quarta-feira, 27 de março de 2019

No Trilho da Droga (Drugstore Cowboy) 1989

Em Portland, Oregon, no início dos anos 1970, Bob (Matt Dillon) é um viciado que sustenta a sua necesidade por drogas assaltando farmácias e drogarias, levando todos os medicamentos. Supersticioso, decide largar a vida de crimes depois que um dos membros de sua gangue morre.
Apesar de o período em que se passa a história ser o mesmo em que se desenrolava a Guerra do Vietnã, não há qualquer menção ao fato, porque Bob e sua turma estão completamente deslocados da realidade, e, apesar disso, desse não estar nem aí para a realidade. Para Bob, a sua vida de junkie é o que há. Ele não consegue enxergar outra vida além dessa. Não há julgamento moral: Bob é o que é e pronto. Assim, somos testemunhas de seu processo de reabilitação, na tentativa de deixar de ser um desajustado contra um ambiente presumidamente hostil que o cercava. O que interessa a Gus van Sant não é celebrar a vida de maluco, ou fazer a apologia de uma vida normal, caretésima: o que interessa ao diretor é, tão somente, mostrar o indivíduo como senhor de si, aquele que dita as suas próprias regras de existência em um mundo que se mostra mau e egoísta. Um grande achado de Gus van Sant foi colocar William Burroughs, junkie de carteirinha, como um padre, ex-viciado, que mostra a Bob como aprender a lidar com o mundo depois que todo o efeito das drogas passou e o que resta é só a normalidade. 
Drugstore Cowboy, lançado em 1989, serviu como prenúncio de toda uma estética despojada que marcaria o cinema independente da década de 1990 que ora estava às portas, além de aliar uma narrativa -um longo flashback - algo convencional a um certo experimentalismo, mais notadamente nas "viagens" de Bob.
*Texto da autoria do Alexandre Mourão.

Imdb

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