terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

A Mulher Que Pecou (The L-Shaped Room) 1962

Jane, uma jovem francesa, grávida e solteira, aluga um quarto numa pensão decadente de Londres, habitada por uma variedade de desajustados. Considera fazer um aborto, mas não está muito contente com esta solução. Começa uma relação com Toby, um jovem escritor que vive no primeiro andar, e começa a dar-se com as pessoas que habitam a casa. Mas ela ainda enfrenta dois problemas: o que fazer com o bébé, e o que fazer com Toby...
"The L-Shaped Room" (1962) marca uma estranha posição na chamada "British New Wave". De certa forma parece um filme desta nova vaga, algures entre a inovação da Woodfall Films e o mainstream da indústria cinematográfica britânica. A franqueza com que trata o sexo, ou o simpático tratamento das mulheres desajustadas - sejam elas mães solteiras, lésbicas ou negras, com o não julgamento dos seus problemas, a fazerem parte do movimento, embora a narrativa e a realização sejam mais convencionais. Bryan Forbes, o realizador, era um nome importante na indústria britânica, como actor foi um dos pilares dos filmes de guerra e suspense da década de 50. Como realizador, com Whistle Down the Wind (1961) e depois com este filme, criou um mais romântico, e mais melancólico tipo de realismo, do que outros compadres seus, como Tony Richardson ou Lindsay Anderson.
O que " L-Shaped Room" transmite melhor é um sentimento de identidade inglesa, carinhoso mas que não evita as críticas. Ter uma heroína francesa acentua este facto, o seu status de outsider no seio da comunidade na pensão significa que estamos mais conscientes dos traços nacionais em exposição através dos personagens. Existe maldade no espírito de Doris, amargura e profunda insegurança em Toby, inveja em Johnny, e uma renúncia a circunstâncias não satisfatórias em Sónia e Mavis. No entanto, também há união, tolerância e espírito de resistência neste grupo de personagens solitárias, até ao aparecimento de Jane, a forasteira,  inicialmente frágil e assustada.
Os britânicos The Smiths abrem o seu álbum de 1986, "The Queen is Dead" com um sample de uma sequência deste filme. Valeu uma nomeação ao Óscar de Melhor Actriz para Leslie Caron.

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1 comentário:

julia disse...

Muito bonito! Amor e solidão andam juntos.