quinta-feira, 6 de março de 2014

O Duelo na Ilha (Le Combat Dans L'île) 1962



O filho de um industrial francês, Clément, é um extremista da direita, que pertence a uma organização secreta que usa todos os meios, inclusivé a violência, para atingir os seus fins. A sua esposa, Anne, uma ex-actriz alemã que deixou a carreira para se dedicar apenas à vida de esposa, sabe um pouco das suas actividades extremistas, e sabe que ele seria capaz de matar, em caso de necessidade. Muitas vezes ele trata-a mal, especialmente quando não estão em público, onde ela mantém a fachada de estrela aposentada. Independentemente disso ela é obrigada a manter-se casada. Depois dele e um colega assassinarem uma figura comunista, num crime que corre mal, Clément e Ann escondem-se em casa de um amigo de juventude dele, que não sabe nada das atitudes extremistas de Clément.
O primeiro filme de Alain Cavalier é uma combinação surpreendentemente eficaz de thriller político, comentário social, melodrama romântico, e estilismo da Nouvelle Vague. Podem-se ver influências de Bresson por todo o lado, embora ele nunca tivesse escolhido estrelas como Trintignant ou Romy Schneider. Ambos os actores aparecem aqui em pico de forma, com Romy a aproveitar a oportunidade de fazer um papel diferente de Sissy, que ela estava habituada. A relação amor/medo entre os dois, com Henry Serre a formar o terceiro vértice do triângulo, é desenhada com muita habilidade e subtileza, muitas vezes contada através de detalhes fragmentados.
Há um trabalho de exteriores evocativo da Paris dos anos sessenta, e uma bela fotografia (de Pierre Lhomme) do retiro rural para onde Anne e Clément se refugiam. O tema da extrema direita dá ao filme uma continua relevância social. É uma das pérolas escondidas da Nouvelle Vague, que merece sem dúvida ser descoberta.
Legendas em inglês.

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