terça-feira, 20 de novembro de 2018

Beau Travail (Beau Travail) 1999

A história de um ex-oficial da Legião Estrangeira, Galoup, a recordar a sua vida outrora gloriosa, liderando tropas no Golfo do Djibouti. A sua existência ali era feliz e rigorosa, mas a chegada de um jovem recruta promissor, Sentain, vai plantar a semente do ciúme na mente de Galoup. Sente-se compelido a impedi-lo de chamar a atenção do comandante que ele admira, mas que o ignora. O ciúme irá levar à destruição dos dois.
Os filmes de Claire Denis são frequentemente descritos como sensuais, até mesmo surrealistas, na sua falta de conformidade com as estruturas narrativas e cognitivas do cinema clássico. "Beau travail" é um exemplo de cinema que converte a narrativa clássica num evento perfomativo, encenando o seu objecto mais querido, a franca sedução do espectador sem o auxílio das personagens como agentes intermediários.
Nas mãos desta realizadora, a história torna-se o equivalente a um sonho forte e colorido, ajudado apenas pela intromissão de ocasional de diálogos e pelo facto do enredo ser a menor das preocupações, com o filme a ganhar peso num sólido núcleo emocional.
Denis Lavant, o habitual protagonista dos filmes de Leos Carax, interpreta um homem magnético que se encaixa nas suas próprias emoções, e a sua paixão é muitas vezes colocada em conflito com a secura dos rituais dos soldados. A escolha de Claire Denis de imagens dramáticas, mas nunca vazias, com uma música de apoio muito forte completam este filme invulgar.
Filme escolhido pelo Flávio Gonçalves.

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