Retrato da cidade natal de Fellini, Rimini, assim como ele a conheceu, nos anos 30. Mostra o quotidiano de diversos personagens da vila durante um ano, entre as travessuras da adolescência, um rigoroso inverno, a passagem de um transatlântico e a ascenção do fascismo.
"Amarcord" é um olhar peculiar de Federico Fellini sobre a sua infância, durante a década de 30. Mas, sendo um filme de Fellini, dificilmente é um olhar directo para o passado. Fellini evita a nostalgia de detalhes autobiográficos e troca-os por elementos cartoonescos e carnavalescos do surreal e do peculiar. É menos sobre um passado específico do que sobre como alguém pode lembrar-se e entender esse passado, filtrado pelas experiências da vida. O tom geral do filme é de humor confuso misturado com uma sátira mordaz da vontade da vida provinciana se vergar ao fascismo.
O argumento, escrito pelo próprio Fellini e Tonino Guerra, com quem o realizador trabalhou várias vezes, está estruturado à volta de eventos individuais, em vez de ligações causa e efeito, que uniriam todos esses eventos numa narrativa coerente. Isso não quer dizer que o filme não tenha forma. Considerando a maior parte da produção do realizador durante a década de 70, até é dos seus filmes mais acessíveis.
Fellini já tinha ganho uma vez em Cannes com "La Dolce Vita". Uma vez que o filme já estava em circulação desde o final de 1973, e assim já estava ilegível para concorrer para qualquer prémio, acabou por ser o escolhido para abrir o festival, fora de competição. Venceria o Óscar de Melhor Filme em língua estrangeira no ano seguinte.
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