. A prática desta tortura é antiga, mas apesar da insistência dos mais velhos na aldeia, não é obrigatória. Ironicamente, o colonialismo europeu em África reforçou o impulso pela autoridade masculina, que procurou contrariar as bases matriarcais de uma parte considerável da história e mitologia africana. A humilhação que os homens africanos sofriam na altura do colonialismo requereram a dominação das mulheres, para retirarem uma certa compensação psíquica. A prática da circuncisão feminina era vista com uma defesa contra a influência ocidental, que por sua vez, era vista como uma ameaça à cultura tradicional africana. Sembène enfatiza este ponto no filme, quando na aldeia são confiscados e queimados todos os rádios das mulheres.
A mensagem transmitida é que algumas tradições devem mudar, e que nenhuma comunidade pode impedir a modernização, ou o seu povo ficará ignorante para sempre. É uma declaração forte para o povo africano, mesmo já no século 21, e um caminho que deve ser seguido. Como um todo "Moolaadé" é fantástico, e surpreendentemente envolvente, um grande exemplo de cinema africano e uma declaração dos verdadeiros problemas que envolvem a independência africana. Filme muito premiado, que saíu vencedor do prémio Un Certain Regard Award em Cannes, na edição de 2004. Era o último filme de Ousmane Sembène, que morreria três anos depois em Dakar.
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terça-feira, 15 de abril de 2014
À Espera da Felicidade (Heremakono) 2002
Um pedaço da vida de Nouadhibou, uma pequena cidade costeira da Mauritânia onde o deserto do Sahara se encontra com o Oceano Atlântico, e onde muitos viajantes esperam passaporte para a terra prometida. É aqui que o jovem Abdallah (Mohamed) chega para passar algum tempo com a mãe (Ahmeda), antes de viajar para a Europa. Ele não fala o dialecto local, então apenas observa as pessoas à sua volta. Vamos conhecer um jovem órfão chamado Khatra (Kader), um jovem aprendiz de um electricista (Abeid), que ensina Abdallah a falar o dialecto local enquanto ilumina as casas da vizinhança. Também vamos conhecer a sedutora vizinha de Abdallah (Diakite), e outro jovem (Dabo) que parece pronunciar o destino reservado a Abdallah.
Abderrahmane Sissako, uma das grandes esperanças do cinema africano deste milénio, nascido na Mauritânia, a reportar o conflicto entre a modernização ocidental e as tradições locais africanas baseando-se na sua própria experiência, no exilo. Tudo é observado num estilo muito minimalista, com imagens surpreendentes e um ritmo bastante suave, que muitas vezes chega ao ponto de apenas capturar os ritmos da vida, num mundo onde todos esperam apenas a próxima etapa. Temas fortes ecoam no filme do início ao fim, principalmente relativos à tradição e à cultura assim como o custo emocional de saír de casa para um futuro incerto.
O filme como um todo está cheio de simbolismos que nós ocidentais provavelmente podemos não entender, mas mostra-nos a arte de um local profundamente significativo. No festival de Cannes ganhou o prémio Un Certain Regard, e o prémio de cineasta estrangeiro do ano.
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segunda-feira, 14 de abril de 2014
Ali Zaoua, Prince de la Rue (Ali Zaoua, Prince de la Rue) 2000
Passado na Casablanca dos tempos modernos, o filme começa com quatro adolescentes sem lar, que se separaram de um gang das ruas, e vivem no porto da cidade. Ali Zaoua é o mais estranho do quarteto, um jovem obcecado que fala insistentemente em viajar para uma ilha distante iluminada por dois sóis. O antigo gang dos quatro jovens localiza-os, e como pena de terem abandonado atiram-lhes pedras. Uma das pedras mata Ali, o que leva os seus amigos a tentarem deixar o corpo dele num porão vazio de um prédio. Subitamente os jovens têm uma dramática mudança, e decidem dar ao falecido um funeral digno de um príncipe. O resto do filme centra-se na tentativa dos restantes três amigos em darem um funeral apropriado a Ali.
