"Jeremy Theobald, o protagonista de "Following", pratica um desporto pouco comum: gosta de seguir pessoas na rua, observando as suas deslocações e formas de comportamento. Objectivo: recolher material de inspiração para a escrita do seu primeiro romance...
Quando vemos, agora, "Interstellar", é inevitável associarmos o seu realizador, Christopher Nolan, a modelos grandiosos de produção, ligados aos estúdios de Hollywood. O certo é que ele começou em Inglaterra (nasceu em Londres, em 1970), precisamente com este "Following", um objecto austero e fascinante, rodado a preto e branco, em película de 16 mm — enfim, um caso exemplar de produção independente.
À medida que o protagonista desenvolve a sua insólita actividade, vai-se instalando um crescente mal-estar. E não apenas porque há qualquer coisa de grosseiro no voyeurismo do candidato a escritor. Também porque, a pouco e pouco, ele se vê envolvido num submundo que não controla — "Following" começa como uma espécie de jogo policial para, a pouco e pouco, se transfigurar numa aventura de estranhos assombramentos.
Depois de "Following", Nolan dirigiu "Memento" (2000), título que o projectou decisivamente nos circuitos da crítica internacional e também no espaço da difusão de "arte-e-ensaio". O resto da história, com Batman pelo meio, é bem conhecido — o certo é que, com o passar dos anos, "Following" foi-se transformando num caso sério de popularidade cinéfila e, por fim, num genuíno filme de culto."
* Texto de João Lopes.
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