quarta-feira, 1 de junho de 2016

Violência ao Meio Dia (Hakuchû no Tôrima) 1966

Baseado numa história da vida real, Nagisa Oshima analisa o caso do brutal violador Eisuke (Kei Sato), retratando a sua relação com a esposa protectora Matsuko (Akiko Koyama), e a sua última vitima Shino (Saeda Kawagushi). Apesar de viverem num ambiente rural, as cruéis condições de vida que os três personagens principais têm de enfrentar, são retratadas como sendo igualmente abomináveis para as actividades do próprio violador, cujas acções revelam a deterioração amoralidade e corrupção que a sociedade moderna se tem afundado.
Retrato perturbador do pós-guerra do Japão, que deve muito aos filmes de Alain Resnais e Robert Bresson, em termos da sua estrutura não-linear, e o fascínio pela actividade amoral de cidadão "outsider". Agora já bem estabelecido como um dos nomes mais importantes para a Nova Vaga do Cinema Japonês, Nagisa Oshima frequentou a escola de cinema em França, e a sua abordagem fragmentada da narrativa, e as críticas mordazes da sua sociedade nativa na época da ocidentalização eram a antítese do cinema humanista de realizadores como Yasujiro Ozu ou Akira Kurosawa. Vendo o filme tantos anos depois do seu lançamento fica a idéia de que o realizador teve influência em provocadores cinematográficos posteriores, como Nicolas Roeg, Donald Cammell ou Olivier Assayas.
O argumento de Takseshi Tamura, a partir de uma história de  Taijun Takeda, salta para trás no tempo para mostrar como o assassino teceu uma teia sensual em torno das mulheres. Oshima e Akira Takada usam inventivas técnicas com a câmara para reflectir os múltiplos pontos de vista, e o sentimento que as mulheres partilham. Não é dos filmes mais conhecidos do realizador, mas é uma pérola a descobrir.

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