Nascido e criado em Paris, Nabil Yaouch, cujo pai é marroquino, terra que ele voltou várias vezes, para fazer este seu segundo filme. É um melodrama sobre os "chemkaras", crianças das ruas, e com ele o realizador ganhou uma série de prémios por esse mundo fora. Yaouch envolve-nos na vida destas três crianças, limitando os papéis de altutos apenas a três personagens. Nos melhores momentos mostra-nos a inocência que estes jovens partilham, apesar de serem foragidos de um gang das ruas, e ao mesmo tempo captura os sonhos de crianças numa série de alucinações onde desenhos em jiz ganham vida.
São claras as influências de vários filmes, como "Los Olvidados", de Buñuel, ou "Pichote" de Hector Babenco, mas o tema seria melhor explorado num filme que sairia dois anos depois, "Cidade de Deus".
Feito com orçamento bastante elevado para um filme africano, acabaria por correr o mundo, e tornou-se em um dos primeiros sucessos do cinema africano deste novo milénio. Nunca chegou a estrear em Portugal, mas no Brasil chama-se "As Ruas de Casablanca".
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domingo, 13 de abril de 2014
O Cinema Africano do Século XXI
"Os cinemas africanos contemporâneos assumem hoje o papel que a literatura africana tinha nos anos 60. Hoje estão a emergir de África novos posicionamentos críticos e novas linguagens cinematográficas, muitas vezes em competição ou mesmo em conflito umas com as outras, cuja visibilidade tem sido posta em causa visão monolítica e politicamente correcta da definição de cinema africano veiculada pelas casas pelas casas de cultura e pelos festivais do Ocidente.
O que é fascinante neste novo cinema de África é a capacidade dos seus cineastas em dar voz aos africanos, de forma a poderem comunicar para além das suas fronteiras nacionais e com públicos de outras esferas" (Manthia Diawara e Lydie Diakhaté)
O cinema africano a partir do novo milénio deu mesmo um grande salto, começou a marcar presença nos festivais de cinema mais importantes do mundo, inclusivé algumas nomeações para Óscares, e a chegar mais facilmente a públicos ocidentais.
Esta semana vamos conhecer um pouco deste cinema. De uma extensa lista que fiz primeiramente, escolhi estes, talvez porque dão uma visão melhor de África, de um mundo que não conhecemos, mas que está alí ao virar da esquina. Espero que gostem de selecção, os filmes que escolhi são os seguintes:
Segunda: Ali Zaoua, Prince de la Rue (2000), de Nabil Yaouch
Terça: Heremakono (2002), de Abderrahmane Sissako
Quarta: Moolaadé (2004), de Ousmane Sembene
Quinta: Yesterday (2004), de Darrell Roodt
Sexta: Daratt (2006), de Mahamat-Saleh Haroun
O que é fascinante neste novo cinema de África é a capacidade dos seus cineastas em dar voz aos africanos, de forma a poderem comunicar para além das suas fronteiras nacionais e com públicos de outras esferas" (Manthia Diawara e Lydie Diakhaté)
O cinema africano a partir do novo milénio deu mesmo um grande salto, começou a marcar presença nos festivais de cinema mais importantes do mundo, inclusivé algumas nomeações para Óscares, e a chegar mais facilmente a públicos ocidentais.
Esta semana vamos conhecer um pouco deste cinema. De uma extensa lista que fiz primeiramente, escolhi estes, talvez porque dão uma visão melhor de África, de um mundo que não conhecemos, mas que está alí ao virar da esquina. Espero que gostem de selecção, os filmes que escolhi são os seguintes:
Segunda: Ali Zaoua, Prince de la Rue (2000), de Nabil Yaouch
Terça: Heremakono (2002), de Abderrahmane Sissako
Quarta: Moolaadé (2004), de Ousmane Sembene
Quinta: Yesterday (2004), de Darrell Roodt
Sexta: Daratt (2006), de Mahamat-Saleh Haroun
sexta-feira, 11 de abril de 2014
Comapanheiros (Vamos a Matar, Compañeros) 1970
Durante a revolução mexicana, um traficante de armas sueco chamado Yodlaf Peterson (Franco Nero) procura o general Mongo Alvarez. O general é um oportunista e traiçoeiro, interessado apenas no conteúdo de um cofre, que contém "a riqueza da revolução". O único que pode abrir o cofre é o professor Xanthos, um pacifista aprisionado no Forte Yuma. O sueco oferece-se para libertar o professor, mas como o general não confia nele envia o tenente El Vasco (Tomas Milian) para o acompanhar. Juntos conseguem libertar Xanthos, mas entra em cena um velho conhecido do sueco, John (Jack Palance, outra vez), que está pago para matar o pacificador.
