sábado, 12 de março de 2016

Um Homem Chamado Cavalo (A Man Called Horse) 1970

John Morgan, um aristocrata inglês de modos refinados, faz parte de uma expedição a Dacota em 1821, quando é capturado pela tribo dos "Mãos Amarelas", índios da nação Sioux.É inicialmente escravizado e tratado como um animal de carga pelos guerreiros. Depois é colocado a trabalhar com as mulheres da tribo, nos seus afazeres domésticos. Com o tempo ele aprende a respeitar a cultura nativa, ao mesmo tempo que os seus captores o aceitam como um dos seus.
O final dos anos 60, e início dos anos 70, foi uma era de revisionismo para o cinema de género para o cinema americano, e, por essa altura, nenhum género foi tão reformulado como o grande e mítico western. Filme após filme, todas as convenções e temáticas do western foram examinadas, desmontadas e criticadas. Em filmes como "The Wild Bunch" de Sam Peckinpah, o Velho Oeste era retratado como uma era em que os ideias e eram coisas do passado, enquanto noutros filmes como "Soldier Blue" de Ralph Nelson ou "Little Big Man", de Arthur Penn, a relação paradigmática entre o "bom" (cavalaria dos EUA) e o "mau" (indios) foi revista para melhor reflectir a realidade histórica do genocídio perpetuado pelo governo.
Outro western revisionista desta época foi "A Man Called Horse", um filme que tentava retratar antropologicamente a vida diária de uma tribo de indios Sioux no Dakota, no início do século 19. Refez a narrativa convencional do "filme-captura", concentrando-se não no modo como os raptados vão ser resgatados pela civilização, mas sim em como o prisioneiro se vai adaptar ao modo de vida dos seus captores, ao ponto de escolher estes em relação a voltar para a civilização. Centrando-se na experiência do homem branco com os Sioux, os indíos são mostrados como sendo uma cultura exótica e estranha, porque são julgados em função dos critérios de civilidade do Ocidente.
"A Man Called Horse" oferece-nos uma visão fascinante sobre outra cultura, mesmo que essa visão nos seja mostrada pelos olhos de alguém que vem do lado de fora. Elliot Silverstein, realizador e argumentista, faz-nos um favor ao não usar legendas e não deixando que os índios falem qualquer inglês, a barreira linguística entre Morgan e a sua sociedade adoptiva persiste até ao fim, o que serve como uma metáfora para a triste capacidade entre muitas cultura se comunicarem. O papel de Morgan foi o qual pelo que Richard Harris ficou mais conhecido, levando o filme a ter mais duas sequelas: "O Regresso de um Homem Chamado Cavalo" e "O Triunfo de um Homem Chamado Cavalo".

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1 comentário:

Emanuel Neto disse...

A trilogia do "homem chamado cavalo" tem qualidade e foi rotulada de "extremamente violenta".
Lembro-me de ter visto "O triunfo do homem chamado cavalo" em VHS quando era criança e fiquei surpreendido porque os bons da fita eram os índios e não os cowboys.