quinta-feira, 22 de abril de 2021

Part-time Work of a Domestic Slave (Gelegenheitsarbeit einer Sklavin) 1973

 Conhecido internacionalmente como "Part-time Work of a Domestic Slave", este file de Alexander Kluge investiga o quanto difícil é entender o complexo funcionamento da política e da sociedade, e fazer a diferença, quando a sociedade e as suas estruturas são projectadas  para devorar tanto tempo e energia das pessoas. O título do filme, em si, implica muito: Roswitha (Alexandra Kluge, irmã do realizador) é a "escrava doméstica" uma dona de casa que divide o seu tempo entre cuidar dos seus três filhos e o marido verbalmente abusivo, e trabalhar para cuidar deles, deixando pouco tempo para pensamentos ou preocupações fora do ambiente familiar. 
O filme está dividido em duas partes: na primeira a protagonista trabalha como parteira clandestina, já que o marido não tem emprego, e é preciso sustentar a família. Na segunda parte, depois do consultório de Roswitha ser encerrado, e o marido ser obrigado a arranjar emprego, ela envolve-se em questões sociais e políticas, tentando aprender mais sobre o mundo fora das suas quatro paredes. O seu tempo parcial muda, assim, ao longo do filme, da necessidade de conseguir as necessidades físicas e materiais para a sua família, para a liberdade e tempo para desenvolver os seus próprios pensamentos e ideias independentemente da família. 
Alexander Kluge, um dos signatários do chamado Manifesto de Oberhausen, onde foram postuladas as bases para o chamado Novo Cinema Alemão, declara aqui as suas preocupações sociais, próximas ao comunismo, e realiza um dos seus filmes mais marcantes. Por vezes perto do documentário, com características formais muito pessoais: câmara nervosa, narração em off, inserção de desenhos, montagem abrupta, uso de legendas, preto e branco, para se ir transformando num filme um pouco pretencioso, denso e cinzento. 
Em Cannes foi exibido na Quinzena dos Realizadores, e tem legendas em inglês.

Imdb   

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