O último dos grandes westerns de Corbucci, é por vezes considerado uma sequela ou remake de (Il Mercenario). Também é um "Zapata Western", usa a mesma estrutura, e até partilha o mesmo protagonista e o mesmo vilão. A única alteração, e aqui o filme ficou a ganhar, foi da substituição do revolucionário mexicano, de Tony Musante por Tomas Milian. Nascido em Cuba, mas já emigrado em Itália há alguns anos, Milian já tinha algum historial nos Zapata Westerns. Já o tínhamos visto em "The Big Gundown", "Se sei vivo Spara", "Tepepa", ou nos filmes de Sérgio Sollima, e preparava-se para se dedicar ao Poliziotteschi, mas Milian foi um habitual no cinema de género italiano nos anos 70. A sua presença em palco era electrizante, e roubava o protagonismo a qualquer outro actor. Dizia-se que ele era tão hiperactivo na rodagem dos filmes, que era muito difícil controlá-lo, o que por vezes obrigava a mudanças no argumento.
Por causa de Milian, este acaba por ser o western mais bem-humurado de Corbucci, mas não o melhor, embora apareça constantemente em listas dos 10 mais deste sub-género. É talvez um pouco superior a "Il Mercenario". "Companeros" era também um dos últimos grandes spaghetti, que a partir dos anos 70 começaram a ficar saturados, e repetitivos. Aos poucos, actores e realizadores mudavam-se para os famosos policiais, que continuavam a ser westerns, mas urbanos. Começavam a aparecer os filmes de Trinitá, que era uma última tentativa de recuperar o género, mas era tarde demais.
"Companheiros" é, sobretudo, uma aventura de acção, e apesar de fazer transparecer os ideias do professor, tem uma contagem de corpos impressionante, mas é um filme muito mais leve do que "Django" ou "O Grande Silêncio". Destaque-se, uma vez mais, a banda sonora de Ennio Morricone, que insistia em fazer bandas sonoras bem diferentes das que fazia para Sérgio Leone. E ainda bem.
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quinta-feira, 10 de abril de 2014
O Grande Silêncio (Il Grande Silenzio) 1968
Silencio (Jean-Louis Trintignant) é um pistoleiro mudo com um grande senso de justiça. É contratado por uma viúva cujo marido foi assassinado, para se vingar do pistoleiro Loco (Klaus Kinski), um dos caçadores de recompensas que foi contratado para caçar os sem abrigo nos arredores de Snow Hill. Um novo sherife (Frank Wolff), e o juiz local, vão tornar as coisas um pouco complicadas.
Existe um grande culto à volta deste filme, que vai muito para lá de um normal spaghetti western. Apesar de "Django" ser o mais conhecido dos westerns de Corbucci, este é o mais bem cotado entre os críticos, aparecendo em muitas listas bem no meio dos filmes de Leone. Provavelmente é mesmo o melhor spaghetti para lá dos de Leone.
A intenção de Corbucci era ter novamente Nero no papel principal, mas diz-se que como alguns dos produtores eram franceses, foi imposto o actor Jean-Louis Trintignant para ficar com o papel principal. Trintignant não sabia uma única palavra de italiano, então acabou por surgir a idéia de ter um protagonista mudo. O nome de Grande Silencio vem assim da incapacidade do protagonista de conseguir falar, para além de também ser um grande pistoleiro.
Por vezes chamado de "o western da neve", a acção passa-se no Utah, perto do final do século 19. Foras da lei encontraram um sitio para se esconder nas montanhas, mas têm de descer à cidade para conseguir alimentos. Snow Hill tornou-se num antro para caçadores de recompensas, que assassinam os foragidos a sangue frio, sem misericórdia, para apenas conseguirem a recompensa. Tal como a maioria dos westerns que Corbucci fez, este era um filme político, um filme sobre os ricos a pagarem à escumalha para matar os pobres. Os foras da lei são homens que têm de roubar para comer, e apenas são procurados porque o rico banqueiro local paga uma fortuna pelas suas cabeças. Corbucci já se tinha debruçado no tema da inutilidade de um homem para mudar o mundo, que era normalmente personificado na figura de um anti-cristão. Essa idéia está bem presente neste filme, mas para se aperceberem disso terão de ver o final, um dos mais duros e revoltantes de sempre, não estou a exagerar considerando toda a história do cinema.
