quarta-feira, 5 de março de 2014

Jules e Jim (Jules et Jim) 1962



Em Paris, antes da Primeira Guerra Mundial, dois amigos, Jules (austríaco) e Jim (francês), apaixonam-se pela mesma mulher, Catherine. Mas Catherine ama e casa com Jules. Depois da guerra, quando se encontram de novo, ela começa a amar Jim. Esta é a história de três pessoas apaixonadas, e como o amor nunca irá afectar a amizade, e como a relação deles sobrevive ao longo dos anos.
Jules et Jim abre com uma narrativa desenvolta, música carnavalesca, e uma rápida montagem de imagens para passar para uma rápida descrição de um narrador, de como as personagens do título se encontraram e ficaram amigos. É uma situação um pouco apressada, quase desorientadora, mas é a prova do desejo de François Truffaut nos contar as informações de fundo, e passar para a história que nos interessa. Este início também faz contraste com o final, que é mais lento, mais silencioso, evocando um desejo de repensar tudo o que foi feito até então.
Apesar do título do filme ser sobre Jules (Oskar Werner) e Jim (Henri Serre), é realmente sobre Catherine (Jeanne Moreau) que recai a história, e é ela que nos fica mais na memória no final do filme. Uma personagem desafiadora, que quebra todas as regras, e se recusa a ter uma descrição simples (ela tanto é uma mãe amorosa como é propensa a causar sarilhos). Mesmo depois de casar com Jules, e de ser amante de Jim, ela recusa-se a fugir de perto deles, envolvendo-se em comportamentos prejudiciais, apesar de amar os dois.
Baseado na novela autobiográfica de Henri-Pierre Roché, publicada em 1953 quando já tinha 74 anos de idade, é um dos filmes mais importantes da Nouvelle Vague, retratando tão bem as inovações formais do movimento, com as preocupações temáticas. Embora não fosse tão contraditório às convenções de Hollywood como "O Acossado" de Godard, ou o segundo filme de Truffaut, "Tirez Sur le Pianiste", "Jules et Jim" frequentemente quebra as regras formais, enquanto constrói uma relação emocional entre os personagens. A fotografia de Raoul Coutard é brilhante, misturando shots suaves com um trabalho de câmara de mão muito bem conseguido.
"Jules e Jim" foi um dos filmes mais populares dos anos sessenta, e o público viu nele os seus próprios desejos e medos refletidos. Quando Catherine numa sequência salta para o rio quando sente que Jules e Jim não lhe estão a prestar atenção suficiente, é uma imagem perfeita do seu espírito livre, e ao mesmo tempo, prefigura o gesto que vai acabar o filme. 

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