sexta-feira, 13 de julho de 2018

A Árvore dos Tamancos (L'albero Degli Zoccoli) 1978

"Nesta recriação elegíaca das vidas dos camponeses da Lombardia, Ermanno Olmi proporciona um antídoto contra a angústia dos seus anteriores retratos da Itália contemporânea. Várias histórias emergem de pormenores do trabalho dos camponeses e da vida comunitária: o namoro e boda de um casal de um casal jovem e modesto; um pai cortando a árvore do proprietário rural para fazer uns sapatos para o filho e ir à escola; um velho adubando tomates com estrume de galinha para eles amadurecerem mais cedo. A iluminação suave, aparentemente quase toda de fontes "naturais" e, acima de tudo, a banda sonora precisa e discreta dá-nos a sensação de assistir a uma realidade quase sem sombra de intermediários. A brevidade dos planos é uma declaração directorial, não nos deixando envolver, por muito tempo, numa actividade ou num ponto de vista e permitindo ao filme expandir-se, placidamente, em múltiplas direcções.
Numa sequência privilegiada, uma mulher reza enquanto caminha, enche uma garrafa de vinho num regato e vemo-la finalmente, em silhueta, à porta de uma igreja. É aqui, talvez (ou na utilização de Bach em diversas alturas do filme), que um espectador desdenhoso poderia acusas Olmi de esteticismo. Mas tal crítica perderia o ponto de vista do realizador sobre o papel positivo da fé religiosa na vida dos camponeses. O seu tratamento discreto deste tema faz de "A Árvore dos Tamancos" o mais tocante e apaixonante filme sobre a religião. 
O efeito de acumulação emotiva de "A Árvore dos Tamancos" está perto de "I Fidanzati", uma obra-prima anterior de Olmi, situada num mundo industrial, alienante e contemporâneo, e demonstra como são inúteis palavras como "humanismo" (muitas vezes invocado como referência ao cineasta) quando se tenta explicá-lo. A combinação de profunda incerteza e fervente idealismo no fim de "I Fidanzati" é extremamente comovedora. Também é assim que ficamos com o fim de "A Árvore dos Tamancos", francamente pessimista, e pode ser isso que, em primeiro lugar, marca o trabalho de Olmi, com a sua dor e urgência."
*Texto de Chris Fujiwara  

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1 comentário:

Beatriz disse...

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