Alguns pontos altos do filme, a enorme interpretação de Klaus Kinski, completamente lunático como vilão, superior até ao protagonista, e, claro, a grande banda sonora de Ennio Morricone. Um dos maiores spaghetti de sempre.
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quarta-feira, 9 de abril de 2014
Pistoleiro Profissional (Il Mercenario) 1968
Durante a revolução mexicana, Sergei Kowalsky (o polaco) é contratado para transportar um carregamento de prata para uma mina no Texas, onde descobre que Paco Roman e os seus trabalhadores tomaram o controle da situação. Depois de trocar de lado, o pistoleiro vê-se a ajudar o líder mexicano a meter as suas idéias revolucionárias em prática, mas o seu fervor idealista é colocado à prova quando ele se vê na situação de meter as mãos numa fortuna.
"Il Mercenário" é um dos mais importantes de uma família de sub-spaghetti que se chamava "Westens Zapata". Estes westerns tinham diversos pontos em comum: eram filmes passados durante a revolução mexicana, normalmente tínhamos um líder rebelde que teria de ser ensinado pelo protagonista. Um vilão ocidental ruim como as cobras. Eram filmes muito mais políticos do que os restantes westerns do período, e por vezes afastavam-se bastante dos spaghetti normais. Sergio Corbucci ficaria como um dos mais importantes realizadores deste sub-género, não só por causa deste, mas também por causa de "Companheiros", dois dos mais importantes "zapatas", ao lado de "A Bullet for the General", e "Giù la Testa", o último western de Sergio Leone. Os westerns de Sergio Sollima também são muitas vezes comparados ao Zapata, como é o caso de "Faccia a Faccia", "La Resa dei Conti" ou "Run, Man Run".
Corbucci voltava a reunir-se com Franco Nero, que havia imortalizado em "Django", e os dois ainda voltariam a trabalhar juntos em "Companheiros". Dois filmes muito parecidos em conteúdo, com a única variante de que "Companheiros" é um filme com muito maior sentido de humor.
Com Franco Nero a brilhar no papel de mercenário, o filme destacava-se também pela presença de Tony Musante, no papel de revolucionário mexicano. Infelizmente foi o seu único spaghetti, enquanto que os vilões de serviço eram desempenhados por Eduardo Fajardo e Jack Palance, cada vez mais habituado a este tipo de papel (quem se lembra dele em "Shane"?).
Mas, apesar do cenário da revolução, o contexto político era apenas uma pequena parte do filme como um todo. Em primeiro lugar, é um filme de acção, e é aqui que Corbucci é muito bom. Dentro do movimento do spaghetti western, ninguém fazia filmes de acção como ele, das guerras nos campos de batalha aos combates homem a homem (como o derradeiro duelo entre Musante e Palance). Ao contrário de outros filmes, Corbucci também se conteve bastante na violência, o que torna este filme bastante acessível. Inesquecível era a banda sonora de Ennio Morricone.
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terça-feira, 8 de abril de 2014
Navajo Joe (Navajo Joe) 1966
Um gang de bandidos impiedosos liderados por Duncan (Aldo Sambrell), massacra índios pacíficos para lhes retirar e vender os seus escalpos. Uma das mulheres que eles assassinam é companheira de um índio Navajo chamado Joe (Burt Reynolds), que rapidamente se mete a caminho para obter a vingança. Quando é dito a Duncan e ao seu pequeno exército que os escalpos já não valem nada, ele faz um pacto com o sinistro Dr. Chester Lynne (Pierre Cressoy) para roubar uma larga quantia em dinheiro que está a ser transportada por comboio. Mas Joe persegue este bando.
