quarta-feira, 30 de março de 2016

Partner (Partner) 1968

Giacobbe (Pierre Clémenti) é tentado pela sua existência solitária, no exacto momento em que tenta cometer suicídio, evocando o seu duplo. O sósia de Giacobbe exige um compromisso mais forte com ele, enquanto Giacobbe está mais preocupado com Clara, a filha dos seus colegas por quem ele se apaixonou loucamente. Poderão Giacobbe e o seu alter-ego co-existirem juntos, ou poderá o seu amor por Clara criar uma barreira entre os dois, provocando danos irreparáveis?
Ao longo da década de sessenta Bernardo Bertolucci procurava o seu próprio estilo cinematográfico, ainda em principio de carreira, e alternando entre o Teatro e o Cinema. Estreou-se com " La Commare Secca", um noir neo-realista com argumento do seu mentor, Pier Paolo Pasolini. Seguiu-se "Antes da Revolução", onde claramente se notam influências da Nouvelle Vague, e de Godard, com a política a sexualidade e a psicologia a estarem intrinsecamente ligadas. O seu terceiro filme seria este "Partner", que ainda devia mais a Godard, obviamente derivado dos seus filmes políticos de meados dos anos sessenta, como "La Chinoise", ou "Deux ou trois choses que je sais d'elle". Ostensivamente baseado num conto de Dostoiévski chamado "O Duplo", é na verdade uma boa tentativa de ensaio de filme radical, ao melhor estilo de Godard.
Do ponto de vista do início do século 21, "Partner" poderia ser apenas uma curiosidade na carreira do realizador, não fosse o seu cruzamento com o muito interessante "The Dreamers", de 2003. Ambos os filmes ocorrem no mesmo momento da história, a tumultuosa primavera europeia de 1968, quando os estudantes se revoltaram contra o poder político. Com este cenário comum, a abundante homenagem à Nouvelle Vague, e o tema partilhado da dualidade, quase se poderia dizer que "The Dreamers" seria uma actualização deste "Partner".

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