terça-feira, 11 de março de 2014

A Grande Pecadora (La Baie des Anges) 1963



Jean chega a Nice. Começa a interessar-se pelo jogo e encontra no casino uma jogadora, Jackie. Entre os dois nasce paixão e fascínio. São um pelo outro, ou ambos pelo jogo? Jean instrui-se emocionalmente. Jackie joga.
Jacques Demy sucede a sua primeira longa-metragem, "Lola", com este conto de amor e obsessão nas salas de jogo de Nice, um filme muito mais convencional para a época, mas ainda assim inequivocamente ligado à Nouvelle Vague. " La Baie des Anges" é um filme muito mais escuro, mais irónico, do que "Lola", mostrando-nos um lado mais sombrio da mente humana, um retrato implacável do comportamento impulsivo. Também é um filme sobre a corrupção - de como um homen decente é seduzido, primeiro pelo jogo, e depois por uma mulher mais velha e egocêntrica - e finalmente a redenção, para que haja ressonância com os filmes de Bresson.
Jeanne Moreau é uma escolha perfeita para o papel de femme fatale, que se transforma num retrato de obsessão que também é visto no filme de Truffaut, "Jules et Jim" - temos a mesma intensidade, uma espontaneidade perigosa, a sexualidade predatória e um sentido persistente de mistério. Ao lado dela, Claude Mann é um complemento ideal, um homem normal, jovem, presa fácil mas que parece saber o que é preciso para salvar Jackie, aparentemente condenada. Os dois actores trazem uma profundidade emocional, e uma poesia, que talvez façam falta no argumento. Poesia a que Michel Legrande acrescenta a música, e Jean Rabier uma bela fotografia a preto e branco. Todos estes ingredientes trabalham perfeitamente juntos, transmitindo estados alternados da euforia ao desânimo. O final do filme é cruelmente abrupto.

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