Burt Reynolds era um jovem desconhecido no mundo do cinema, protagonista da série "Gunsmoke", quando participou neste filme. Diz a lenda que ele pensava que vinha para a Europa para participar num Western de Sergio Leone, e lhe seriam dadas as mesmas possibilidades que foram dadas a Clint Eastwood, poucos anos antes. As coisas não correram conforme ele esperava, e foi parar nas mãos de outro Sérgio, Corbucci. Reynolds viria mais tarde a considerar este filme o pior da sua carreira, o que é um exagero, e mostra que ele não tem a noção dos filmes que fez.
"Navajo Joe" era o filme que sucedia ao grande êxito de "Django". "Django" vira a luz do dia em Abril, e "Navajo Joe" sucedera-o em Novembro. Longe de ser dos melhores filmes do realizador, ainda assim era uma obra interessante, onde mais uma vez se nota o uso de uma violência excessiva. O tema do western centrado no índio era bastante popular nos westerns europeus na fase pré-spaghetti, como acontecia com a série de filmes alemães "Winnetou" e a maioria dos westerns italianos produzidos antes de 1963. Mas "Navajo Joe" era um filme diferente destes, era uma obra centrada no tema da vingança, ao contrário dos outros filmes com índios deste período.
Produzido por Dino de Laurentiis, que tinha fixado a idéia num índio herói em quem Corbucci não estava interessado, o filme tem pouco a dizer sobre os nativos americanos. Era a primeira colaboração entre Corbucci e Morricone, que se iria repetir diversas vezes neste território, com o seu ponto alto em "O Grande Silêncio". Morricone teve o cuidado de trabalhar de maneira diferente nos filmes de Leone e Corbucci, para que os filmes fossem bem diferenciados. A música-título seria um grande êxito neste ano de 1966.
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segunda-feira, 7 de abril de 2014
Django (Django) 1966
Django (Franco Nero) chega a uma cidade controlada por duas facções rivais: um gang de racistas do estilo KKK que usam capuzes vermelhos, e um gang de Mexicanos famintos por dinheiro. Tal como acontece em "Por um Punhado de Dólares", de Sergio Leone, Django vai tentar colocar os dois lados da barricada contra o outro, para tentar tirar o máximo de dinheiro possível para si, e executar uma vingança omissa. As motivações de Django são vagamente mostradas ao longo do filme, embora diversas possibilidades sejam colocadas em aberto.
Desde as primeiras imagens de "Django" que sabemos que estamos perante um western diferente. Um homem arrastando um caixão perante um terreno acidentado e lamacento. Uma abertura sombria, quase gótica, e uma música maravilhosamente kitsch, que mais parece um lamento. Apesar de ter a mesma história, o filme aqui afasta-se decididamente do primeiro da trilogia dos dólares. Os simbolismos parecem claros. Django leva a morte atrás de si, onde quer que vá. Como se ele e a Morte se tivessem fundido numa espécie de espectro caminhante.
Se Leone introduzira uma nova espécie de anti-herói, Corbucci consegue ir mais longe, introduzindo uma nova espécie de violência, excessiva tanto na quantidade como na natureza violenta e sádica que é uma constante neste filme. Logo o cenário da cidade onde se passa a acção é um dos mais deprimentes já vistos na história dos westerns: o de cidade coberta de lama. E este homem a puxar um caixão atrás de si, é uma figura mais enigmática do que o homem sem nome de Leone, que chega a uma cidade Mexicana montado numa mula.
Ao contrário do que era habitual nos spaghetti da altura, Corbucci utilizou um protagonista italiano, Franco Nero, e mostrou que era possível fazer estrelas dos actores da "casa". Franco Nero ficou famoso a partir daqui, e o nome da personagem Django foi utilizado em dezenas de filmes por essa Europa fora, para atraír público, mas Franco Nero só voltaria a este papel muitos anos depois, já nos anos 80.
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domingo, 6 de abril de 2014
Os Spaghetti de Sergio Corbucci
Dos mais de 600 westerns spaghetti que foram produzidos ao longo de um pouco mais de 10 anos, praticamente um único nome se destaca internacionalmente: Sergio Leone, graças a filmes como os da sua "trilogia dos dólares", ou "Aconteceu no Oeste". Mas relativamente a este movimento muito mais coisas foram produzidas, desde os westerns cómicos com Terence Hill, aos westerns góticos de Margheritti, ou os Western Zapata e os Twilight Westerns.
