quarta-feira, 1 de junho de 2016

Um Fugitivo do Passado (Kiga kaikyô) 1965

O Detective Yumisaka (Junzaburô Ban) tenta encontrar um bando de criminosos. Três homens roubaram uma família em milhões de yenes, assassinaram-nos, queimaram-lhes a casa, e fugiram, enquanto o fogo se espalhava pela cidade. Enquanto isso, um tufão andava pela redondeza, e vira um ferry que transportava milhares de pessoas. Na confusão, os três homens roubam um barco para a fuga, mas no dia seguinte dois corpos dão à costa, e não estão listados entre os passageiros do ferry. São dois dos suspeitos do roubo/homicídio, e o terceiro homem, Takichi Inukai (Rentarô Mikuni), está em fuga, escondendo-se com a prostituta Yae Sugito (Sachiko Hidari). Quando Inukai vê os jornais da manhã, foge, deixando muito dinheiro para Yae. O dinheiro para ela deixar a prostituição e começar uma vida nova, mas acaba por voltar à casa de partida. Durante dez anos Yae e Yumisaka procuram Inukai, ela para agradecer-lhe, ele para o apanhar.
Esta introdução parece ser muito grande, mas, na realidade, as três horas de filme providenciam muita história, muito maior do que está aqui contado. Abrange muito terreno temático, e conhecemos as duras realidade económicas do Japão do pós-guerra, já que o filme começa em 1947, altura em que o mercado negro está a florescer, muitas comodidades são dadas em pequenas quantidades, e o desespero financeiro. Inukai e os dois homens com quem ele estava são cidadão repatriados, e ficamos com uma noção das dificuldades que eles enfrentam. Quando Inukai conta o seu lado da história, temos de decidir se ficamos do seu lado ou não...e não conseguimos ficar indiferentes. Se acreditarmos nele, temos de ponderar sobre que as decisões que tomamos em face da crise. Este é também um filme sobre a culpa e a expiação, sobre a luta das mulheres nas cidades, sobre o karma espiritual, e sobre as obrigações de não podemos deixar de cumprir.
Realizado por Tomu Uchida, um nome que já vinha do cinema mudo, antigo actor e assistente de Mizoguchi na Mikkatsu. Dirigiu comédias antes de se virar para os dramas sócio políticos, com forte influências de esquerda. Aqui vamos encontrá-lo já em fase final de carreira, numa altura em que já não fazia um filme por ano. Esta seria uma das suas últimas obras, antes de falecer em 1970.

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