sexta-feira, 7 de março de 2014

L'Oeil du Malin (L'Oeil du Malin) 1962



André Mercier, um jornalista conhecido como Albin Mercier, é um escritor amargurado e fracassado. Enviado para cobrir um evento na Alemanha, ele conhece Andreas Hartman, outro escritor que, por sua vez, não é um fracassado. Andreas é casado com Hélène, uma bonita francesa. Nercier sente-se atraído por Hélène, e ao aperceber-se da felicidade do casal, decide quebrá-la. Tirando vantagem da ausência de Mercier, numa viagem de negócios, decide seduzi-la, mas as coisas não correm conforme planeado.
"L'Oeil du malin" é o filme de Claude Chabrol onde os temas hitckcockianos são mais facilmente perceptíveis. O personagem central (interpretado por Jacques Charrier) é um psicopata paranoico, com tendências voyeuristas, um Norman Bates em tudo menos no nome. A heroína (Stéphane Audran, uma regular de Chabrol) é uma loira atraente e inatingível, objecto do desejo que inevitavelmente estará no lugar de uma Janet Leigh, e depois temos o outro vértice do triângulo (um excelente Walter Reyer), que é o recorrente "wrong man" dos filmes de Hitchcock, o inocente que leva com as culpas, vítima das circunstâncias. A câmera voyeurista e a adequada montagem constroem o suspense e criam uma aura de sufocar quase tão eficazmente como o próprio Hitchcock.
Apesar deste filme ser fortemente reminiscente dos últimos trabalhos de Hitchcock, Chabrol consegue impôr o seu próprio estilo e personalidade, nomeadamente na sua antipatia pela falsa burguesia, assim como na leve ironia e o humor negro que viriam a caracterizar o seu trabalho futuro. Chabrol leva à premissa familiar um thriller inteligente, e inverte-o para os seus próprios fins. Não é o paraíso destruído por uma incursão do mal que ele nos mostra, mas sim um paraído atolado de maldade que destrói um pobre inocente.
Legendas em inglês.

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