Em muitos tops de especialistas do género, Leone tem sempre bastante avanço, quase como se as suas obras fossem de outra galáxia. Vamos observar um top dos mais credíveis, talvez o mais credível de todos, do site "The Spaghetti Western Database", aqui, e observem como dos 12 primeiros lugares, 11 posições são ocupadas por realizadores chamados "Sérgio". Esta semana vamos focar-nos no segundo Sérgio, o Corbucci.
Muita coisa foi escrita sobre Leone e Corbucci, e muitas vezes se colocou a interrogação sobre até que ponto os filmes de Corbucci seriam, ou não, melhores do que os de Leone. "Django" e "O Grande Silêncio" aparecem muitas vezes referidos no meio dos de Leone. A questão é muito pertinente, mas não é isso que queremos descobrir, queremos mesmo é ver os filmes de Corbucci, e nos tempos que correm o nome deste realizador ainda não é tão conhecido como realmente deveria ser.
Nos últimos anos o seu nome andou bastante em voga, desde que Quentin Tarantino resolveu fazer uma espécie de reprise do seu filme mais famosos: "Django". Tarantino que é um grande fã do western spaghetti, nunca se cansa de colocar músicas das bandas sonoras dos spaghetti nas suas obras.
Talvez o único contratempo da carreira de Corbucci no Spaghetti é que a sua carreira foi bastante mais longa do que a de outros realizadores, e como tal também também foi mais irregular, contando com algumas obras menos interessantes. Nesta semana vamos abordar apenas 5 dos seus filmes, aqueles que regularmente são considerados os melhores. Espero que gostem:
Segunda: "Django", 1966
Terça: "Navajo Joe", 1966
Quarta: "Il Mercenário", 1968
Quinta: "O Grande Silêncio", 1968
Sexta: "Companheiros", 1970
Em muitos tops de especialistas do género, Leone tem sempre bastante avanço, quase como se as suas obras fossem de outra galáxia. Vamos observar um top dos mais credíveis, talvez o mais credível de todos, do site "The Spaghetti Western Database", aqui, e observem como dos 12 primeiros lugares, 11 posições são ocupadas por realizadores chamados "Sérgio". Esta semana vamos focar-nos no segundo Sérgio, o Corbucci.
Muita coisa foi escrita sobre Leone e Corbucci, e muitas vezes se colocou a interrogação sobre até que ponto os filmes de Corbucci seriam, ou não, melhores do que os de Leone. "Django" e "O Grande Silêncio" aparecem muitas vezes referidos no meio dos de Leone. A questão é muito pertinente, mas não é isso que queremos descobrir, queremos mesmo é ver os filmes de Corbucci, e nos tempos que correm o nome deste realizador ainda não é tão conhecido como realmente deveria ser.
Nos últimos anos o seu nome andou bastante em voga, desde que Quentin Tarantino resolveu fazer uma espécie de reprise do seu filme mais famosos: "Django". Tarantino que é um grande fã do western spaghetti, nunca se cansa de colocar músicas das bandas sonoras dos spaghetti nas suas obras.
Talvez o único contratempo da carreira de Corbucci no Spaghetti é que a sua carreira foi bastante mais longa do que a de outros realizadores, e como tal também também foi mais irregular, contando com algumas obras menos interessantes. Nesta semana vamos abordar apenas 5 dos seus filmes, aqueles que regularmente são considerados os melhores. Espero que gostem:
Segunda: "Django", 1966
Terça: "Navajo Joe", 1966
Quarta: "Il Mercenário", 1968
Quinta: "O Grande Silêncio", 1968
Sexta: "Companheiros", 1970
sábado, 5 de abril de 2014
A partir de segunda...
7 a 11 Abril:
Os Spaghetti de Sergio Corbucci
14 a 18 Abril:
O Cinema Africano do Século XXI
21 a 25 Abril:
Jerry Lewis
28 Abril a 2 de Maio:
Godzilla
Os Spaghetti de Sergio Corbucci
14 a 18 Abril:
O Cinema Africano do Século XXI
21 a 25 Abril:
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