sábado, 7 de julho de 2018

O Emprego (Il Posto) 1961

Domenico (Sandro Panseri) é um jovem, recém-formado, que pretende um trabalho para a vida no sector administrativo de uma grande empresa. Antonieta (Loredana Detto) é uma jovem que pretende entrar no ramo administrativo assim como Domenico. Depois de um longo processo selectivo, invasivo, eles conseguem dois cargos dentro da empresa. No entanto, o cargo do jovem é diferente do que esperava, trabalhando como mensageiro. 
Um dos filmes italianos mais invulgares referente ao período entre final dos anos cinquenta, e inicio dos anos sessenta, da forma como nos oferece múltiplas perspectivas sobre o mesmo evento, o "boom" económico depois da recuperação do pós-guerra. Onde os realizadores franceses da Nouvelle Vague criaram o seu próprio universo único, o cinema italiano parecia uma série de luas a circular em volta de um mesmo planeta.  De todos os realizadores deste período, poucos tinham tanta alma como Olmi, cuja segunda longa-metragem introduziu algo de novo no cinema mundial: uma sensação de intimidade entre realizador e personagens, que superava qualquer coisa no cinema neorealista. Nos anos seguintes, "Il Posto" teria  um efeito profundo em realizadores tão distintos como Wu Nien-jen, Abbas Kiarostami, ou Martin Scorsese (há mais do que uma citação visual a "Il Posto" em "Raging Bull"), admitido pelos próprios realizadores, e se o filme não atingiu o estatudo de culto como "L’Avventura" ou "La Dolce Vita", foi provavelmente por causa da sua intimidade.
Olmi filmava quase sempre pessoas na extremidade inferior da escala económica, pessoas que levavam vidas não espectaculares, e ele tratava sempre dos detalhes dessas vidas de uma forma muito cuidadosa. Olmi identificava-se com Domenico, o jovem herói deste filme, um jovem que pretendia um emprego para assegurar o seu futuro. A narrativa é ajustada ao tumulto interno do jovem, à sua curiosidade a ao seu desejo humano, como dois pedaços de madeira unidos por um carpinteiro experiente.
O filme estreou no Festival de Veneza de 1961, onde não ganhou o grande prémio, mas levou três outros prémios para casa. Não seria de admirar, já que neste ano também concurriam "O Último Ano em Marienbad" de Alain Resnais, "Yojimbo" de Akira Kurosawa, e filmes de Rossellini, De Sica, Wajda, entre outros.

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