"The Birth of a Nation" foi a interpretação pessoal de D. W. Griffith sobre a era da Reconstrução no sul dos Estados Unidos, que ele adaptou de dois livros, "The Clansman" e "The Leopard Spot", escritos pelo pregador da Carolina do Norte Thomas Dixon Jr., cujo tio era um grande titã no Ku Klux Klan. O filme tem um prefácio que diz o seguinte: "Não temos medo da censura, não queremos ofender com mentiras ou obscenidades, mas nós queremos, como um direito, a liberdade de mostrar o lado negro do errado, para que possamos iluminar o lado bom da virtude, a mesma liberdade concedida à arte da palavra escrita - aquela arte que também devemos a Bíblia e as obras de Shakespeare". Outra mensagem sobre o horror da guerra precede o filme: "Se nesta obra transmitimos à mente as devastações da guerra, a fim de que a guerra seja considerada abominável, este esforço não terá sido em vão." Típico para este período, os principais papéis de negros no filme eram interpretados por brancos com a cara pintada de negro, enquanto os actores negros no filme desempenhavam papéis secundários.
Estudiosos sobre cinema consideram "The Birth of a Nation" um dos mais importantes filmes de todos os tempos, pelas suas inovações cinematográficas, pelos efeitos técnicos e avanços artísticos. Teve um impacto enorme na história do cinema, e no desenvolvimento do filme como arte. Com cerca de 3 horas de duração, era mais longo do que qualquer outro filme até então feito, estabelecendo novas regras para as longas metragens. Comercialmente também foi um dos maiores êxitos da história.
Mas o filme também representava o racismo no seu estado mais puro, o auge de um género que eram os filmes sobre as plantações. A mensagem racista aberta foi declarada claramente numa das legendas para descrever os membros do Ku Klux Klan marchando "em defesa do direito da primogenitura ariana".
Quando o filme estreou protestos ocorreram na maioria das cidades americanas, e nos anos seguintes foi alvo de inúmeros piquetes e processos no tribunal. Na cidade de Nova Iorque os editoriais pediam a criação de um censor local oficial e comentavam sobre a indignação generalizada e o ódio racial que o filme tinha despertado. Em Boston os manifestantes fizeram piquetes e tentaram fazer com que as pessoas assistissem ao filme, e dez dias depois da estreia uma multidão de 3000 pessoas marcharam até à capital do estado para exigir o fim da exibição do filme. Em Chicago, o mayor impediu que o filme fosse exibido até que fosse aprovada uma legislatura estatal que proibisse materiais racialmente inflamados em todos os meios de comunicação. O governador do Ohio proibiu completamente o filme em todo o estado por conselho dos censores, que também foi proibido nas cidades de Denver, Pittsburgh, St. Louis e Minneapolis. Mas a proibição não prejudicou a venda de bilhetes, ainda fez aumentar o interesse pelo filme, que se tornou no primeiro sucesso de bilheteira do cinema mudo.
A controvérsia não acabou com o fim do cinema mudo, batalhas com os censores continuaram de cada vez que ele voltava a ser lançado, em 1924, 1931, 1938, e em muitos locais o filme era banido para evitar que o Ku Klux Klan usasse a exibição para recrutar novos membros.
2 comentários:
Que bom!
Um abraço, Chico!
Que bom ciclo!
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