segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Le Soldatesse (Le Soldatesse) 1965

Baseado num livro de  Ugo Pirro, "Le Soldatesse", é um dos melhores filmes sobre a Guerra desde "Paisá"(1945), de Roberto Rossellini, quase vinte anos depois. 
No centro da história está o transporte de uma frota de mulheres, prostitutas, a fim de atenderem soldados italianos em bordéis, durante a Segunda Guerra Mundial. A acção começa em Atenas, e prossegue para norte. A viagem de camião é por terrenos montanhosos traiçoeiros, e todo este calvário evolui como uma metáfora sobre a guerra. Enquanto isso, o transporte em si vê-se envolvido em fogo de artilharia de guerra, matando algumas das mulheres, e partindo a alma aos sobreviventes. 
Portanto, embora num certo nível o filme seja metafórico e simbólico, noutro é naturalista e realista. Pode-se até dizer que estilisticamente seja neorrealista. Mas é mais provável que o filme de Zurlini tenha sido mais inspirado por "General della Rovere" (1959) de Rossellini ou "Le Quattro Giornate di Napoli" (1962), de Nanni Loy, do que por "Roma, Cidade Aberta", ou "Paisá". Era filmado a preto e branco pelo fotógrafo Tonino delli Colli, que tinha fotografado "O Evangelho Segundo São Mateus" (1964), o filme de Pier Paolo Pasolini que mais o liga ao neorealismo italiano. 
O filme de Zurlini também é sobre a interação de três soldados encarregados do transporte, e entre eles e as prostitutas. Há, com efeito, duas personagens principais, uma de cada grupo. O tenente Gaetano Martino (Tomas Millian) é um protagonista, enquanto a personagem feminina é Eftichia (Marie Laforêt), a mais calada e miserável das prostitutas.As interpretações são mesmo a melhor parte do filme. Laforêt tem o melhor papel da sua carreira, como uma prostituta sofredora que carrega as marcas da guerra. Tomas Milian, nascido em Cuba, mas desde cedo a filmar em Itália, era talvez o único actor do cinema italiano que tinha realmente estudado para actor, com formação em Nova Iorque dada por Lee Strasberg. O seu Martino é um óptimo exemplo de uma alma esgotada pela guerra. Mas o filme conta ainda com outras estrelas, como Anna Karina (dos filmes de Godard), Lea Massari e Mario Adorf, todos com grandes prestações.
Nota: em dois momentos do filmes ficamos 2 a 3 minutos sem legendas. Mas isso não nos impede de compreender o desenrolar da história.

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