quinta-feira, 29 de agosto de 2013

A Mão Esquerda de Deus (The Left Hand of God) 1955



"The Left Hand of God" é um drama extremamente peculiar, em parte devido à decisão do argumentista Alfred Hayes em se concentrar quase que exclusivamente em cenas de personagens, apesar do cenário da Revolução Chinesa marginal durante o final dos anos quarenta, e a névoa perceptível da tristeza circundante no seu elenco principal: era o antepenúltimo filme de Humphrey Bogart, e o canto do cisne da carreira de Gene Tierney, antes de travar uma luta com a doença mental que a manteve fora da tela durante sete anos. 
Um homem com vestes sacerdotais, aparentemente o tão esperado Father O'Shea, chega a uma missão católica pouco frequentada, na China de 1947. Embora o homem pareça curiosamente desconfortável com os seus deveres sacerdotais, as suas tácticas duras são muito bem sucedidas nas Sete Aldeias, enquanto à volta deles a China se desintegra numa guerra civil e numa revolução. Mas ele tem um segredo, e a sua amizade com a enfermeira da missão Anne (uma viúva bastante atraente) parece estar a tomar um rumo pouco vulgar...
Uma produção menor do que outros filmes de estúdio "asiáticos" do período - como " Inn of the Sixth Happiness (1958)" do produtor Buddy Adler,  ou Love is a Many-Splendored Thing (1955) - a maioria dos cenários são compactos, levando a suspeitar que o filme nunca foi feito para ser mais do que uma obra de nível médio, num filme interpretado por duas estrelas de Hollywood em decadência: Humphrey Bogart e Gene Tierney. "Left Hand of God" poderia facilmente funcionar como uma peça de teatro, mas Dmytryk e o diretor de fotografia Franz Planer (20.000 Léguas Submarinas) quiseram investir cuidadosamente na organização de planos para manter a intimidade das personagens, apesar do scope largo.
Algumas sequências de flashback quebram com as cenas de interiores, e a viagem de Jim para uma missão protestante nas proximidades também introduz uma nova ameaça - a exposição e a vingança da igreja - mas Jim descarrega toda a tensão ao admitir que ele é um impostor para o reverendo Marvin (personagem do veterano actor Robert Burton). É mais uma volta estranha na adaptação do romance de William Barrett Hayes, mas faz sentido em termos de manter o drama focado em Jim, e mantendo o foco da trama num  eventual confronto entre ele e Yang (Lee J. Cobb).

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