sexta-feira, 22 de agosto de 2014
Cidade Portuária (Hamnstad) 1948
Berit é uma jovem com problemas, é suicida e depressiva. Como lhe é impossível viver com a mãe, ela passou muitos anos em instituições. Agora ela tem um emprego numa fábrica, com a condições de que possa viver com a mãe de novo. A relação entre as duas continua muito tensa, até que uma noite ela conhece um homem chamado Gösta. Será que ele a poderá ajudar?
Na sua quinta longa-metragem Bergman deixa os limites da cidade, e da vida urbana, e vai para fora, filmando em exteriores, num verdadeiro estaleiro naval. A utilização de um ambiente verdadeiro prepara a acção para um argumento mais realista, e sexualmente mais firme. Se Gösta à primeira vista parece um personagem bidimensional, é apenas porque ele não tem sentimentos. Ele pode lutar por uma mulher, e até mesmo dizer que a ama, mas não até Berit testar os seus níveis de compromisso, que ele também tem de testar a si próprio. A sua explosão emocional é intensa, mas a sua mudança para uma alma sensível é convincente. A certa altura Bergman tem Eklund a olhar directamente para a câmera como se ele estivesse a olhar directamente para o público, em vez da prostituta com quem ele está no quarto, e o efeito é de arrepiar.
"Hamnstad" está um pouco à frente no seu tempo, mostrando directamente que a maioria dos reformatórios são prejudiciais para problemas futuros. Bergman arranca um desempenho notável a Nine-Christine Jönsson. Como Berit ela é perturbada e neurótica, mas também consegue arrancar momentos de ternura. Aqui já temos uma sugestão da afinidade de Bergman para trabalhar com actrizes. Afinidade essa que lhe daria alguns dos seus melhores trabalhos, no futuro.
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